Desde
que se tornou um estado independente, numa altura que coincide com o
desmembramento da URSS, a Arménia tem optado por uma política externa de
diversificação das suas relações diplomáticas, privilegiando as relações com a
Rússia e o Médio Oriente.
A
zona do Sul do Cáucaso tem sido palco de grandes conflitos sociais e de
agitação política, sendo que no caso da Arménia verificaram-se já duas, o
grande genocídio Arménio de 1915- 1923, protagonizado pelos Turcos do antigo
Império Otomano e o conflito de Nagorno- Karabakh que ocorreu em finais da
década de 1980 e consistiu num conflito entre este país e o Azerbaijão pela
disputa de uma parcela de território que estava integrado no antigo Império
Russo e em que 95 por cento da população é de origem arménia, conflito este que
ainda não foi resolvido e tem provocado inúmeros massacres e limpezas étnicas.
Todos estes conflitos tiveram impacto no corte de relações diplomáticas com
estes países no sentido em que condicionaram o quadro de ameaças percebidas por
parte do estado Arménio, o que tem ditado uma certa continuidade nas
prioridades definidas na sua Política Externa, que passam essencialmente por
garantir a segurança da sua população e a preservação da sua soberania.
Estas
orientações decorrem dos constrangimentos provocados pelo posicionamento
geográfico que ocupa e pela sua situação histórica, uma vez que o facto de a
Arménia ser um país de pequena dimensão condiciona toda a sua capacidade de
influência nas relações internacionais e fortalece a necessidade de
estabelecimento de alianças com algumas potências, como a Rússia, no sentido de
promover a sua segurança interna.
Daí
se pode inferir que ultimamente tem-se verificado uma oscilação nas
aproximações estratégicas deste país, tendo esta ocorrido essencialmente entre
uma possível adesão à União Europeia, ou por outro lado, uma aliança militar
com a Rússia. Neste momento existem sinais que indicam que o país pode estar a
sofrer uma viragem para Leste, porque apesar do país estar incluído na
coligação mundial que tem como objectivo o combate ao ISIS, tendo mesmo sido
aumentado o orçamento da defesa nos últimos anos, existe uma percepção
generalizada de que uma aproximação à Rússia pode ser uma condição necessária
para a protecção militar contra a ameaça Turca, num quadro de instabilidade das
relações entre esses países.
Assim,
o sistema político semipresidencial presente neste país, configura um quadro de
conflitos institucionais internos, entre presidentes pró- europeístas e
primeiros-ministros eurocépticos, que parecem bloquear no futuro qualquer possibilidade
de adesão à UE.
Tomás Simão
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