A
história da Turquia desde há muito que se confunde com a história da União
Europeia, no sentido de que a Turquia participa ativamente nos mecanismos
institucionais da Europa como a NATO (North Atlantic Treaty Organization), o
Conselho da Europa, a OCDE, entre outras.
Foi
no ano de 1987 que a Turquia fez a sua primeira investida numa tentativa de
fazer parte da União Europeia, mas tal pedido recebeu o parecer negativo, sendo
recusado no ano de 1989. Anos mais tarde, em 2005, a União Europeia decidiu que
a Turquia havia cumprido os critérios de Copenhaga e devido a isto as
negociações para a adesão poderiam ser iniciadas. Contudo, as negociações
decorrem há já 11 anos e sem resolução à vista.
Temos
de entender que estas negociações podem ser mais longas do que o previsto, uma
vez que existem problemas quer para a Turquia quer para a União Europeia, ou
seja, quer a Turquia seja aceite ou tenha um parecer negativo, existem
consequências independentemente a decisão por parte da União Europeia.
Se
a Turquia conseguir a adesão à UE vai originar o despontar dentro da própria
União do crescimento de uma oposição interna por parte dos grupos islâmicos, e
por outro lado, um dos grande problemas para a UE é que, apesar de todos os
progressos realizados pela Turquia, esta continua a ter uma série de problemas
por resolver, nomeadamente a nível dos Direitos do Humanos.
Em
contrapartida, a não adesão também pode trazer problemas para ambos os lados. A
Turquia apesar do seu potencial de crescimento económico ainda apresenta
grandes debilidades. Com uma importante taxa de endividamento e a necessidade
de capitais, uma recusa da UE poderia provocar uma crise económica sem
precedentes. Por conseguinte, teria consequências a nível político, visto que a
recusa de adesão iria dar razão às vozes dos radicais que sustentam que não se
pode confiar no ocidente e na União Europeia.
Para
a EU, os problemas de não adesão por parte da Turquia passariam por um aumento
potencial dos movimentos fundamentalistas islâmicos às portas do seu
território, incorrendo assim num aumento no risco de um surto de terrorismo, e
por sua vez, também a nível económico, é considerado um problema grave deixar
de fora da UE um mercado de 70 milhões de consumidores numa economia com uma
taxa de crescimento entre os 5 e 6%.
Isto
leva-nos ao marco mais importante da atualidade global, isto é, o acordo entre
a União Europeia e a Turquia sobre os emigrantes ilegais que chegam à Grécia
provenientes da Turquia. Este acordo fez com que o apoio financeiro dado pela
UE à Turquia duplicasse, e este será um trinfo que mais tarde ou mais cedo a
Turquia vai usar nas negociações para a sua adesão à União. Para não falar de
que, por cada um emigrante ilegal que é reencaminhado para a Turquia, a UE vai
ter de receber um proveniente da Turquia, apesar de este facto não me parecer
ser o problema mais grave.
O
problema mais grave a meu ver é que a UE se tentou desfazer de um problema e
não tentou arranjar uma solução definitiva para o problema, sendo que agora se
levantam outras questões como por exemplo: Quando é que a Turquia vai usar o
trunfo que agora possui? E que consequências trará esse uso? E se no final esta
medida tomada pela União Europeia não se vira contra a mesma?
Fábio Mendes nº 216293
Fontes:
http://observador.pt/2016/03/18/europa-chega-acordo-turquia/
http://carloscoelho.eu/dossiers/view/18/512
http://www.kas.de/wf/doc/15369-1442-5-30.pdf
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