A história está
na base da política externa francesa, a qual rege-se por valores fundamentais, como
a paz e a segurança, o respeito e a defesa dos direitos humanos, a organização
multilateral num mundo multipolar (sem sacrificar a sua soberania e autonomia),
a proteção do ambiente e o fim das desigualdades entre os Estados.
Vejamos algumas estratégias da política externa
francesa. Em relação à paz e segurança
internacional, a luta contra a proliferação nuclear, proteção dos cidadãos e
expansão do CSNU. Quanto à defesa e promoção dos direitos humanos, a França
apoia instituições que promovam os direitos humanos, como por exemplo o
Conselho dos Direitos Humanos, opera exteriormente para salvaguardar o direito
à vida, liberdade e segurança, como para proteger e prevenir crimes contra a
humanidade. Relativamente à regulamentação internacional, apoia as empresas
francesas no estrangeiro. A nível europeu, pretende simplificar as instituições
e o funcionamento da UE através da harmonização das regulamentações, ir mais longe
na integração dos membros, providenciar esclarecimentos sobre a União e dar
flexibilidade aos Estados que queiram avançar mais rapidamente e criar cooperações
mais estreitas entre os membros.
A França
conta com o apoio de uma organização que administra a ajuda francesa no
exterior - a Agência Francesa de Desenvolvimento, sendo os principais objetivos
o desenvolvimento de infraestruturas, o acesso a assistência médica e educação,
a implementação de políticas económicas e a consolidação da democracia. Sendo o
único país a exercer a sua soberania sobre vários territórios a sua presença
geopolítica é importante a nível global, sendo que conta com o auxílio de uma
rede enorme de embaixadas e consulados.
A
nível de organizações, a França é membro da ONU e um dos membros permanentes
do Conselho de Segurança. É membro do G8, da OMC, do Secretariado da Comunidade do Pacífico e da Comissão
do Oceano Índico. Além de ser membro fundador da NATO, é membro da Associação dos Estados das
Caraíbas e da Organização Internacional da Francofonia.
O desejo de
contrariar o poder alemão e de contrabalançar a influência inglesa e americana estão
na base do estabelecimento das alianças, as quais caracterizam-se pelo facto de a França aliar-se a países vizinhos ou que se
encontrem no lado oposto do inimigo – alliance de revers. Algumas dessas
alianças foram a aliança franco-americana (contra a Grã-Bretanha) e a
aliança franco-russa (contra a Alemanha).
Tendo tudo isto em mente vejamos algumas
concretizações da política externa francesa. Após a II Guerra Mundial, Charles
de Gaulle tentou obter um assento no Conselho de Segurança da
ONU e distanciar-se da hegemonia americana. Robert
Schuman propôs que se colocasse a produção
franco-alemã de carvão e do aço sob a alçada de uma Alta Autoridade comum
(CECA), cujo objetivo era reforçar a solidariedade franco-alemã, afastar a
guerra e abrir caminho para a integração europeia. Surgiu
a discussão da CED, sendo que esta nunca
foi ratificada devido à posição gaulista. De
Gaulle reivindicou a reorganização das relações externas, reequilibrando assim as
relações francesas, inglesas e norte-americanas acerca da gestão das crises
internacionais e nucleares. Outra orientação da política externa foi a política
pró-árabe francesa, a qual começou com a Guerra dos Seis Dias aquando a França
era um dos apoiantes de Israel.
François Mitterrand interveio na operação no Chade
contra as tropas de Gaddaf e apoiou os EUA na guerra do Kuwait, recuperando as boas
relações com Washington. Jacques Chirac reabilitou a vontade política (posição
firme contra a Sérvia) e desenvolveu políticas quanto ao ambiente, fornecimento
de medicamentos, luta contra a desigualdade e diversificação cultural. Da mesma
forma que apoiou os EUA na Operação Enduring Freedom marcou diferença quanto à
Operação Raposa do Deserto. O resultado foi uma das piores crises entre os dois
países desde a década de 60 - rutura de contatos.
Nicolas Sarkozy defendeu a rutura da política externa francesa.
Iniciou a reforma do capitalismo global, reforçou o contingente no Afeganistão
mais fracamente do que o desejado pelos EUA e recusou a entrada da Turquia na
UE. Nota-se
a reaproximação da França aos EUA, sendo que François Hollande é o principal
interlocutor europeu com Washington.
Mais
recentemente, face à crise económica a França desenvolveu uma política
externa assente no apoio das empresas em mercados estrangeiros, atração de
investimentos estrangeiros e adaptação do quadro de regulamentação europeia e
internacional. Destaque-se o reforço das relações económicas com a Rússia,
México, Japão e a China e a missão de promover contatos entre as regiões e as
empresas francesas por parte dos embaixadores. Perante os atentados terroristas,
a França e a Alemanha formaram uma aliança contra o Estado Islâmico.
Acrescente-se a extensão do período do Estado-de-emergência, a alteração da
Constituição Francesa, a qual permitia a França proteger qualquer cidadão e o
aumento dos ataques contra o Estado Islâmico. Por fim, quanto à crise dos
refugiados, a França e Alemanha apresentaram uma imposição de quotas para o
acolhimento de refugiados e uma série de medidas sobre a organização do acolhimento
de refugiados, a justa repartição pelos países europeus e a harmonização das
normas para reforçar o sistema de asilo europeu.
Sara Correia, Nº 216287
Fontes:
http://politique-du-possible.org/?p=771
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