A
crise dos refugiados tem sido e continuará a ser uma das maiores crises deste
século. A resposta da União Europeia e dos seus Estados-Membros a esta crise
tem-nos envergonhado a todos, a todos aqueles que nutrem de algum sentimento
pela humanidade.
Um
dos Estados-Membros da U.E que tem desapontado nesta crise dos refugiados é a
Dinamarca. Sendo a Dinamarca um dos países mais desenvolvidos do mundo não se
percebe tal posição em relação aos refugiados.
A
Dinamarca ao longo de 200 anos foi um país neutral em relação a várias guerras,
só adoptando uma posição pró-ocidental e pró-Estados Unidos no final da Segunda
Guerra Mundial. A Dinamarca é um membro fundador da N.A.T.O, membro da O.N.U e
Estado-Membro da U.E. Toda a sua política externa é pró-ocidental e
pró-europeia mas sempre com algumas reservas. Ao nível da U.E a Dinamarca é um
Estado-Membro como todos os outros, mas tal como o Reino Unido não se quis
meter na trapalhada da moeda única porque perderia muitas soberania, coisa que
não queria, e para isso teve um excepção especial tal como o Reino Unido. É um
país pró-europeu e pró-ocidente mas sempre com algumas reservas porque
consideram a sua independência e soberania um dos maiores bens nacionais e que
isso só lhes trás vantagens.
Sendo
a Dinamarca um país pró-ocidente, que respeita o direito internacional e os
direitos do homem é uma surpresa ver a lei de confisco aos refugiados ser
aprovada no seu Parlamento com larga maioria. Esta lei de asilo prevê, entre
outras coisas, o confisco de valores aos refugiados a partir de 10 mil coroas
(1340 euros), desde que não sejam bens essenciais ou objectos sentimentais,
como as alianças por exemplo. Esta lei prevê igualmente a perda de direitos
sociais por parte dos refugiados, a dificultação da obtenção de autorização de
residência e de reunificação familiar, isto é, dificulta que se um membro da
família for para lá, o resto da família tem grandes dificuldades em ir também,
divide as famílias.
Esta
lei viola claramente várias leis e normas internacionais e é duma
insensibilidade gritante para um país tao desenvolvido como a Dinamarca. A
aprovação desta lei só se pode explicar à luz do falhanço europeu na resolução
desta crise. A U.E tem uma postura assassina nesta crise, não consegue resolver
esta crise, o que leva os estados a tomarem decisões destas para se protegerem.
O falhanço europeu leva países, como a Dinamarca, a violarem regras, leis e
normais internacionais e a culpa é toda da U.E.
A
política externa dinamarquesa é pró-ocidental e pró-europeia, e isso não se
alterará, mas a imagem do país fica muito afectada e isso é só mais uma prova
do falhanço que a União Europeia é hoje no seu todo.
Em
suma, a Dinamarca está-se só a proteger do falhanço europeu na resolução desta
crise, não se esperando uma mudança na política externa dinamarquesa num futuro
próximo, apesar do crescimento de partidos mais à direita e mais nacionalistas
neste país.
Alexandre Neto
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