Volvidos
no passado mês de fevereiro 4 anos após a revolução na Líbia muitos se
perguntam se terá valido a pena, se realmente terá sido o melhor para a Líbia
perante as inseguranças de um tempo novo. Os novos tempos mostram uma Líbia
mergulhada em indefinições e insegurança com o país entregue a milícias,
islamitas, nacionalistas árabes e outros grupos e organizações o que levou a
que a dois anos atrás tenha havido a necessidade de Egito e Emirados Árabes
Unidos intervirem militarmente na região.
Poderá
se argumentar que se trata de "apenas" mais um passo no processo
revolucionário que muitas outras nações terão vivenciando, embora em circunstâncias
muito diferente, incluíndo países europeus nas suas demandas Mas
inevitavelmente muitos líbios mostram-se arrependidos não só pelo desfecho que
sofreu o seu ex-líder Muammar Kadafi, mas também pela revolução em si.
O
fato de Kadafi não ter enfrentado um julgamento foi uma oportunidade perdida
para unir os líbios em torno de um objetivo que tinha tudo para levar à paz e a
reconciliação numa sociedade completamente feita em cacos.
O
possível julgamento de Kadafi aliado a um país com grandes recursos naturais
que embora levassem a uma má distribuição da riqueza, era de certa forma bem
explorada pelo executivo.
Apesar
de ter desaparecido da actualidade nacional a Líbia enfrentou em 2014 o que
muitos já apelidam de "A segunda guerra Civil Líbia" pelo controle de
partes de território entre o governo reconhecido Internacionalmente e as forças
islâmicas, nacionalistas e milícias que recusam aceitar vários resultados
eleitorais o que levou a intensos combates. Em Janeiro de 2015 foi acordado um cessar-fogo
que culminou na existência de dois governos um em Trípoli e Misrata de Abdullah
al Thani's que também é reconhecido pela comunidade Internacional e o de
Benghazi contestada por radicais islâmicos.
Estas
guerras como se pode imaginar produziu danos consideráveis como baixa atividade
empresarial, quedas nas receitas do petróleo na ordem dos 90%, mais de 4000
pessoas perderam a vida e estima-se que 3/4 da população fugiu para a Tunísia
assumindo estatuto de refugiado.
Durante
o ano passado as Nações Unidas têm agendado vários encontros entre os líderes
rivais na Líbia a fim de negociarem a paz terminarem com as pequenas milícias
que ainda dividem o país. Em junho do mesmo ano depois de ameaças de que a
Líbia estava prestes a ficar sem dinheiro tornando-se um estado funcional,
levou a uma última proposta de unificação por parte das Nações Unidas apelando
ao povo líbio que a aprovasse, sendo em outubro criado um potencial governo com
membros de ambos os lados.
No
final de 2015 agendadas reuniões entre ambas as partes em terreno neutro foram
surgindo os primeiros problemas quando os líderes a recusarem aparecer
questionando a legitimidade da solução alcançada pela comunidade Internacional
pedindo assim mais tempo à comunidade Internacional para uma unificação mais
genuína.
A
16 de Dezembro foi assinado um acordo de paz entre as partes que ainda assim
questionando no interior das facções.
O
processo revolucionário na Líbia demonstra-se demoroso e doloroso para a
população que cética questiona o caminho tomado pela primavera árabe. A
reunificação e pacificação das partes urge para um país totalmente destronado
por uma revolução que se esperava refrescante.
Muitos
se questionam o que levou à esta situação, mas curiosamente todo este processo
tem algumas parecenças com a descolonização onde sem apoios internacionais e
sem bases, costumes e instituições democráticas os países caíram nas mãos da
lei do mais forte o que levou a esta ditadura, em particular, de Kadafi por
mais de 42 anos.
Aires Sebastião
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