É
um marco notável a mudança de atitude do Japão como ator internacional
pacifista, uma referência que perdura há 69 anos, após a formulação em 1947 do
seu texto constitucional no qual explicita o “uso da força ou à sua ameaça na
resolução dos conflitos entre nações".
Em
2014, o governo japonês de Shinzo Abe decidiu efetuar uma
"reinterpretação" da sua constituição pacifista, para permitir que as
forças de autodefesa japonesas consigam efetuar e participar em missões fora do
arquipélago, de modo a ajudar ou proteger os seus aliados. Esta medida foi
claramente apoiada pelos EUA que visam proteger os seus interesses e, como
consequência, deter mais influência internacional através do uso das suas soft
skills, pois o Japão atualmente possui uma política externa e económica que
favorece as suas trocas comerciais com os americanos, sobrepondo-se aos países
territorialmente próximos.
Apesar
de Shinzo Abe referir que o Japão não entrará numa guerra para defender um país
estrangeiro, é certo que possuí o sexto maior exército do mundo, constituído
através de vários programas de rearmamento efetuados e que recentemente enviou
um batalhão de apoio aos EUA no Afeganistão (missão de paz), a sua intervenção
militar ativa ainda carecia de pedido de 2 terços do parlamento e aprovada em
referendo.
Tudo
mudou, quando este ano o parlamento nipónico aprovou na sua câmara baixa o
envio de militares para o exterior, algo que não acontecia desde a segunda
guerra mundial, apesar de constantes manifestações de desagrado com esta
postura " mais agressiva. O governo Japonês refere que esta medida é
essencial para o seu país enfrentar os novos desafios mundiais, como uma China
mais imponente internacionalmente.
Este
último ponto é deveras o mais importante. Esta mudança de posição política do
Japão irá agitar o clima geoestratégico daquele território, onde é visível a
ambição de conter a potência vizinha (China) que tem vindo a aumentar o seu
poder marítimo em águas tradicionalmente nipónicas. Também se observa um
objetivo muito claro com esta mudança, o reforço com o seu parceiro
geoestratégico, principalmente com os EUA, os quais partilham tradicionalmente
o "controlo" ardiloso do Pacífico. Esta aliança é tanto indispensável
para estes atores políticos como difícil, pois os japoneses não querem perder o
seu aliado se acontecer uma guerra sino-japonesa, onde se o seu país não se
tornar indispensável poderá perder o precioso apoio americano, ficando sozinho
ao lado de potenciais “perigos” a nível económico e militar, como a China ou as
Coreias.
Roberto Vieira
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