segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Argentina: A Desejada Viragem ao Exterior

A República da Argentina é o segundo maior país da América do Sul, constituindo uma federação, composta por 23 províncias e uma cidade autónoma: Buenos Aires. Adopta constitucionalmente a forma de uma democracia representativa. Faz fronteira a norte com o Brasil. A sua economia é a terceira maior da América Latina, podendo proporcionar uma alta qualidade de vida aos cidadãos, tendo em conta um PIB per capita elevado.
A sua integração na organização intergovernamental Mercosul (Mercado Comum do Sul), uma união aduaneira, na qual há livre comércio e uma política comercial comum entre todos os estados-membros - Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela - constitui uma das principais relações externas do país. Também a Unasul - União de Nações Sul Americanas- organização intergovernamental que resulta da conjugação das duas uniões aduaneiras existentes na América do Sul – Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN), representa uma condição das relações externas da Argentina. Assim, a Argentina tem como principal parceiro político e económico o Brasil.
O país é considerado um mercado emergente pelo  “Global Equity Index” e é uma das economias do G20. A indústria é o maior sector na economia do país (19% do PIB). No entanto, o país entrou num período de austeridade fiscal em 2012, devido a um processo de desaceleração no crescimento, na sequência da crise económica mundial.
Em termos de política externa das últimas décadas, pode-se afirmar que, perante as potencialidades do país, a Argentina tem-se caracterizado por uma política exterior incoerente, descontínua, ambígua e contraditória. Dados que justificam este comportamento terão sido o seu isolamento e neutralidade durante a 2ª Guerra; a defesa última do Ocidente frente ao comunismo; a Guerra das Malvinas; o “melhor aluno do FMI e do Banco Mundial” (Governo Menem, na década de 90); a consequente condição de vítima das imposições económicas destas instituições e a permanente atitude de confronto do presidente Nestor Kirchner (2003-2006).
A situação anterior ao início do governo deste político citado era de profunda crise económica e de falta de cumprimento dos compromissos financeiros internacionais, perante a comunidade internacional. Durante o seu governo, N.K. impulsionou a economia e equacionou o problema da dívida externa tendo conseguido recuperar a autoridade perdida. Contudo, na política externa, a sua personalidade e comportamento grotesco, para alcançar objectivos de curto prazo, prejudicaram o país. Apesar do seu sucesso com a troca dos títulos da dívida externa, não conseguiu regularizar as relações do país com o resto do mundo. O presidente Kirchner pareceu considerar a política externa como um empecilho e utilizou o conflito como instrumento dessa mesma política. A sua regular falta de sensibilidade e de habilidade diplomática colocou-o em situações de constrangimento tais como não receber governantes estrangeiros. Claro que essas situações ferem a imagem do país afastando-o da prática de uma política externa de longo prazo, séria, regular, de baixo perfil e que dispusesse do apoio da sociedade civil. Mercosul.
Sucedeu a Nestor Kirchen como presidente a sua esposa Cristina de Kirchner, com um mandato presidencial que durou de 2007 a 2015. Embora esta muito fizesse em termos de politica interna, não deu o rumo que o país necessitava em termos de Politica Externa. Em Novembro de 2015 Mauricio Macri foi eleito presidente da Argentina. Líder de uma frente de centro-direita opositora ao governo anterior, tem pela frente um mandato de 4 anos.
Os observadores são unânimes em afirmar que Macri irá protagonizar uma “reviravolta” na política externa Argentina, e esperam avanços no estreitamento das relações com o Brasil. Após uma reunião com Dilma Rousseff, Macri afirmou que “se o Brasil estiver bem, a Argentina está melhor, e vice-versa”.
Actualmente, no contexto da crise e da recessão económica global, acresce a importância de se manterem relações que impulsionem as relações económicas e comerciais, de forma a incentivar o crescimento económico da Argentina. Um dos objectivos actuais dos políticos argentinos passa pela sua aproximação dos país da América do Sul, com o fortalecimento das relações bilaterais, nomeadamente com o Brasil, na vertente económica e comercial, mas também um esforço de aproximação da União Europeia, Estados Unidos da América e Japão, por estes actores internacionais constituírem fortes potências a nível mundial.

Nos últimos dias recebeu já o primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi, e o presidente da França, François Hollande. Em Março aguarda a visita do presidente americano Barack Obama. A ida destes líderes a Buenos Aires e a reaproximação com outros países, levam os especialistas em relações internacionais a interpretar que a Argentina está a seguir um novo rumo na sua política externa - com novas perspectivas de diálogos com o Brasil e nos acordos comerciais envolvendo o Mercosul. Tudo indica que a Argentina está a sair do isolamento com Macri, retornando assim ao cenário internacional. Veremos.


Fontes:


Mariana Dinis




Sem comentários:

Enviar um comentário