Com
Hugo Chávez a estratégia da política bolivariana estava a resultar, a pobreza
estava a diminuir e estava a conseguir desacelerar os indicadores negativos
através de um uso mais correcto dos recursos económicos vindos do petróleo.
Mesmo assim, na altura da sua morte a situação estava longe de ser positiva, e
desde que Nicolás Maduro assumiu o cargo de Presidente, o declínio tem sido
mais que evidente.
Numa
análise à Venezuela, não podemos dissociar os factores políticos dos
económicos, porque estes estão interligados e influenciam-se mutuamente. O
sistema de governo centraliza bastante os poderes na figura do Presidente, e a
fraca qualidade política do actual ocupante do cargo não dá garantias de
estabilidade política e de um futuro certo. Antes das eleições Nicolás Maduro
afirmou que permaneceria no poder mesmo que perdesse as eleições, tirando
credibilidade à democracia venezuelana. As constantes ameaças que faz aos
opositores, sendo que muitos já estão na cadeia, para que não constituam
oposição e façam frente nas eleições, mostram bem a tentativa de
congestionamento político à democracia que existe no país.
Fechados
em si próprios, e com os seus fracos e pouco ambiciosos objectivos, a Venezuela
não se apresenta hoje como um país credível na comunidade internacional. Além
de factores políticos, num sistema claramente manipulado pelo Governo, existem
factores económicos como o fenómeno da hiperinflação e a escassez de bens
essenciais (dado que importa a maior parte dos bens, não é um país produtor)
fazem da Venezuela um flop na democracia
e na economia global.
Nicolás
Maduro para fazer frente às dificuldades, decretou cortes no abastecimento da
electricidade durante algumas horas por dia, sendo que os funcionários públicos
trabalham apenas dois dias por semana e deixando ainda as empresas sem produzir
durante as horas do corte, tornando qualquer negócio pouco sustentável. As
políticas económicas e sociais que Nicolás Maduro toma acabam por ser
ineficazes e descontextualizadas. Na tentativa de condicionar a atuação do
parlamento, o Presidente da Venezuela ordenou à empresa estatal de fornecimento
de electricidade para que fosse interrompido esse mesmo fornecimento ao
parlamento, em resposta às supostas tentativas de os deputados sabotarem a
liderança do mesmo.
O
líder da oposição, que está em maioria no parlamento desde as últimas eleições,
foi agredido por elementos apoiantes de Maduro, sendo que demonstra bem o
estado crítico a que as coisas estão a chegar. Começa a surgir na população o
receio de uma guerra civil, tal é a contestação feita ao Presidente.
Após
tantos erros cometidos por este Governo, após tanta contestação e revolta e
clara que está a falta de condições de fornecimento de bens essenciais, resta
lançar a pergunta se não está na hora da comunidade internacional fazer pressão
para que estas questões sejam resolvidas, e para que sejam repostas as condições
normais ao funcionamento da democracia. Tantas vezes se ouve dizer que está na
hora, agora parece que está na hora de Maduro ir embora.
João
Cunha
Fontes:
http://observador.pt/2016/04/29/empresa-eletrica-estatal-corta-luz-ao-parlamento-venezuelano/
http://www.rtp.pt/noticias/mundo/lider-da-oposicao-da-venezuela-agredido-por-apoiantes-de-maduro_v915183
http://www.jn.pt/mundo/interior/populacao-teme-uma-guerra-civil-na-venezuela-5148209.html
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