Podemos
começar por relembrar que a formulação da política externa depende de quatro
objetivos, os quais são comuns a todos os Estados contemporâneos, segurança,
autonomia, bem-estar social e económico e estatuto ou prestígio, sendo que esta
implica decidir quais as prioridades e como se irá pagar tal decisão.
Sublinhe-se que nem sempre as escolhas revelam-se consensuais e que dever-se-á
ter em conta a seleção dos meios e respetivas políticas. Tendo isto em mente,
vejamos o caso da Coreia da Norte, a qual tem estado ativamente a aplicar
esforços relativos à segurança e autonomia.
Em
2006, a Coreia do Norte realizou o seu primeiro teste nuclear. Desde então, o
Governo de Kim Jon-un detonou três dispositivos nucleares e tem realizado
lançamentos de mísseis balísticos. Este veio a declarar que irá continuar a reforçar o programa
nuclear, cujo objetivo é proteger-se contra as políticas dos Estados Unidos da
América e assegurou que irá utilizar a bomba nuclear se a sua soberania for
violada. Segundo os media
norte-coreanos, estes têm o direito de lançar um ataque nuclear preventivo.
Em
resposta, Moon Sang-Gyun, porta-voz da
Coreia do Sul, anunciou que os vizinhos do norte devem acabar com o
comportamento agressivo que conduz à autodestruição. “Se a Coreia do Norte
ignorar os nossos avisos e continuar a provocar-nos, o nosso exército responderá
de forma firme e sem piedade”, afirmou Moon Sang-Gyun. Os norte-coreanos
consideram que as manobras militares no país vizinho são movimentações de
guerra nuclear e ameaçam com uma ofensiva total. Disseram ainda que os Estados
Unidos serão responsáveis pelo início da guerra.
A Coreia do Norte voltou a ameaçar em disparar contra a Coreia do
Sul e Estados Unidos caso estes mantenham as suas manobras militares. As
ameaças ocorreram após a decisão do Conselho de Segurança da ONU em impor novas
sanções à Coreia do Norte. O Ministério dos Negócios
Estrangeiros russo considerou inadmissíveis as ameaças norte-coreanas e apelou
à contenção. Salientou que Kim Jong-un devia ter em consideração que, ao fazer
isto, a Coreia do Norte coloca-se à margem da comunidade internacional e
propicia uma base jurídica para o uso da força militar contra ela.
Os
Estados Unidos e Coreia do Sul estão a levar a sério a propaganda
militar que está a ser lançada pela Coreia do Norte, sendo que o porta-voz
do Departamento de Defesa dos EUA confirmou que arrancou com as
conversações para implementar o THAAD (Terminal High Altitude Area
Defense, defesa antimíssil) na Coreia do Sul, cujo objetivo é intercetar os mísseis
balísticos de curto e médio alcance. A China opõe-se à implantação do sistema
antimísseis THAAD, porque tal ação prejudica o seu interesse estratégico e de
outros países na região. Apenas a Coreia do Sul concordou em iniciar as
discussões sobre o sistema THAAD. O embaixador da ONU do Japão, Motohide Yoshikawa,
respondeu que o sistema antimísseis iria aumentar a estabilidade da região.
Samantha Power, embaixadora dos EUA das Nações Unidas, declarou que as
negociações estão em curso, mas que a implantação do sistema-antimísseis seria
defensiva por natureza. A Rússia atrasou a negociação, uma vez que fez algumas
concessões de última hora, como por exemplo a isenção que a permitiria
continuar com o transbordo de carvão entre a cidade fronteiriça russa de Khasan
e o porto norte-coreano de Rajin.
Em resposta às ameaças da Coreia do Norte vejamos algumas das sanções impostas por parte do Conselho de Segurança da ONU:
1. Todos os países devem inspecionar as mercadorias com
origem ou destinadas à Coreia do Norte e a proibição de entrada nos portos a
navios e voos suspeitos de transportar bens ilegais;
2. Proibição
de vendas ou transferências de armas pequenas e armamento leve para a Coreia do
Norte;
3. Proibição
da exportação de carvão, ferro e minério de ferro usado para programas de
mísseis nucleares ou balísticos;
4. Proibição
das exportações de combustível de aviação para o país;
5. Proibição
de cooperação policial e fecho dos programas de treino da Coreia do Norte no
exterior;
6. Por
fim, a proibição da criação de novas agências bancárias ou instituições
financeiras fora do país e expulsão de diplomatas, empresários ou estrangeiros
norte-coreanos implicados em tais atividades.
Como pudemos a Coreia do Norte é perita em aplicar instrumentos violentos, os quais exigem o recurso à força, à coerção, para constranger e impor a vontade de um actor a outro, sendo que o instrumento violento mais típico é a guerra. Além disto, recorre à dissuasão (capacidade de um Estado, pelo seu poder militar, influenciar outro Estado no sentido de evitar que adote um dado comportamento ou ação), especialmente a nuclear, e à ameaça (uso da força feita por um Estado em relação a outro Estado). Também é perita em fazer pressão militar, ou seja, usa a sua força militar e sem chegar ao ataque altera as decisões dos outros Estados. A propaganda é um dos pontos fortes da Coreia do Norte, cujo objetivo é maximizar a persuasão.
Sara
Correia, N.º 216287
Fontes:
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-03-07-Russia-denuncia-declaracoes-inadmissiveis-da-Coreia-do-Norte,
consultado a 12 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2016/03/12/pyongyang-ameaca-a-coreia-do-sul-com-guerra-relampago/,
consultado a 12 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2016/02/25/estados-unidos-e-china-de-acordo-contra-armamento-nuclear-da-coreia-do-norte/,
consultado a 12 de
http://pt.euronews.com/2016/03/07/coreia-do-norte-ameaca-com-ofensiva-total/,
consultado a 12 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2016/01/06/a-coreia-do-norte-anunciou-ter-realizado-o-primeiro-teste-bem-sucedido-da-bomba/,
consultado a 12 de março de 2016
http://foreignpolicy.com/2016/03/02/the-u-n-tries-to-cut-north-koreas-nuclear-lifeline-and-outlaw-snowmobiles/,
consultado a 12 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2016/03/08/eua-e-coreia-do-sul-estudam-implementacao-de-sistema-antimissil/,
consultado a 12 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2016/03/03/coreia-do-norte-lanca-misseis-em-resposta-a-sances-da-onu/,
consultado a 12 de março de 2016
http://www.bbc.com/news/world-asia-35704273,
consultado a 12 de março de 2016
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