A sempre (in)constante Venezuela, onde uma
chávena de leite equivale em preço a 200 barris de gasolina, está neste momento
em severa crise energética e económica. O El Nino e a grande queda do preço do
barril de petróleo encontram-se entres as grandes explicações do governo para
justificar a acentuada crise e o corte de eletricidade durante várias horas,
porém a sua população não concorda com o mesmo, onde manifestações públicas e
recolhas de assinaturas para impugnar o mandato de Nicolás Maduro, não se revendo
com as opções políticas tomadas pelo mesmo.
A verdade é que o País está afundado numa
enorme escassez de produtos e bens alimentares básicos em paralelo com uma
inflação galopante que poderá chegar a 720% refere o FMI.
É, nos dias de hoje, absurdo considerar
que este aumento de inflação e precariedade de vida da população venezuelana
seja atribuído apenas à descida do preço de petróleo. As políticas económicas
de Caracas que favoreceram uma descida drástica do bolívar, onde consequentemente
o banco Central da Venezuela, vendo-se sem dinheiro, foi obrigado a imprimir
mais moeda, perdendo 94% do seu valor só em 2014.
Após anos a esconder a crise económica os consensos da oposição já foram
realizados, onde os mesmos referem que só com uma alteração de governo é
possível realizar as reformas sociais tão necessárias. Onde terá de ocorrer o
fim de políticas marcadas pelo desinvestimento, crescimento exponencial e
descontrolado da administração pública e onde a maioria dos produtos e bens
essenciais são importados, que aliados à galopante inflação, faz com que a
maioria das famílias não possua rendimentos para ativar a economia.
Um
topografo português declara que “Os salários não conseguiram acompanhar a
subida vertiginosa dos preços, diminuindo assim o poder de compra das famílias.
“Se antes te habituaste arroz e lagosta, agora nem sequer tens dinheiro para
comer tremoços”.
Com um nível crescente de revolta na
população, Maduro joga as últimas cartas que possuí, aumentando as pensões e o
salário mínimo ou seja 12º aumento desde que subiu ao poder e onde se pode
observar mais medidas de controlo energético, para fazer face ao extremo calor
e extrema seca que o país atravessa, como a alteração da semana laboral para
apenas dois dias da semana.
A situação está insustentada e, onde a
nível politico, Maduro retira poderes ao parlamente para impedir derrubo, onde
a revolta da população encontra-se a poucos passos. Uma guerra Civil poderá se
aproximar.
Roberto Vieira
Fonte:
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-04-27-Funcionarios-publicos-da-Venezuela-vao-trabalhar-so-dois-dias-por-semana
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-04-28-Racionamento-de-eletricidade-gera-protestos-na-Venezuela
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