segunda-feira, 14 de março de 2016

A dura Coreia do Norte

Podemos começar por relembrar que a formulação da política externa depende de quatro objetivos, os quais são comuns a todos os Estados contemporâneos, segurança, autonomia, bem-estar social e económico e estatuto ou prestígio, sendo que esta implica decidir quais as prioridades e como se irá pagar tal decisão. Sublinhe-se que nem sempre as escolhas revelam-se consensuais e que dever-se-á ter em conta a seleção dos meios e respetivas políticas. Tendo isto em mente, vejamos o caso da Coreia da Norte, a qual tem estado ativamente a aplicar esforços relativos à segurança e autonomia.
Em 2006, a Coreia do Norte realizou o seu primeiro teste nuclear. Desde então, o Governo de Kim Jon-un detonou três dispositivos nucleares e tem realizado lançamentos de mísseis balísticos. Este veio a declarar que irá continuar a reforçar o programa nuclear, cujo objetivo é proteger-se contra as políticas dos Estados Unidos da América e assegurou que irá utilizar a bomba nuclear se a sua soberania for violada. Segundo os media norte-coreanos, estes têm o direito de lançar um ataque nuclear preventivo.
Em resposta, Moon Sang-Gyun, porta-voz da Coreia do Sul, anunciou que os vizinhos do norte devem acabar com o comportamento agressivo que conduz à autodestruição. “Se a Coreia do Norte ignorar os nossos avisos e continuar a provocar-nos, o nosso exército responderá de forma firme e sem piedade”, afirmou Moon Sang-Gyun. Os norte-coreanos consideram que as manobras militares no país vizinho são movimentações de guerra nuclear e ameaçam com uma ofensiva total. Disseram ainda que os Estados Unidos serão responsáveis pelo início da guerra.
A Coreia do Norte voltou a ameaçar em disparar contra a Coreia do Sul e Estados Unidos caso estes mantenham as suas manobras militares. As ameaças ocorreram após a decisão do Conselho de Segurança da ONU em impor novas sanções à Coreia do Norte. O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo considerou inadmissíveis as ameaças norte-coreanas e apelou à contenção. Salientou que Kim Jong-un devia ter em consideração que, ao fazer isto, a Coreia do Norte coloca-se à margem da comunidade internacional e propicia uma base jurídica para o uso da força militar contra ela.
Os Estados Unidos e Coreia do Sul estão a levar a sério a propaganda militar que está a ser lançada pela Coreia do Norte, sendo que o porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA confirmou que arrancou com as conversações para implementar o THAAD  (Terminal High Altitude Area Defense, defesa antimíssil) na Coreia do Sul, cujo objetivo é intercetar os mísseis balísticos de curto e médio alcance. A China opõe-se à implantação do sistema antimísseis THAAD, porque tal ação prejudica o seu interesse estratégico e de outros países na região. Apenas a Coreia do Sul concordou em iniciar as discussões sobre o sistema THAAD. O embaixador da ONU do Japão, Motohide Yoshikawa, respondeu que o sistema antimísseis iria aumentar a estabilidade da região. Samantha Power, embaixadora dos EUA das Nações Unidas, declarou que as negociações estão em curso, mas que a implantação do sistema-antimísseis seria defensiva por natureza. A Rússia atrasou a negociação, uma vez que fez algumas concessões de última hora, como por exemplo a isenção que a permitiria continuar com o transbordo de carvão entre a cidade fronteiriça russa de Khasan e o porto norte-coreano de Rajin.
Em resposta às ameaças da Coreia do Norte vejamos algumas das sanções impostas por parte do Conselho de Segurança da ONU:
1.      Todos os países devem inspecionar as mercadorias com origem ou destinadas à Coreia do Norte e a proibição de entrada nos portos a navios e voos suspeitos de transportar bens ilegais;
2.      Proibição de vendas ou transferências de armas pequenas e armamento leve para a Coreia do Norte;
3.      Proibição da exportação de carvão, ferro e minério de ferro usado para programas de mísseis nucleares ou balísticos;
4.      Proibição das exportações de combustível de aviação para o país;
5.      Proibição de cooperação policial e fecho dos programas de treino da Coreia do Norte no exterior;
6.      Por fim, a proibição da criação de novas agências bancárias ou instituições financeiras fora do país e expulsão de diplomatas, empresários ou estrangeiros norte-coreanos implicados em tais atividades.

Como pudemos a Coreia do Norte é perita em aplicar instrumentos violentos, os quais exigem o recurso à força, à coerção, para constranger e impor a vontade de um actor a outro, sendo que o instrumento violento mais típico é a guerra. Além disto, recorre à dissuasão (capacidade de um Estado, pelo seu poder militar, influenciar outro Estado no sentido de evitar que adote um dado comportamento ou ação), especialmente a nuclear, e à ameaça (uso da força feita por um Estado em relação a outro Estado). Também é perita em fazer pressão militar, ou seja, usa a sua força militar e sem chegar ao ataque altera as decisões dos outros Estados. A propaganda é um dos pontos fortes da Coreia do Norte, cujo objetivo é maximizar a persuasão



Sara Correia, N.º 216287

Fontes:
março de 2016
http://www.bbc.com/news/world-asia-35704273, consultado a 12 de março de 2016

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