domingo, 1 de maio de 2016

No rasto dos mais inocentes

Após milhões de guerras e conflitos que se têm vindo a perpetuar ao longo da história, por entre alterações climatéricas que propiciam a deslocação dos povos para ambientes mais profícuos, que ao longo dos séculos se tem assistido às grandes massas migratórias que caracterizam o mundo e em específico o continente Europeu.
Esta a que assistimos, decorrente da guerra destruidora de crenças individuais e imbuída de interesses dos grandes senhores do poder, é classificada por muitos como a maior desde a II Guerra Mundial. Neste sentido, por entre notícias que espelham o desespero destas populações inocentes de chegar a território onde possam viver, prosperar e ver os filhos crescer no sentido de um futuro melhor, existem algumas famílias que se separam e que, havendo casos felizes, por muitas vezes não se reencontram.
É sabido que, a situação com os refugiados tem sido de difícil consenso e resolução, e as tentativas de política discutidas e encetadas pela União Europeia não têm sido as melhores. O medo reina, de ponta a ponta. Contudo, mais do que ter em conta o nosso medo, do que os media nos dizem culturalmente atroz quando comparado, é de ter em conta o medo que também estes sentem ao enfrentar o desconhecido.
Neste momento, por entre os muitos que chegam, conta-se que sensivelmente 10 mil crianças tenham desaparecido. As autoridades e a Europol, entidades que procedem ao registo dos migrantes, bem como de crianças que por alguma razão tenham vindo desacompanhadas, perderam o rasto de alguns milhares. Neste último ano calcula-se que 27% dos que chegam são crianças, sendo que destas 270 mil, 26 mil chegam sem família.
Nisto a pergunta que imediatamente nos emerge na cabeça é, se existe registo, como é que se perdem crianças que já por si chegam desacompanhadas? Não existe ninguém encarregue do seu cuidado? Parece-me que, embora a intenção no registo seja boa, a verdade é que não existe real interesse em assegurar as condições mínimas para que se produza o bem-estar mínimo necessário para estes inocentes, fugidos da guerra.
Para piorar o já trágico cenário, segundo a Europol, neste último ano e meio têm-se desenvolvido, na Europa, grandes e sofisticadas redes de tráfico humano para exploração sexual e/ou trabalhos forçados, capturando, para as suster, tanto adultos como menores, sendo sabido que a captura de menores é, sem dúvida mais facilitada pela sua maior vulnerabilidade e inocência. Nisto as autoridades competentes têm conseguido desmantelar algumas, todavia, o flagelo persiste. A Alemanha e a Hungria como destino a alcançar e como ponto de passagem, respectivamente, são identificadas como as sedes destas redes de exercício aterrador. O Mediterrâneo é fértil nas travessias que sabemos que são feitas, e estima-se ainda que em países como a Itália tenham desaparecido já cerca de 5 mil e na Suécia mais mil não se define em paradeiro algum.
Esta é uma situação, a meu ver, apavorante, hedionda. O mais grave é que está a acontecer mesmo por baixo do nosso nariz. Persistir nestas políticas mal construídas e que demonstram provas dadas de falta de organização pela União Europeia que se verifica incapaz de solucionar o problema além de nem sequer conseguir efectivamente ajudar a não provocar mais nenhum, vigilando com eficiência o que ocorre dentro das suas próprias fronteiras, as barreiras europeias, protetoras dos povos que nela habitam, é alarmante.

Ana Carolina Mendes, nº216299

Fontes:
http://www.dn.pt/mundo/interior/mais-de-10-mil-criancas-migrantes-desaparecidas-na-europa-5008016.html

https://www.publico.pt/mundo/noticia/em-dois-anos-desapareceram-dez-mil-criancas-a-procura-de-asilo-na-europa-1721941

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