terça-feira, 1 de março de 2016

Cercada? Geograficamente, sim.

O Reino Hashemita da Jordânia ganhou a independência em 1947, na altura conhecido como Transjordânia. Não tem acesso marítimo e faz fronteira com Israel a Oeste, Reino da Arábia Saudita a Sul e Este, República Árabe da Síria a Norte e República do Iraque a Nordeste.
            Após a independência, a Jordânia viu-se envolvida em conflictos com Israel durante a Guerra de 1947 (tendo nesta conquistado o West Bank), a Guerra dos Seis Dias (tendo nesta perdido o controlo do West Bank) e a Guerra do Yom Kippur, bem como numa guerra civil entre o Estado Jordano e as Forças Palestinianas de Arafat (mais tarde, apoiadas pela Síria de Hafez al-Assad), que na altura estavam entre Setembro de 1970 e Junho 1971, naquilo que ficou conhecido como “Setembro Negro”.
            A política externa Jordana caracteriza-se como sendo pró-Ocidental, inserida no âmbito do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) e fruto da sua localização e configuração geográfica.  A Jordânia tem boas relações com os EUA (político-militares e económicas) e com a União Europeia, fazendo parte de vários programas da política de vizinhança da UE que inclusivamente permitem-lhe a exportação de produtos para a UE sem tarifas alfandegárias e é um Aliado não-membro da NATO. Participa activamente em missões humanitárias da ONU (sendo aliás um dos maiores contribuidores para tal) bem como em intervenções militares Ocidentais (como por exemplo, a intervenção na Líbia em 2011) e está dependente dos EUA (em especial) para as suas forças armadas que são compostas, maioritariamente, por equipamento militar  Norte-Americano. A nível regional, a Jordânia age de acordo com as políticas seguidas pelo GCC: apoia forças rebeldes no sul da Síria, faz parte da nova aliança militar liderada pela Arábia Saudita e intervém no Iémene do lado do Presidente Hadi e das suas forças a pedido da Arábia Saudita, no contexto da guerra de procuração entre Arábia Saudita e República Islâmica do Irão que faz sentir um pouco por todo o Médio Oriente, em especial na Síria, Iémene e Líbano. Além disso, a Jordânia é um de de apenas dois países Árabes (o outro é o Egipto) a ter assinado um tratado de paz com Israel em 1994 e mantém boas relações diplomáticas com Israel. No que toca ao caso Palestiniano (uma causa importante para a Jordânia devido aos refugiados Palestinianos que vivem na Jordânia e à ligação histórica com o West Bank), a Jordânia defende o diálogo entre a Autoridade Palestiniana e Israel de modo a alcançar a paz.
            Ora, há alguns factores absolutamente determinantes para a política externa da Jordânia. E esses são a localização geográfica e os recursos naturais. A Jordânia, como já referido, é um país cercado por massas terrestres, ou seja, não tem portos marítimos de onde possa realizar as suas importações e exportações, ou seja, a sua economia está fortemente dependente dos países com os quais faz fronteira. Além disso, a Jordânia é muito pobre em recursos naturais. Em concreto, não possui reservas economicamente viáveis de petróleo e quase não possui recursos aquíferos. Estes dois factores influenciam tremendamente a política externa da Jordânia. A Jordânia tem, obrigatoriamente, de ter boas relações com, pelo menos, a grande maioria do seus vizinhos pois deles está economicamente dependente, nem que seja meramente pelo transporte de bens que vêm de lugares como a UE ou a China e que têm de passar por esses vizinhos (uma vez que a grande parte do comércio mundial é feito pelo transporte marítimo). Já em relação aos recursos naturais, como o petróleo, a Jordânia é um caso curioso. Numa área geográfica tão rica em petróleo e gás natural, a Jordânia não possui reservas petrolíferas economicamente viáveis possuindo, no entanto, algum gás. Assim, a dependência energética do país é quase total – mais uma vez, boas relações  (como sempre teve com o Iraque nesta matéria) com os seus vizinhos é essencial.
            A Jordânia, através da sua política externa, desenvolve esforços para manter boas relações com os seus vizinhos, com a devida excepção da Síria, uma vez que se opõe a Damasco. Estes esforços são muito importantes, como vimos, devido à posição geográfica do país e à falta de recursos naturais, e as boas relações com os EUA e a UE (sendo elas politicas e económicas com os EUA e a UE e militares com a NATO), mas também com Israel, são fundamentais para a economia nacional. Se tivesse acesso marítimo, talvez a Jordânia pudesse ser mais como a Omã (muito mais neutral e independente em relação à Arábia Saudita, mantendo boas relações tanto com Arábia Saudita como com o Irão) do que como o Bahrain (poderá mesmo dizer-se que é a 14ª região da Arábia Saudita, o Wilayah Bahrain) sendo que, no entanto, uma coisa é certa, a sua política externa não está limitada à sua condição geográfica.

Gustavo Gomes Nº216302

Fontes:
http://edition.cnn.com/2015/03/26/middleeast/yemen-saudi-arabia-airstrikes/

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