A Turquia localiza-se na
fronteira Este da Europa, separando o velho continente do médio oriente, tornando
o país num ponto estratégico geograficamente. Este facto acaba por ter
influência na política externa da Turquia, nomeadamente em termos militares e
económicos.
A política externa turca está a entregue ao ministro dos
Negócios Estrangeiros, que neste momento é Mevlut Çavusoglu, e no âmbito das
relações com a União Europeia (UE), a cargo do ministro dos Assuntos da UE, cargo
actualmente ocupado por Volkan Boskir. O pedido de adesão que se arrasta há
vários anos (convém frisar que em 2005 foram iniciadas as negociações formais
para a adesão plena e desde então o processo tem decorrido com alguns entraves
colocados por ministros de outros países da União) leva a que este ministro
seja responsável também por essas negociações de adesão. É certo que no
entender dos turcos, a adesão à UE se apresenta como um passo fundamental para
a consolidação da economia turca, para o crescimento do país e para vincarem
uma posição no mundo global.
Em termos diplomáticos e de proximidade com os cidadãos,
a Turquia aposta numa representação alargada no mundo inteiro, com destaque
para a Europa. Países como a Alemanha possuem uma rede mais alargada dada a
vasta comunidade de cidadãos turcos presentes no país.
É importante referir que num mundo cada vez mais
globalizado, e onde predomina a interdependência entre as nações, a Turquia
acompanha essa evolução atribuindo um papel à política externa cada vez maior. Para
ajudar nesta conclusão, podemos observar no orçamento de 2014 que a soma do
investimento em dois ministérios importantes para a política externa turca, o
ministério dos Negócios Estrangeiros e o dos Assuntos da União, totalizam um
investimento nesse ano de aproximadamente 2 355 000 milhões de liras.
Comparando assim com o orçamento de 2015 para os mesmos dois ministérios, a
soma fixa-se aproximadamente em 3 151 000 milhões. Nota-se portanto um
crescimento do investimento e da aposta na política externa, sendo quase certo
que em 2016 o crescimento do investimento deverá ser ainda maior. Apesar deste
crescimento estes valores ainda não representam uma fatia muito significativa
do orçamento, se nos limitarmos apenas a estes ministérios. Como é evidente se
tivermos em conta os valores do ministério da Defesa que também assume parte
importante na política externa, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento
das missões previstas nos acordos com a NATO, então o investimento já é uma grande
parte do orçamento.
A Turquia mostra-se como um país ligado com o mundo e com
os que o rodeiam. Prova disso é o facto de pertencer a uma série de
organizações situando os seus interesses em todos os pontos cardeias do mapa.
Sendo a fronteira oriental da NATO, tem particular interesse para as potências
ocidentais, acabando por estar equipada com material militar de primeira
categoria. Nesse sentido é membro da Organização para a Segurança e Cooperação
na Europa (OSCE) e do Conselho da Europa. É também membro da Organização da
Conferência Islâmica (OCI), Organização de Cooperação Económica do Mar Negro
(OCEMN) e ainda da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE).
Historicamente a Turquia teve tensões com alguns países
como é o caso da Grécia e da Rússia. Mais recentemente, o clima entre a Turquia
e a Rússia aqueceu um pouco devido ao caça F-24 russo que foi abatido pelo
exército turco quando este atravessava o espaço aéreo da Turquia sem
autorização. Gerou-se em volta do acontecimento uma certa polémica, o que
deixou os membros da NATO em aparente sobressalto dado que a Turquia é membro
da organização e estes seriam obrigados a prestar auxilio caso houvesse um
conflito com os russos, o que não seria de todo apelativo dado o poderio militar
que poderia gerar uma guerra à escala mundial.
A política externa turca tem-se centrado nos últimos
tempos no conflito sírio, onde o problema que acaba por ocupar a agenda
internacional, já provocou uma crise de refugiados que está a assolar a europa.
O território da Turquia tem sido o primeiro abrigo dos refugiados após a fuga
da Síria e do Iraque e tem sofrido inclusivamente atentados por parte do
autoproclamado Estado Islâmico.
Baseando-se em Mustafa Kemal Atatürk fundador da
República da Turquia, o país assume o seu lema “Paz em casa, paz no Mundo” na
política externa, baseando aí toda a sua actuação. Torna-se cada vez mais
evidente que esta estratégia externa tem como objectivo manter boas relações
com os seus vizinhos, e ao longo do tempo a Turquia foi capaz de o fazer.
Podemos considerar este país como uma ponte entre o Ocidente e o Oriente, capaz
de primar pela diplomacia e pela moderação na defesa da democracia e da paz.
Vejo na Turquia um actor político em ascensão, que
necessitará de prudência na actuação na arena internacional, e que do ponto de
vista dos interesses económicos e sociais e de missão de paz que a UE tem, será
por ventura muito importante contar com este país a bordo dessa missão. É do
interesse dos turcos e é do interesse dos Estados-Membros.
A Turquia tem uma vista privilegiada para a separação
entre as grandes religiões, para a divisão das grandes áreas comerciais, mas sobretudo
para a divisão de dois grandes mundos: Ocidente e Oriente.
João Cunha
Fontes:
Sítio do Ministério dos Negócios Estrangeiros - http://www.mfa.gov.tr/synopsis-of-the-turkish-foreign-policy.en.mfa;
Sítio do Ministério dos Assuntos da UE - http://www.ab.gov.tr/?l=2;
Sítio do Ministério das Finanças -https://portal.muhasebat.gov.tr/mgmportal/faces/khbDetail?birimDizini=General+Budget+Institutions&_afrLoop=3829461676607800&_afrWindowMode=0&_adf.ctrl-state=mnp574mhk_29;
Mustafa Kemal
Atatürk - http://www.mfa.gov.tr/turkish-foreign-policy-during-ataturks-era.en.mfa
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