Ao longo da sua história, a Rússia,
caminhou entre as grandes potências em grande parte devido ao seu poderio de
recursos naturais e grande capacidade laboral. Economicamente é a nona maior do
mundo, com base nas suas extracções de petróleo, gás natural e metais que
perfazem 80% das suas exportações para o estrangeiro. Algo inerente a ser
uma grande potência, é uma forte componente nas relações externas chefiada pelo
ministro Sergey Lavrov, que fortaleceu o poder da Rússia em todo o seu expecto
de influência internacional.
Voltando ao título do artigo é
observável que os mais recentes acontecimentos em matéria de políticas
externas, como a anexação da Ucrânia ou a intervenção na Síria, são
consistentes com aquilo que foi trabalhado pela Rússia nestas matérias no
passado. Sempre pensando na sua segurança, assuntos de estado, influência nos
países vizinhos e a percepção de contínua concorrência com os EUA.
Vladimir Putin desde que assumiu o controlo dos
destinos russos detinha como principal objectivo tornar a imagem da Rússia como
invencível, com uma política externa forte, onde exercia a sua influência em
toda a escala. E assim o conseguiu, durante breve momento, pois é um facto que
se a China aprendeu com os erros russos durante a guerra fria ou seja dinamizar
a sua economia interna através de reformas e desenvolvimento tecnológico e
social, a Rússia não o fez. Os soviéticos perderam a guerra fria devido à sua
"máquina" económica construída sobre areia, que não conseguia competir
com o seu rival eterno.
Actualmente é observável um declínio
económico russo, onde a sua população está descontente com o seu governo, onde
Putin sofre pressões internas do seu eleitorado e externas pelos seus pares. Para
piorar este cenário, sofre de sanções dos países do ocidente devido à sua
agressividade negocial e da anexação da Crimeia ao seu território, afectando o
poder económico russo e, consequentemente, o poderio das suas políticas
externas. Certo é que Putin aposta no fortalecimento da sua área de influência
no clima internacional, descurando a sua economia, um erro que os russos já
deveriam ter aprendido com o passado, contudo, não o parecem ter feito, como o
exemplo actual que devido à descido dos preços do petróleo, a economia russa irá
piorar e não irá conseguir se reformar devido à falta de dinheiro para
investir.
Analisando as políticas externas
recentes da Rússia, é fácil de identificar variáveis que irão ser desenvolvidas
pelo governo russo nesta matéria. Começando com a observável postura defensiva
que a Rússia irá adoptar na frente ocidental, onde, na minha opinião, o medo
que estes países possuem sobre eventuais tácticas de invasão russa é infundado,
onde a mesma só irá responder se assim for incitada e não como uma acção pré-planeada
russa. É provável que assistamos a um escalar de tensões no báltico, onde as
duas frentes vão tentar um equilíbrio militar e geopolítico. Qualquer tentativa
do ocidente de penetrar o espaço aéreo pós-soviético irá possuir uma resposta
rápida, como sempre, da Rússia e esta irá fortalecer o seu poder na região
através de tratados com os países na região e com os países mais fracos em seu
redor. Talvez, o seu maior trunfo em matérias da política externa será o
uso das organizações nas quais está inserida, como a APEC (Cooperação Económica
Ásia-Pacífico), os BRICS ou a Organização de Cooperação de Shanghai. Detenho
como opinião que a Rússia não quer ser um out cast do mercado económico
internacional, onde irá continuar o fortalecimento e as trocas comerciais com a
Europa, mesmo com as recentes divergências.
Para se tornar moderna, a Rússia
terá de redobrar a sua atenção em aumentar a competitividade e diversidade da
sua economia, que posteriormente irá ajudar a fortalecer as suas ambições
externas, aumentando a sua já vasta influência em matérias internacionais. Com
esta crise, a Rússia terá uma oportunidade única para reformar a sua economia,
assim como a sua maneira de actuar no clima externo, onde poderá cooperar com
os países do ocidente no combate em temáticas como o crescente radicalismo
religioso, emigração ou até com problemas ambientais. E, se não voltar a
cometer os mesmos erros do passado, o virar da página é possível.
Roberto
Vieira- Nº216916
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