Angola alcançou a soberania do seu país através da proclamação da independência no dia 11 de Novembro do ano de 1975, aquando da liderança do Presidente António Agostinho Neto, líder do Movimento Popular da Libertação de Angola (MPLA), fundado no dia 10 de Dezembro do ano de 1956, tendo sido uma colónia portuguesa durante o período de 1942-1975. Nem sempre foi fácil a afirmação no contexto internacional do MPLA, cujo grande propósito sempre foi a conquista da independência angolana.
No entanto, não era só o MPLA que procurava a conquista da independência deste país africano. Existia, para além do MPLA, mais dois “movimentos de libertação” que competiam pelo poder político: a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), sendo todos eles apoiados por diferentes países, “O MPLA, de Agostinho Neto, tinha o apoio militar e financeiro da URSS; a UNITA, de Jonas Savimbi, contava com a África do Sul, e os EUA e o Zaire apoiavam a FNLA de Holden Roberto”. (Diário de Notícias: 2014)
Na fase transitória para a independência angolana, tanto os EUA como a União Soviética ambicionavam a conquista de regiões predominantes, através de coligações tanto com “regimes segregacionistas ou com organizações políticas militares cujos líderes, obcecados pelo poder, procuravam atingi-lo a qualquer custo” o que fez com que Angola se tornasse num “campo de batalha da Guerra Fria”. (Joveta:7)
A tão desejada independência de Angola, uma vez conquistada sob o comando de Agostinho Neto, contou com a profunda e preciosa ajuda das tropas cubanas e pôs finalmente termo a uma profunda disputa entre os três “movimentos de libertação”. A independência de Angola representou um grande feito político-económico não só a nível interno, como também externo.
Ao ser encarada como um Estado, Angola passou a ter uma preocupação acrescida no que diz respeito à preparação da sua política externa de modo a conseguir estabelecer relações com outros Estados. “Essa política externa não é senão a continuação da sua política interna, visando consolidar a ordem social existente no próprio Estado através da fixação de suas disposições na ordem jurídica internacional e defender, na arena internacional, os interesses do Estado angolano. Do ponto de vista político, o Estado de Angola empreendeu uma luta pela afirmação da sua independência e igualdade de direitos com os outros Estados, segurança e paz, coexistência pacífica e cooperação mutuamente vantajosa na base da igualdade e respeito mútuo, e defesa dos direitos humanos. Do ponto de vista económico, a política externa de Angola persegue o estabelecimento de relações económicas internacionais mais justas, livres do protecionismo” (Joveta: 5-6)
O período da guerra fria propiciou-se a partir do momento em que foi proclamada a independência do país Angolano e apenas teve fim no ano de 1992, aquando da concretização das primeiras eleições multipartidárias do país. A Guerra Civil em Angola sucedeu-se, em parte, devido à introdução do país no plano internacional e consistiu, na sua generalidade num conflito entre o MPLA e a UNITA, que embora possuíssem o mesmo objetivo, a conquista da independência Angolana, disputavam o poder político do país.
A evolução da política externa de Angola, a partir dos finais da década de 90 revelou-se insigne, tendo sido realizados acordos de paz em Bicesse no ano de 1991. Todas estas alterações sucederam-se sob a chefia de José Eduardo dos Santos. Finalmente no ano de 2002, foi assinado entre as duas maiores forças políticas do país: MPLA e a UNITA, um acordo de paz, tendo posto termo à guerra civil angolana.
Atualmente, o diretor para a Africa e Médio Oriente do ministério das relações exteriores de Angola, assegurou que “a política externa de Angola estabelece como um dos maiores princípios, a procura da estabilidade e da paz nas regiões em que está inserida, no continente e no mundo”, salientando no que diz respeito à procura da estabilidade e da paz que “Angola tem transmitido a sua experiência adquirida ao longo dos anos que passou em conflitos e guerras que ajudaram a forjar os líderes, dirigentes e os angolanos em ações de solução de crises.” (Espírito Santo: 2014). Sublinhou, também, que toda esta evolução verificada em Angola é encarada com um enorme orgulho, não só para o próprio país, como também para todo o continente africano, uma vez que após ter saído de todos os conflitos em que se viu envolvida, conseguiu alcançar e solidificar a tao desejada paz e o processo de reconciliação nacional.
Sara Martins
Fontes:
Joveta, José. (2011). A Política Externa de Angola: Novos Regionalismos e Relações Bilaterais com o Brasil. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/35078/000794257.pdf?se. [Consultado em 27/02/2016]
ANGOP. (2014). Angola guia-se num princípio da sua política externa para a resolução de conflitos em África. Disponível em http://www.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/noticias/politica/2014/4/21/Angola-guia-num-principio-sua-politica-externa-para-resolucao-conflitos-Africa,63ffcbde-e675-4132-a4b4-954b67c03351.html. [Consultado em 27/02/2016]
Diário de Notícias. (2014). Como Angola se tornou um país independente. Disponível em http://150anos.dn.pt/2014/08/11/como-angola-se-tornou-um-pais-independente/. [Consultado em 27/02/2016]
Francisco, Alberto. (2013). A Política Externa de Angola durante a Guerra Fria (1975-1992). Disponível em http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/14727/1/2013_AlbertoAndreCarvalhoFrancisco.pdf [Consultado em 27/02/2016]
Joveta, José. Política Externa de Angola de 1992 aos dias atuais. Disponível em http://portal.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=1977&Itemid=229. [Consultado em 27/02/2016]
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