terça-feira, 1 de março de 2016

Um Futuro Incerto

Desde que se tornou um estado independente, numa altura que coincide com o desmembramento da URSS, a Arménia tem optado por uma política externa de diversificação das suas relações diplomáticas, privilegiando as relações com a Rússia e o Médio Oriente.
A zona do Sul do Cáucaso tem sido palco de grandes conflitos sociais e de agitação política, sendo que no caso da Arménia verificaram-se já duas, o grande genocídio Arménio de 1915- 1923, protagonizado pelos Turcos do antigo Império Otomano e o conflito de Nagorno- Karabakh que ocorreu em finais da década de 1980 e consistiu num conflito entre este país e o Azerbaijão pela disputa de uma parcela de território que estava integrado no antigo Império Russo e em que 95 por cento da população é de origem arménia, conflito este que ainda não foi resolvido e tem provocado inúmeros massacres e limpezas étnicas. Todos estes conflitos tiveram impacto no corte de relações diplomáticas com estes países no sentido em que condicionaram o quadro de ameaças percebidas por parte do estado Arménio, o que tem ditado uma certa continuidade nas prioridades definidas na sua Política Externa, que passam essencialmente por garantir a segurança da sua população e a preservação da sua soberania.
Estas orientações decorrem dos constrangimentos provocados pelo posicionamento geográfico que ocupa e pela sua situação histórica, uma vez que o facto de a Arménia ser um país de pequena dimensão condiciona toda a sua capacidade de influência nas relações internacionais e fortalece a necessidade de estabelecimento de alianças com algumas potências, como a Rússia, no sentido de promover a sua segurança interna.
Daí se pode inferir que ultimamente tem-se verificado uma oscilação nas aproximações estratégicas deste país, tendo esta ocorrido essencialmente entre uma possível adesão à União Europeia, ou por outro lado, uma aliança militar com a Rússia. Neste momento existem sinais que indicam que o país pode estar a sofrer uma viragem para Leste, porque apesar do país estar incluído na coligação mundial que tem como objectivo o combate ao ISIS, tendo mesmo sido aumentado o orçamento da defesa nos últimos anos, existe uma percepção generalizada de que uma aproximação à Rússia pode ser uma condição necessária para a protecção militar contra a ameaça Turca, num quadro de instabilidade das relações entre esses países.
Assim, o sistema político semipresidencial presente neste país, configura um quadro de conflitos institucionais internos, entre presidentes pró- europeístas e primeiros-ministros eurocépticos, que parecem bloquear no futuro qualquer possibilidade de adesão à UE.



Tomás Simão

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