terça-feira, 1 de março de 2016

Cuba e os EUA: O inicio do progresso

Toda a política quer interna, quer externa de Cuba é fortemente marcada por todo o seu contexto histórico. Desde que foi descoberta em 1494 por Cristóvão Colombo, que Cuba tem tido problemas na sua afirmação quer no campo da política externa quer da política internacional, sendo, portanto, essencial fazer uma breve síntese acerca do seu contexto histórico-político. Cuba caracteriza-se por ser um estado centralizado e que está organizado segundo o modelo marxista-leninista, sendo que existe (e apenas pode existir), um único Partido, mais especificamente o Partido Comunista Cubano. Intitulam-se enquanto um sistema político de “democracia participativa com partido único”, baseado numa ditadura comunista militar que se vive, desde 1959, ano da revolução cubana que reivindicava a soberania popular e nacional, encabeçada por Fidel Castro, que governou desde então, até 2006, ano em que por motivos de saúde se aposentou, passando o seu legado, para o seu irmão e atual presidente Raúl Castro.
O contexto político, histórico e social de Cuba, ficou desde muito cedo, vincado pelo conflito de interesses existente com os EUA, uma das grandes potências mundiais. Conflitos esses, que começaram logo após à Revolução Cubana, pois uma revolução com cunho socialista no continente americano, em plena Guerra Fria, desagradava por completo os planos norte-americanos. Esses conflitos ficaram, logo na década de 60 do século XX, associados a várias tentativas de sabotagem do governo de cuba, ou a tentativas de descredibilização do próprio povo cubano, por parte dos EUA como forma de garantir o apoio nacional nas guerras contra Cuba. Conflitos esses que ficaram delineados em ações como a Operação Mongoose ou a Operação Northwoods.
A verdade, é que finalmente, e passado praticamente meio século de conflitos e divergências acesas entre Cuba e os EUA, as diplomacias Cubanas e americanas, conseguiram por fim, a estas duradouras hostilidades, provando mais uma vez que a diplomacia, é sem dúvida um forte instrumento de política externa, para qualquer país. A normalização das relações bilaterais entre Cuba e EUA, ficará oficializada com a visita do Presidente Barack Obama, a Cuba, visita oficial esta, que já não ocorria desde os tempos de Calvin Coolidge, isto é, desde 1928. No entanto, este restabelecimento das relações entre estes dois países, não acarta o fim do embargo económico, comercial e financeiro, sendo que, por esta mesma razão as relações estão restabelecidas, mas nunca poderão ser verdadeiramente normalizadas enquanto este grande obstáculo se mantiver de pé.
A visita oficial do Presidente dos EUA, é sem dúvida um grande passo no progresso do verdadeiro e normal restabelecimento das relações entre estes dois países, todavia, para além do embargo, existem outros grandes obstáculos ao normal relacionamento entre Cuba e os EUA. Havana e Washington tem grandes divergências do que diz respeito a Guantánamo. Possuem ainda divergências relativamente às compensações que são exigidas por ambas as partes, mas sobretudo possuem grandes divergências relativamente ao verdadeiro valor da democracia e dos direitos humanos, uma vez que os EUA querem impor os seus valores democráticos e que, por outro lado, Havana, quer ver o seu sistema politico de democracia participativa, mas com único partido reconhecida.
Contudo, e pelo exposto, a questão que se coloca, é de que forma pode o conflito duradouro com os EUA, influenciar a política externa Cubana? A política externa de um país trata-se do que o ator, neste caso o Estado, faz ou não faz (uma vez que a escolha de não agir, é consequentemente, uma ação) fora das suas fronteiras. Tem como principal objetivo a realização dos respetivos interesses, ou o exercício de influencia na interação com os outros. Ora, Cuba, ao manter uma relação hostil com os EUA, sendo esta, uma das grandes potencias mundiais e com uma capacidade gigantesca de provocar a mudança, ou de influenciar outras politicas externas ou mesmo o rumo da sociedade internacional, faz com que a relação com os outros países que mantem estreitas e boas ligações com os EUA, seja também consequentemente hostil, deixando Cuba numa situação “isolada”, podendo ser um grave entrave ao desenvolvimento do país, e da própria população. Parece-me, portanto, que acabar com todo este embargo com os EUA por completo, seria bastante favorável para um melhor posicionamento da politica externa cubana, como também do próprio país. Hoje em dia, os países dependem uns dos outros, manter relações estáveis, no que à sociedade internacional diz respeito, é fundamental ao progresso e desenvolvimento de cada país, e Cuba, não é, nem pode ser exceção.
Contudo, e principalmente, a “democracia” tão peculiar que é exercida em território cubano, parece chocar, claramente, de frente com os valores humanitários e democráticos que durante décadas, até aos dias de hoje, os EUA têm vindo a afirmar enquanto ideais.

Ana Carolina Mendes, nº216299

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