Assumimos como facto, que as
decisões que são tomadas no campo da política externa, influenciam intimamente
toda a política interna de um Estado ou de outro qualquer ator, assim como,
vice-versa. A questão dos conflitos já duradouros, que se têm travado entre a
União Europeia e o Reino Unido, e que apesar de se ter chegado a
"acordo", só a 23 de junho do presente ano é que os Britânicos
poderão por o ponto final, é uma das provas mais recentes e indubitáveis, de
como a política interna e externa, de um ator, e neste caso, do Estado, estão
quase que umbilicalmente interligadas. Ou seja, as ações (ou não ações) que são
feitas numa destas políticas, traduzem-se em automáticas consequências (quer
estas sejam positivas ou negativas) na outra política.
Desde cedo, que o Reino Unido, pela
sua história, pelo seu imperialismo económico, por ser enfrentado enquanto uma
das grandes potências mundiais, foi revelando o seu valor enquanto importante
aliado estratégico. Talvez por isso, assumiu sempre uma posição firme,
relativamente a este projeto, denominado agora, de União Europeia. Assumiu-se
constantemente enquanto "awkward partner" no meio dos atuais 28
Estados-Membros, afincando o pé, relativamente à salvaguarda da sua soberania,
ficando por isso de fora, de acordos tão relevantes e que distinguiam a União
Europeia de qualquer outro projeto, como é o caso da introdução da política da
moeda única (o euro), ou da livre circulação de pessoas dentro dos países
signatários, sem a necessidade de mostrar passaporte nas fronteiras, denominado
de Espaço Schengen. Contudo, apesar de todas os confrontos que opõem o Reino
Unido à UE, foi a mais recente crise dos refugiados, que acento-ou esta
clivagem entre ambos os atores, levando o Reino-Unido a por um ponto final nas
crescentes e sucessivas imposições feitas pela UE, e que aos olhos de muitos
Britânicos destroem aquilo que é a sua identidade e interfere com a soberania
do Estado, a segurança e bem-estar dos cidadãos.
Apesar dos acordos feitos entre
David Cameron, o primeiro-ministro britânico, e os líderes dos restantes 27
Estados-Membros, que garantem ao Reino Unido um estatuto especial em matérias
mais conflituosas, a decisão acerca da saída ou permanência do Reino Unido enquanto
Estado-Membro da UE, está nas mãos dos Britânicos, que o irão decidir do dia 23
de junho do presente ano, como já foi acima referido. No entanto, inúmeras
questões se levantam agora. Questões essas que vão influenciar diretamente a
decisão da saída ou permanência. Essas questões
prendem-se fundamentalmente com o "E depois?". Inúmeras
especulações se fazem, de como a saída ou permanência podem afetar o dia-a-dia
do Reino Unido nos mais diversos campos, como por exemplo: desporto e cultura,
as pesquisas cientificas, consumidores e turismo, o nível de educação, a
agricultura, a segurança e defesa, as questões ambientais, toda a esfera
económico-financeira (questões como o PIB, ou o comércio), o choque político,
as relações com a Europa, e a imagem/credibilidade para o restante mundo. A
realidade é que todas estas questões são fundamentais de se avaliar, para se
fazer uma escolha com consciência, evitando o máximo
possível de repercussões negativas, neste que vai ser um
referendo histórico, na história da UE.
Contudo, desengane-se quem pensa que
caso o "Brexit" se concretize, que as consequências irão apenas
recair sobre o Reino Unido. Sendo este, a quinta maior potência mundial, e uma
das maiores, senão a maior da Europa, claramente que a sua saída da União
Europeia, irá afetar quer o funcionamento e imagem da União Europeia, quer as
políticas internas de cada Estado-Membro. A sua saída, tal como já veio o
ministro das finanças Alemão, Wolfgang
Schaeuble, afirmar publicamente, irá "envenenar" não só a
economia do Reino-Unido, como, as economias dos restantes 27 estados
signatários da UE. Os longos anos que irão demorar
as difíceis negociações para a efetiva saída do Reino Unido, vai
criar um clima de grande instabilidade política e económica que irá,
consequentemente, afetar negativamente não só o Reino Unido em si, como os
restantes membros, pondo até em risco, as instituições europeias, que durante
anos trabalharam para assegurar a convergência de interesses e objetivos
comuns, tendo como pedra basilar, a cooperação entre Estados, que tornava este
"projeto de paz" único.
A saída do
Reino Unido, irá abalar cada segmento da vida comunitária da União Europeia,
obrigando esta a repensar-se, caso o "Brexit" seja a escolha
final.
A pergunta que fica no ar será
"O que saíra mais afetado?". A política externa do Reino Unido ou as
políticas internas dos Estados-Membros da UE?
O certo é que em tempo de referendo
é a incerteza paira no ar, quer antes, quer depois.
Ana Carolina Mendes, nº216299
Fontes:
http://rr.sapo.pt/noticia/47159/o_que_acontecera_se_o_reino_unido_sair_da_uniao_europeia - consultado
a 12 de março de 2016
http://www.economist.com/blogs/economist-explains/2015/04/economist-explains-29 - consultado
a 12 de março de 2016
http://www.theguardian.com/politics/2015/may/14/brexit-what-would-happen-if-britain-left-eu-european-union-referendum-uk - consultado
a 12 de março de 2016
http://sputniknews.com/europe/20160306/1035868220/brexit-eu-germany-economies.html - consultado
a 12 de março de 2016
http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/11968813/Three-reasons-why-Britain-needs-Brexit.html - consultado
a 12 de março de 2016
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