segunda-feira, 21 de março de 2016

Um acontecimento histórico: A Reaproximação Oficial

Se olharmos para a política externa como uma política de relações, decisões e se olharmos igualmente para os seus instrumentos, nomeadamente a diplomacia, entendemos que a política externa não é mais do que uma política definida internamente sobre o posicionamento que os países querem ter no mundo externo, isto é, na vida pública globalizada. A política externa dos actores tem uma forte influência na forma como os outros actores os percepcionam, sendo preponderante no âmbito das relações que os actores transmitam uma imagem de prestígio, de estatuto e de segurança.
Neste sentido, analisando a mais recente novidade em termos de política externa e de política de relacionamento entre actores, podemos de facto confirmar o impacto na política externa dos actores na vida internacional.
O mais recente acontecimento confirmou a reaproximação dos Estados Unidos da América com Cuba. Passadas décadas de momentos conturbados entre estes dois países, e passados noventa anos, pela primeira vez um presidente americano fez uma visita oficial a Cuba, no dia 20 de Março do presente ano.
A anterior relação existente entre os dois países baseava-se no conflito, desde a revolução cubana. Marcada por conflitos como a instalação de misseis russos em Cuba, como resposta à instalação dos misseis americanos na Turquia, no contexto da Guerra Fria e também a Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, de 1959 que implantou um sistema socialista em Cuba, liderado pelo Partido Comunista, a relação entre os EUA e Cuba foi sempre bastante conturbada.
No período que antecedeu o processo revolucionário Cuba vivia fortemente influenciado pelos Estados Unidos, económica e politicamente. Estava implementado em Cuba o sistema capitalista, graças à influência dos EUA, resultando numa época de fortes desigualdades sociais, facto que causou grande insatisfação e revolta nas camadas mais desfavorecidas da sociedade cubana. Após a revolução, Fidel Castro alterou o sistema que conduzia a política cubana com a nacionalização da banca, com a reforma agrária, a expropriação de grandes propriedades e reformas nos sistemas de educação e saúde.
Duram até aos nossos dias estes ideais em Cuba. Na sua campanha para as presidenciais em 2008, Barack Obama prometeu ao povo americano, que se fosse eleito iria lutar por uma reaproximação com Cuba. Em 2010 o presidente americano Barack Obama realizou uma série de alterações na política migratória norte-americana no que dizia respeito à sua relação com Cuba, com o objectivo de tornar mais flexível a relação diplomática com a ilha. Sob o esforço do Presidente Barack Obama, em 2013 reuniram-se representantes dos Estados Unidos e de Cuba, com o objectivo de restabelecer o correio postal directo entre os dois países, que tinha sido suspenso em 1963. Nesta mesma reunião voltou a discutir-se o tema das migrações. Em 2014 os EUA e Cuba tornaram público o objectivo da reaproximação diplomática, muito no âmbito da libertação de um preso americano em Cuba, e de dois presos cubanos nos Estados Unidos. Este momento marcou, de facto, uma nova fase entre os dois países. Esta aproximação entre os dois países foi e é apoiada pela maioria dos americanos.
E foi neste sentido que, no passado domingo, Raúl Castro recebeu Barack Obama numa visita oficial. O significado desta visita em termos históricos, políticos, e nomeadamente em termos de política externa é imenso e relevante, marcando a abertura diplomática entre estes países.
Dada esta reaproximação e o restabelecimento das relações diplomáticas, pelo presidente Barack Obama, não deixa de ser curiosa a seguinte afirmação do revolucionário Fidel Castro: “The United States will come to talk to us when they have a black president and the world has a latin american pope” (Fidel Castro, 1973).

Mariana Dinis

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