terça-feira, 1 de março de 2016

Autonomamente ambiciosa - Índia

Detentora de uma das maiores economias, bem como Democracia do mundo, a Índia possui um papel preponderante a nível externo. Desde a sua independência, pouco longínqua, sempre se quis afirmar através de metas ambiciosas, como a entrada no movimento de não aliados, aquando da guerra fria.
De facto, o terceiro maior país do mundo adquire relevância se pensarmos segundo esta máxima: “ autonomamente ambiciosa”, a qual é facilmente explicável, tendo em conta a aquisição de independência tão tardiamente e por isso, pretender proteger a sua autonomia, patente em todos os países, mas reforçado neste pelo referido. Porém, devido à sua ambição conquistou assento garantido em diversas organizações, as quais possuem bastante peso internacional, como por exemplo, no G20, BRICS e IBAS. A avidez referida é mais uma vez reforçada pela sua ânsia em conquistar um lugar permanente na Organização das Nações Unidas. A nível jurídico, a constituição plasma o norteamento do modus operandi internacionalmente, expresso num artigo e nas alíneas associadas ao mesmo, da Constituição, nas quais se encontram como premissas, a promoção de paz e segurança internacionais, manutenção de relações justas e honradas entre as nações, bem como o incentivo do respeito pelo Direito Internacional.
A política externa pode ser estudada com várias “opções de medida”, ou seja, ao nível das organizações, em que já compreendemos o poder da Índia, de acordo com os assentos conquistados nestas, bem como nas relações estabelecidas com os “grandes”, como EUA e Rússia, porém também devemos ter em conta as relações tidas com os “vizinhos” que partilham fronteiras com o país em análise, como o Paquistão, China, Butão e Nepal. No que respeita à Rússia, as relações são predominantemente a nível energético, visto que a Índia é dos maiores consumidores de petróleo, sendo este um dos seus maiores fornecedores, bem como no setor militar. Porém, foi com os EUA que a Índia fez um pacto nuclear. Apesar do referido, denota-se uma proximidade com Afeganistão, França, Butão, Russia, EUA.
Nota-se uma clara distinção da década de 90 para a atualidade, a qual está a ser marcada pela abertura ao exterior, no que respeita à diplomacia predominantemente económica, comprovado pelo aumento do comércio internacional.  A nível “social”, a Índia preocupa-se em conter a ameaça terrorista, através da disseminação dos direitos humanos, acusando os países ocidentais de os manusearem de um modo erróneo que os coloca à mercê de situações dispensáveis e mesmo nefastas. Essa preocupação advém da pressão que os países em seu redor sofrem pela permanência de conflitos étnicos-religiosos, económicos e sociais, conduzindo a um esfriamento das relações entre estes. Militarmente, mantem relações com os EUA, Reino Unido, Itália e Japão, tendo, portanto, investido, por conseguinte, nesta área.
A política externa é uma extensão da política interna, daí que a primeira seja árdua de consecução, porque se encontra dependente dos interesses, objetivos e ambições dos restantes atores, mas também das elações que retiram, sejam organizações ou atores individuais, como estados, bem como da credibilidade conquistada pelo líder ao exterior. Por isso, encontramo-nos numa altura interessante para a Índia, devido à mudança de Primeiro-Ministro e do Parlamento, o qual foi “apoderado” pelo BJP (Partido a que pertence Modi), cujas últimas eleições determinaram uma perda significativa de lugares do partido do congresso para o partido vencedor.  
De momento, a maior Democracia do mundo sustenta-se externamente pelo multilateralismo, através da objetivação de consenso nas organizações a que pertence nas diversas temáticas, mas também pela realpolitik que garante a segurança militar tão ambicionada por este. Posto isto, a Índia é orientada em três perspetivas, fortalecimento económico e tecnológico; o desenvolvimento da sua capacidade defensiva adequada com auxílio da ciência e da tecnologia modernas, bem como o desenvolvimento de parcerias nas esferas económicas e tecnológicas para ampliar as alternativas políticas e as opções de desenvolvimento. De facto, a maior Democracia do mundo atua de um modo dinâmico, consequência do seu poder, mas também localização, que proporciona um entrelaçado de várias “ásias”, meriodional, sudoeste e central, no seu território.
A Índia tornou-se uma das peças fundamentais neste “tabuleiro de xadrez” que são as relações internacionais.

Beatriz Rodrigues Charneco

Fontes: 
http://politicaexterna.com.br/1014/china-e-india-protagonistas-de-um-mundo-em-transformacao/
http://veja.abril.com.br/noticia/mundo/a-politica-externa-da-india-depois-das-eleicoes

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