domingo, 1 de maio de 2016

Morrer: Sim, Não, Talvez

Portugal viu a temática da Eutanásia invadir a sua agenda política. A eutanásia é ilegal, porém será esta por tempo determinado, devido ao começo do seu debate na arena política?
De facto, os argumentos são ambíguos, por um lado, aqueles que se referem ao livre-arbítrio humano, que nos concede o poder de decisão nesta matéria, caso e somente no caso, o Homem se encontrar em estado irrecuperável e, por conseguinte, sem dignidade humana. Por outro lado, os defensores da vida, que, consequentemente, rejeitam a morte por influência humana, também sustentados em princípios divinos. Porém, de que forma é interpretada esta questão e em que estado se encontra nos outros países?

Primeiramente, é crucial a distinção de eutanásia e “suicídio assistido”, sendo o primeiro executado por uma terceira pessoa, através de injeções ou comprimidos, enquanto o segundo deriva da ação do visado, graças à obtenção de medicamentos para tal. Com base nesta clarificação, a capacidade de compreensão do estado em que se encontram as nações, em relação à temática, é superior.
         Na Europa têm lugar discrepantes políticas em relação à temática. A Holanda foi o primeiro país no mundo a legalizar a eutanásia em 2002, sob estreitas condições, doença incurável e posse de “dores insuportáveis”, sem perspetiva de melhora. A Suíça, nesta linha de pensamento, é também reconhecida pela permissão legal concedida nesta matéria, mas, por sediar uma das empresas europeias mais mediáticas a quem pretende proceder à eutanásia, a dignitas. No que respeita à Bélgica seguiu o exemplo dos Países Baixos, visto que foi o segundo país a legalizar a prática. Luxemburgo partilha de leis similares às da Bélgica. Por seu turno, os EUA são permissivos, no que respeita ao suicídio assistido, sendo legal em Washington, Oregon, Vermont, New Mexico e Montana, enquanto a eutanásia é ilegal em todos os estados.
          Brittany Maynard, aparentemente mais uma mulher no mundo, porém esta teve a infelicidade de entrar pelos nossos ecrãs, aquando da divulgação da sua história. Jovem, feliz, saudável, até ao dia em que descobriu que a sua vida duraria apenas mais seis meses, devido a uma doença grave que lhe fora diagnosticada, invertendo o que até então lhe caracterizava, para uma juventude acabada, uma felicidade rasgada e uma saudabilidade invertida na mais profunda das enfermidades. Contudo, negou a condição que lhe seria destinada e agarrou a possibilidade concedida, a eutanásia ou, no seu caso, o suicídio assistido, através da mudança de estado, para Oregon. De facto, a sua história comoveu populações e deixou-as alertadas para esta temática, a qual tem consequências políticas. Daí que Portugal, com base nesta e outras histórias que, de uma maneira ou outra, e independentemente da nacionalidade, tocaram a população, tenha colocado este tema na sua agenda política. Porém, face aos exemplos expostos anteriormente, que não cobrem a totalidade dos países que legalizaram, Portugal, cuja cultura política é bastante conservadora, em comparação aos referidos anteriormente, será árduo o consentimento.
       Um tema que não garante unanimidade de pensamento e, consequentemente, de política, impedindo assim que Portugal siga exemplos, visto que estes são escassos no mundo e especialmente na Europa, os seus principais parceiros.


 Beatriz Rodrigues


 Fontes:

https://euthhttp://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2014/11/saiba-onde-a-eutanasia-e-permitida-e-como-o-tema-e-tratado-no-brasil-4634762.htmlanatos1etica.wordpress.com/eutanasia/paises-permitidos/, 1 de maio de 2016

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150911_suicidio_assistido_rb, 1 de maio de 2016

http://www.therichest.com/rich-list/most-influential/10-countries-where-euthanasia-and-assisted-suicide-are-legal/?view=all, 1 de maio de 2016


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