quinta-feira, 17 de março de 2016

Turquia, a resposta da União Europeia à crise dos refugiados


A crise dos refugiados que tem vindo a assolar o continente europeu nos últimos anos, continua atingindo números históricos de ano para ano, sendo já considerado o maior movimento migratório e a maior crise de cariz humanitária enfrentada desde a Segunda Guerra Mundial, pela europa.
As imagens das tragédias ocorridas nas linhas de costeiras Italianas e Gregas chamaram a atenção de toda a população mundial, e obrigaram a União Europeia a actuar e criar formas de proteger a vida e os próprios países receptores dos refugiados, no entanto as medidas até então tomada não surtiram efeito. Nesta constante tentativa de resolver o problema, alguns países, como a Hungria e a Bulgária procederam ao encerramento das suas fronteiras. A Comissão Europeia viu-se então sobre pressão das condições deploráveis, aos quais os refugiados que enchiam os campos de acolhimento italianos estavam confinados, e sobre a pressão dos próprios Estado Membros que requeriam um acolhimento voluntario e não obrigatório.
Eis que aparece a Turquia, como possível resposta ao problema que até agora assombrava e questionava a verdadeira “união” da União Europeia. Surgem da reunião dos chefes dos Estados Membros com a Turquia no passado dia 7 de Março, propostas de atuação conjunta para resolver a crise migratória, verdadeira dor de cabeça dos dirigentes europeus. O Primeiro-ministro turco Ahmet Davutoğlu propôs: o regresso de todos os migrantes que não precisam de protecção internacional que chegaram à Grécia pela Turquia; a reinstalação de cada migrante sírio, proveniente da Grécia, na Turquia, por outro sírio proveniente da Turquia para um Estado Membro da União Europeia; mais 3 mil milhões de euros para a Turquia para o apoio dos sírios. E a peça chave da negociação turca, a liberalização da entrada dos cidadãos turcos no espaço Schengen, e a agilização do processo de adesão a União Europeia.
As propostas da Turquia pareceram favoráveis a alguns dos líderes europeus, no entanto rapidamente várias ONG’s, como a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch, apresentaram dúvidas quanto à protecção dos direitos humanos e o desrespeito pela legislação internacional. A ONU surge, através de Vincent Cochetel afirmando que “A expulsão colectiva é proibida pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Um acordo que parece estabelecer expulsão directa de estrangeiros para um país terceiro não é compatível com a legislação Europeia nem com a legislação humanitária internacional.” Com o levantar das vozes, alguns ministros europeus, como a ministra austríaca Johanna Mikl-Leitner apresentaram também as suas próprias dúvidas em relação aos benefícios que a Turquia pode estar a receber. Outros falam em questões legais, que respeitem a convenção de Genebra.
O possível acordo, que será apresentado e discutido no próximo Conselho Europeu, veio repor o interesse dos líderes europeus, principalmente por vir acompanhado pela questão da entrada da Turquia na UE, uma das principais desavenças europeias. As propostas turcas são aceites e incentivadas por países como a Alemanha e França, pioneiros numa fase inicial de respostas a pedidos de asilo. Contudo observa-se que países, como Portugal e Espanha, sempre com opiniões favoráveis, não se identificam com este acordo. É o caso de Mariano Rajoy, presidente do governo espanhol, ainda em funções, que esta a ser pressionado pelo congresso e por diversas manifestações de ONG’s em Espanha, para dizer não ao acordo e impedir que levem refugiados mais frágeis para a Turquia e que esta consiga a aceleração dos pedidos de vistos, quando ainda não faz parte e não tem a condições para fazer parte da União Europeia.

De toda esta nova dinâmica, podemos observar as fragilidades europeias em acontecimentos com estas dimensões. E talvez a resposta para o problema da crise migratória europeia, poderia já ter uma solução, não fosse os jogos de poder e a falta de solidariedade e entreajuda que os próprios Estados Membros demonstram. A Turquia apenas soube jogar as cartas certas, no momento certo. Será suficiente?

Karen Ferreira:
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