domingo, 1 de maio de 2016

Nicolás (pouco) Maduro

Com Hugo Chávez a estratégia da política bolivariana estava a resultar, a pobreza estava a diminuir e estava a conseguir desacelerar os indicadores negativos através de um uso mais correcto dos recursos económicos vindos do petróleo. Mesmo assim, na altura da sua morte a situação estava longe de ser positiva, e desde que Nicolás Maduro assumiu o cargo de Presidente, o declínio tem sido mais que evidente.
Numa análise à Venezuela, não podemos dissociar os factores políticos dos económicos, porque estes estão interligados e influenciam-se mutuamente. O sistema de governo centraliza bastante os poderes na figura do Presidente, e a fraca qualidade política do actual ocupante do cargo não dá garantias de estabilidade política e de um futuro certo. Antes das eleições Nicolás Maduro afirmou que permaneceria no poder mesmo que perdesse as eleições, tirando credibilidade à democracia venezuelana. As constantes ameaças que faz aos opositores, sendo que muitos já estão na cadeia, para que não constituam oposição e façam frente nas eleições, mostram bem a tentativa de congestionamento político à democracia que existe no país.
Fechados em si próprios, e com os seus fracos e pouco ambiciosos objectivos, a Venezuela não se apresenta hoje como um país credível na comunidade internacional. Além de factores políticos, num sistema claramente manipulado pelo Governo, existem factores económicos como o fenómeno da hiperinflação e a escassez de bens essenciais (dado que importa a maior parte dos bens, não é um país produtor) fazem da Venezuela um flop na democracia e na economia global.
Nicolás Maduro para fazer frente às dificuldades, decretou cortes no abastecimento da electricidade durante algumas horas por dia, sendo que os funcionários públicos trabalham apenas dois dias por semana e deixando ainda as empresas sem produzir durante as horas do corte, tornando qualquer negócio pouco sustentável. As políticas económicas e sociais que Nicolás Maduro toma acabam por ser ineficazes e descontextualizadas. Na tentativa de condicionar a atuação do parlamento, o Presidente da Venezuela ordenou à empresa estatal de fornecimento de electricidade para que fosse interrompido esse mesmo fornecimento ao parlamento, em resposta às supostas tentativas de os deputados sabotarem a liderança do mesmo.
O líder da oposição, que está em maioria no parlamento desde as últimas eleições, foi agredido por elementos apoiantes de Maduro, sendo que demonstra bem o estado crítico a que as coisas estão a chegar. Começa a surgir na população o receio de uma guerra civil, tal é a contestação feita ao Presidente.
Após tantos erros cometidos por este Governo, após tanta contestação e revolta e clara que está a falta de condições de fornecimento de bens essenciais, resta lançar a pergunta se não está na hora da comunidade internacional fazer pressão para que estas questões sejam resolvidas, e para que sejam repostas as condições normais ao funcionamento da democracia. Tantas vezes se ouve dizer que está na hora, agora parece que está na hora de Maduro ir embora.

João Cunha

Fontes:
http://observador.pt/2016/04/29/empresa-eletrica-estatal-corta-luz-ao-parlamento-venezuelano/
http://www.rtp.pt/noticias/mundo/lider-da-oposicao-da-venezuela-agredido-por-apoiantes-de-maduro_v915183
http://www.jn.pt/mundo/interior/populacao-teme-uma-guerra-civil-na-venezuela-5148209.html


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