terça-feira, 1 de março de 2016

Dinamarca: desenvolvida mas não para os refugiados

A crise dos refugiados tem sido e continuará a ser uma das maiores crises deste século. A resposta da União Europeia e dos seus Estados-Membros a esta crise tem-nos envergonhado a todos, a todos aqueles que nutrem de algum sentimento pela humanidade.
Um dos Estados-Membros da U.E que tem desapontado nesta crise dos refugiados é a Dinamarca. Sendo a Dinamarca um dos países mais desenvolvidos do mundo não se percebe tal posição em relação aos refugiados.
A Dinamarca ao longo de 200 anos foi um país neutral em relação a várias guerras, só adoptando uma posição pró-ocidental e pró-Estados Unidos no final da Segunda Guerra Mundial. A Dinamarca é um membro fundador da N.A.T.O, membro da O.N.U e Estado-Membro da U.E. Toda a sua política externa é pró-ocidental e pró-europeia mas sempre com algumas reservas. Ao nível da U.E a Dinamarca é um Estado-Membro como todos os outros, mas tal como o Reino Unido não se quis meter na trapalhada da moeda única porque perderia muitas soberania, coisa que não queria, e para isso teve um excepção especial tal como o Reino Unido. É um país pró-europeu e pró-ocidente mas sempre com algumas reservas porque consideram a sua independência e soberania um dos maiores bens nacionais e que isso só lhes trás vantagens.
Sendo a Dinamarca um país pró-ocidente, que respeita o direito internacional e os direitos do homem é uma surpresa ver a lei de confisco aos refugiados ser aprovada no seu Parlamento com larga maioria. Esta lei de asilo prevê, entre outras coisas, o confisco de valores aos refugiados a partir de 10 mil coroas (1340 euros), desde que não sejam bens essenciais ou objectos sentimentais, como as alianças por exemplo. Esta lei prevê igualmente a perda de direitos sociais por parte dos refugiados, a dificultação da obtenção de autorização de residência e de reunificação familiar, isto é, dificulta que se um membro da família for para lá, o resto da família tem grandes dificuldades em ir também, divide as famílias.
Esta lei viola claramente várias leis e normas internacionais e é duma insensibilidade gritante para um país tao desenvolvido como a Dinamarca. A aprovação desta lei só se pode explicar à luz do falhanço europeu na resolução desta crise. A U.E tem uma postura assassina nesta crise, não consegue resolver esta crise, o que leva os estados a tomarem decisões destas para se protegerem. O falhanço europeu leva países, como a Dinamarca, a violarem regras, leis e normais internacionais e a culpa é toda da U.E.
A política externa dinamarquesa é pró-ocidental e pró-europeia, e isso não se alterará, mas a imagem do país fica muito afectada e isso é só mais uma prova do falhanço que a União Europeia é hoje no seu todo.

Em suma, a Dinamarca está-se só a proteger do falhanço europeu na resolução desta crise, não se esperando uma mudança na política externa dinamarquesa num futuro próximo, apesar do crescimento de partidos mais à direita e mais nacionalistas neste país.

Alexandre Neto 

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