Toda a política quer interna, quer externa
de Cuba é fortemente marcada por todo o seu contexto histórico. Desde que foi
descoberta em 1494 por Cristóvão Colombo, que Cuba tem tido problemas na sua
afirmação quer no campo da política externa quer da política internacional,
sendo, portanto, essencial fazer uma breve síntese acerca do seu contexto
histórico-político. Cuba caracteriza-se por ser um estado centralizado e que
está organizado segundo o modelo marxista-leninista, sendo que existe (e apenas
pode existir), um único Partido, mais especificamente o Partido Comunista
Cubano. Intitulam-se enquanto um sistema político de “democracia participativa
com partido único”, baseado numa ditadura comunista militar que se vive, desde
1959, ano da revolução cubana que reivindicava a soberania popular e nacional,
encabeçada por Fidel Castro, que governou desde então, até 2006, ano em que por
motivos de saúde se aposentou, passando o seu legado, para o seu irmão e atual
presidente Raúl Castro.
O contexto político, histórico e social de
Cuba, ficou desde muito cedo, vincado pelo conflito de interesses existente com
os EUA, uma das grandes potências mundiais. Conflitos esses, que começaram logo
após à Revolução Cubana, pois uma revolução com cunho socialista no continente
americano, em plena Guerra Fria, desagradava por completo os planos
norte-americanos. Esses conflitos ficaram, logo na década de 60 do século XX,
associados a várias tentativas de sabotagem do governo de cuba, ou a tentativas
de descredibilização do próprio povo cubano, por parte dos EUA como forma de
garantir o apoio nacional nas guerras contra Cuba. Conflitos esses que ficaram
delineados em ações como a Operação Mongoose ou a Operação Northwoods.
A verdade, é que finalmente, e passado
praticamente meio século de conflitos e divergências acesas entre Cuba e os
EUA, as diplomacias Cubanas e americanas, conseguiram por fim, a estas
duradouras hostilidades, provando mais uma vez que a diplomacia, é sem dúvida
um forte instrumento de política externa, para qualquer país. A normalização
das relações bilaterais entre Cuba e EUA, ficará oficializada com a visita do
Presidente Barack Obama, a Cuba, visita oficial esta, que já não ocorria desde
os tempos de Calvin Coolidge, isto é, desde 1928. No entanto, este
restabelecimento das relações entre estes dois países, não acarta o fim do
embargo económico, comercial e financeiro, sendo que, por esta mesma razão as
relações estão restabelecidas, mas nunca poderão ser verdadeiramente
normalizadas enquanto este grande obstáculo se mantiver de pé.
A visita oficial do Presidente dos EUA, é
sem dúvida um grande passo no progresso do verdadeiro e normal restabelecimento
das relações entre estes dois países, todavia, para além do embargo, existem
outros grandes obstáculos ao normal relacionamento entre Cuba e os EUA. Havana
e Washington tem grandes divergências do que diz respeito a Guantánamo. Possuem
ainda divergências relativamente às compensações que são exigidas por ambas as
partes, mas sobretudo possuem grandes divergências relativamente ao verdadeiro
valor da democracia e dos direitos humanos, uma vez que os EUA querem impor os
seus valores democráticos e que, por outro lado, Havana, quer ver o seu sistema
politico de democracia participativa, mas com único partido reconhecida.
Contudo, e pelo exposto, a questão que se
coloca, é de que forma pode o conflito duradouro com os EUA, influenciar a
política externa Cubana? A política externa de um país trata-se do que o ator,
neste caso o Estado, faz ou não faz (uma vez que a escolha de não agir, é
consequentemente, uma ação) fora das suas fronteiras. Tem como principal
objetivo a realização dos respetivos interesses, ou o exercício de influencia na
interação com os outros. Ora, Cuba, ao manter uma relação hostil com os EUA,
sendo esta, uma das grandes potencias mundiais e com uma capacidade gigantesca
de provocar a mudança, ou de influenciar outras politicas externas ou mesmo o
rumo da sociedade internacional, faz com que a relação com os outros países que
mantem estreitas e boas ligações com os EUA, seja também consequentemente
hostil, deixando Cuba numa situação “isolada”, podendo ser um grave entrave ao
desenvolvimento do país, e da própria população. Parece-me, portanto, que
acabar com todo este embargo com os EUA por completo, seria bastante favorável
para um melhor posicionamento da politica externa cubana, como também do
próprio país. Hoje em dia, os países dependem uns dos outros, manter relações
estáveis, no que à sociedade internacional diz respeito, é fundamental ao
progresso e desenvolvimento de cada país, e Cuba, não é, nem pode ser exceção.
Contudo, e principalmente, a “democracia”
tão peculiar que é exercida em território cubano, parece chocar, claramente, de
frente com os valores humanitários e democráticos que durante décadas, até aos
dias de hoje, os EUA têm vindo a afirmar enquanto ideais.
Ana Carolina Mendes, nº216299
Fontes:
Sem comentários:
Enviar um comentário