terça-feira, 1 de março de 2016

Ocidental ou Oriental? Não, não, Neutro

A Suíça é o país neutro (continuamente) mais antigo do mundo e por isso tem como objectivo fundamental da sua política externa, a preservação da independência nacional e que por sua vez garantiu até aos dias de hoje, que o país não participasse em nenhuma guerra desde o ano de 1815, evitando por isso guerras, como a primeira e segunda guerras mundiais e o conflito “Guerra Fria”, entre os Estados Unidos da América, e os Aliados Ocidentais e a União Soviética.
Sendo a independência nacional, o principal objectivo da política externa suíça, o país tem-la também não só orientada para o seu desenvolvimento, mas como para o de todo o mundo e assenta em cinco objectivos concretos, para a sua efectivação, a promoção da coexistência pacífica entre países, a promoção do respeito pelos direitos humanos, a democracia e o estado de direito, a promoção dos interesses económicos do país no estrangeiro, a eliminação da pobreza no mundo e a promoção da preservação do ambiente e dos recursos naturais.
A sua neutralidade levou a que a suíça se recusasse a aderir à União Europeia e só em 2002, é que se tornou membro de pleno direito da Organização das Nações Unidas, pois pertencer a determinadas organizações e principalmente a organizações como a União Europeia, que através dos seus processos internos a iriam vincular a determinados documentos políticos, pondo em causa essa condição fundamental da política externa do país. Não obstante do referido anteriormente, faz parte do Espaço Schengen e é parceiro de paz da NATO. É ainda membro da Associação Europeia de Livre Comercio (EFTA), do Conselho Euro-Atlântico e do Conselho da Europa, entre outros.
As relações diplomáticas suíças passam pela ajuda a países em desenvolvimento, pela manutenção da paz e pela promoção do direito internacional, como pilar fundamental das relações internacionais. Desta forma, por ser neutro e promotor do direito internacional, a suíça é a casa das mais importantes conferências diplomáticas do mundo, assim como dos mais diversos tratados internacionais ao longo da história contemporânea, para além de ser a sede de muitas das mais importantes organizações governamentais e não-governamentais internacionais.
Com a queda da União Soviética e o subsequente final da guerra fria, a Suíça viu assim a sua capacidade de mediar conflitos aumentar e desta forma tem sido mediador dos conflitos entre os EUA-Cuba; EUA-Irão; Rússia-Geórgia; EUA-UE-Rússia-Ucrânia; EUA-UE-Rússia-Síria e ainda nos conflitos internos no Iémen, entre outros. Tendo sido resolvidos, actualmente, alguns destes conflitos, como é o caso dos conflitos entre os EUA-Cuba e EUA-Irão.
Ao contrário de todos os outros países democráticos, a Suíça é o único país que é uma democracia directa, tendo diferentes, logo à partida, um conjunto de órgãos, organizações e processos. E é por essa mesma razão, que o país não teve e continua a não ter um comportamento, se é que se pode dizer, idêntico ao dos países ocidentais, democráticos e desenvolvidos, no que toca às políticas, tanto internas como externa, porque é necessária, a aprovação ou não, da população suíça e não de um parlamento ou de um governo (representantes e governantes). E como se pode constatar, nem sempre o que os representantes e governantes acham que deve ser o rumo do país, a população aprova, como acontece com a integração em organizações internacionais, a ratificação de acordos e tratados internacionais ou participação em certas missões ou conflitos externos.
Concluindo, a Suíça beneficia muito da sua política externa, principalmente pela sua neutralidade e pela sua capacidade de negociar com todos os países e organizações internacionais, que não deixa de vez em quando, de ter os seus percalços e até ocasionais conflitos, como aconteceu mais recentemente, em 2008, com a Líbia. Mas geralmente as suas relações externas são muito boas e consegue concretizar o seu objectivo fundamental, a sua independência nacional. Mas a política externa suíça, como foi referido antes, não termina nos benefícios para o próprio país, tem também um forte componente de apoio a países terceiros, quer seja em ajuda humanitária, manutenção da paz, ou desenvolvimento nas mais diversas áreas.
E é assim que um país pequeno no continente mais conflituoso do mundo, consegue manter-se independente, apesar de todos os desentendimentos, conflitos e guerras, algumas mesmo à “porta”, desde o início do século XIX.

Diogo Estudante, nº 216647

Fontes:
http://www.swissinfo.ch/por/pol%C3%ADtica-externa/29726416 (Data de Acesso 29 de Fevereiro de 2016)
https://www.eda.admin.ch/eda/en/home.html (Data de Acesso 29 de Fevereiro de 2016)

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