terça-feira, 1 de março de 2016

Moderna, Antiga Rússia.

Ao longo da sua história, a Rússia, caminhou entre as grandes potências em grande parte devido ao seu poderio de recursos naturais e grande capacidade laboral. Economicamente é a nona maior do mundo, com base nas suas extracções de petróleo, gás natural e metais que perfazem 80% das suas exportações para o estrangeiro. Algo inerente a ser uma grande potência, é uma forte componente nas relações externas chefiada pelo ministro Sergey Lavrov, que fortaleceu o poder da Rússia em todo o seu expecto de influência internacional.
Voltando ao título do artigo é observável que os mais recentes acontecimentos em matéria de políticas externas, como a anexação da Ucrânia ou a intervenção na Síria, são consistentes com aquilo que foi trabalhado pela Rússia nestas matérias no passado. Sempre pensando na sua segurança, assuntos de estado, influência nos países vizinhos e a percepção de contínua concorrência com os EUA.
Vladimir Putin desde que assumiu o controlo dos destinos russos detinha como principal objectivo tornar a imagem da Rússia como invencível, com uma política externa forte, onde exercia a sua influência em toda a escala. E assim o conseguiu, durante breve momento, pois é um facto que se a China aprendeu com os erros russos durante a guerra fria ou seja dinamizar a sua economia interna através de reformas e desenvolvimento tecnológico e social, a Rússia não o fez. Os soviéticos perderam a guerra fria devido à sua "máquina" económica construída sobre areia, que não conseguia competir com o seu rival eterno. 
Actualmente é observável um declínio económico russo, onde a sua população está descontente com o seu governo, onde Putin sofre pressões internas do seu eleitorado e externas pelos seus pares. Para piorar este cenário, sofre de sanções dos países do ocidente devido à sua agressividade negocial e da anexação da Crimeia ao seu território, afectando o poder económico russo e, consequentemente, o poderio das suas políticas externas. Certo é que Putin aposta no fortalecimento da sua área de influência no clima internacional, descurando a sua economia, um erro que os russos já deveriam ter aprendido com o passado, contudo, não o parecem ter feito, como o exemplo actual que devido à descido dos preços do petróleo, a economia russa irá piorar e não irá conseguir se reformar devido à falta de dinheiro para investir.
Analisando as políticas externas recentes da Rússia, é fácil de identificar variáveis que irão ser desenvolvidas pelo governo russo nesta matéria. Começando com a observável postura defensiva que a Rússia irá adoptar na frente ocidental, onde, na minha opinião, o medo que estes países possuem sobre eventuais tácticas de invasão russa é infundado, onde a mesma só irá responder se assim for incitada e não como uma acção pré-planeada russa. É provável que assistamos a um escalar de tensões no báltico, onde as duas frentes vão tentar um equilíbrio militar e geopolítico. Qualquer tentativa do ocidente de penetrar o espaço aéreo pós-soviético irá possuir uma resposta rápida, como sempre, da Rússia e esta irá fortalecer o seu poder na região através de tratados com os países na região e com os países mais fracos em seu redor. Talvez, o seu maior trunfo em matérias da política externa será o uso das organizações nas quais está inserida, como a APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico), os BRICS ou a Organização de Cooperação de Shanghai. Detenho como opinião que a Rússia não quer ser um out cast do mercado económico internacional, onde irá continuar o fortalecimento e as trocas comerciais com a Europa, mesmo com as recentes divergências.
Para se tornar moderna, a Rússia terá de redobrar a sua atenção em aumentar a competitividade e diversidade da sua economia, que posteriormente irá ajudar a fortalecer as suas ambições externas, aumentando a sua já vasta influência em matérias internacionais. Com esta crise, a Rússia terá uma oportunidade única para reformar a sua economia, assim como a sua maneira de actuar no clima externo, onde poderá cooperar com os países do ocidente no combate em temáticas como o crescente radicalismo religioso, emigração ou até com problemas ambientais. E, se não voltar a cometer os mesmos erros do passado, o virar da página é possível.

Roberto Vieira- Nº216916

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