quinta-feira, 31 de março de 2016

A Comunidade de Países “democráticos” de língua mais ou menos Portuguesa

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional que foi criada com o intuito de aproximar os países de língua oficial portuguesa, tendo em vista os valores da liberdade, da democracia e da justiça e cooperando em muitas outras áreas, como a saúde, a educação, a ciência e tecnologia, a segurança e defesa, tornando-se a comunidade, um dos principais pilares da política externa dos países membros.
Como organização internacional que é, a CPLP tem os seus estatutos e regulamentos, como qualquer outra organização do tipo, de forma a reger a sua vida interna e externamente, o que leva a que esta sofra do mesmo problema que muitas das organizações entre países tem, a constante violação dos estatutos da organização por parte dos estados-membros. De regimes democráticos, passando por regimes autoritários, até regimes ditatoriais plenos, a CPLP tem de tudo e os segundos e os terceiros regimes violam claramente os valores que a comunidade visa alcançar, pondo em causa toda a organização.
Têm sido regulares as violações dos estatutos e dos valores da CPLP, só nos últimos dois anos a comunidade e alguns dos estados-membros “individualmente” cometeram mais violações que nos 18 anos anteriores da organização. Desde a entrada da Guiné Equatorial, uma ditadura musculada em que não se fala português, a todas as ilegalidades que foram cometidas para que o referido país pudesse entrar sem cumprir os estatutos da comunidade, aos constantes golpes de estado na Guiné Bissau ou o desrespeito pelos direitos políticos em Angola, até ao assassinato de um líder político em Moçambique, a CPLP vê assim todos os seus princípios e valores fundamentais violados.
Se se olhar para a comunidade como uma organização que tem um âmbito muito restrito, isto é, destinando-se a países de língua Portuguesa, ou melhor devendo destinar-se a tais países, porque depois na realidade isso não acontece e no futuro tal poderá ser confirmado de forma mais explícita, pode-se afirmar que atingiu o seu limite de estados-membros, porque todos os países onde se fala português já são membros da organização e juntarem-se mais países que não falem a língua seria desvirtuar completamente o intuito da mesma.
E o porquê de se falar no futuro da organização e de uma eventual entrada de países sem língua oficial portuguesa, para se entender, teremos de recuar a 2014, altura em que entrou o último país na CPLP, a Guiné Equatorial, o caso mais grave de violação dos princípios e valores da comunidade, pois este país não só não é uma democracia, como aplica a pena de morte e em que ninguém fala português e em que se tornou estado-membro da CPLP ainda antes da votação por parte dos chefes de estado e de governo da comunidade, criando embaraço a Portugal, que foi apanhado de surpresa pelo sucedido. E como se isso tudo não bastasse, o país só se tornou candidato e posteriormente estado-membro por ter muito petróleo e por ir investir em alguns dos países da comunidade, investimentos esses que nunca aconteceram (principalmente por desrespeitar a lei), tendo sido o caso mais evidente disso, o não investimento no BANIF, que poderia ter sido a salvação do banco.
Posto isto, mesmo que na Guiné Equatorial não se fale hoje a língua, o país tem ligações históricas ao Império Colonial Português e desta forma faz sentido pertencer à CPLP, mas pertencer de acordo com os trâmites legais, o que não acontece hoje e para que tal aconteça (estar legal na comunidade) tem de respeitar os seus princípios e valores e iniciar o estudo nas suas escolas da língua, para que no futuro parte da sua população fale efectivamente português. Situação totalmente diferente será se entrarem outros países sem língua oficial portuguesa na comunidade, que como disse anteriormente, irá desvirtuar por inteiro o intuito desta organização internacional, devendo esses países manterem-se com o estatuto de membros observadores, que é um título comummente utilizado no direito internacional e em que nada os diminui.
A comunidade de países de língua portuguesa tem a capacidade à semelhança de outras organizações internacionais de ser um espaço de inovação, desenvolvimento e cooperação alargada entre países e invés disso tornou-se um espaço de ilegalidades e de embaraços de uns países a outros.

Diogo Estudante

Fontes:
http://www.ionline.pt/500140 (Data de Acesso 29 de Março de 2016)

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