A
República Popular Democrática da Coreia, conhecida por Coreia do Norte, é um
Estado independente desde 1945. Porém, após esse ano, passou por uma guerra, a
Guerra da Coreia, entra a Coreia do Sul e Coreia do Norte, no âmbito de
controlo do território coreano, o qual as potências vencedoras da segunda
guerra mundial queriam ver dividido (entre o sul e o norte), e ambas as Coreias
exigiam o controlo do todo o território, o que levou à conhecida guerra, e
culminou com a assinatura de um armistício em 1953.
O
armistício de 1953 durou sessenta anos quando, em 2013, a política externa da
Coreia do Norte alterou radicalmente. Quando se realizou um teste nuclear
norte-coreano, o qual foi visto como um desafio ao Conselho de Segurança da
ONU, que tinha, pouco tempo antes, ameaçado o país com novas sanções se o país
não abandonasse o seu plano nuclear. O acto foi visto como uma ameaça à paz e
segurança internacionais, no entanto, já desde 2006 que a Coreia do Norte
praticava exercícios nucleares. O teste nuclear de 2013 assume uma importância
diferente, é o primeiro teste nuclear desde a chegada ao poder de Kim Jong Un,
filho de Kim Jong Il e neto do líder histórico da Coreia do Norte, Kim Il-Sung.
Kim Jong Un, de trinta e três anos, estudou na Europa, nomeadamente na Suíça,
porém porque não transportou com ele uma cultura mais ocidental para a Coreia
do Norte? Ou pelo menos, alguma abertura ao exterior? Muito se espectava com a
chegada ao poder de Kim Jong Un, porém não houve nenhuma abertura ao exterior,
nem na própria Coreia do Norte houve alguma abertura: continua como um Estado
socialista, fechado e rígido. Kim Jong Un reforçou a vontade da Coreia do Norte
de se tornar uma potência nuclear, ou, pelo menos, de usar esta “carta” como
ferramenta para a defesa do seu regime, sem influências externas. Esta política
realista é disfarçada, pelo regime norte-coreano, como um desenvolvimento
nuclear pacifico, no entanto, o mundo não o vê dessa forma, especialmente a
vizinha Coreia do Sul e o Japão, que temem que os testes nucleares realizados
pelos norte-coreanos sejam um plano de ataque. No entanto, esta ideia de regime
fechado e forte não surge com Kim Jong Un, mas sim com o seu avô, que conseguiu
a independência da Coreia do Norte dos japoneses, japoneses esses que tinham
proibido e reprimido a cultura e identidade coreana, o que levou a um forte
sentimento nacionalista norte-coreano, em 1945, aquando da independência, o que
valeu a Kim Il-Sung o título de líder histórico. A posição de país fechado
surge nessa altura, com o desejo de Kim Il-Sung de tornar a Coreia do Norte
auto-suficiente, sem precisar de ajuda externa, no entanto, até aos dias de
hoje a população norte-coreana sofre de insuficiência alimentar, dependendo de
senhas fornecidas pelo governo, além de viverem num mundo aparte do
tecnológico, visto que o regime norte-coreano tenta ao máximo afastar as
informações vindas do exterior, numa tentativa de defender o regime a partir do
interior, ou seja, garantindo que os norte-coreanos não estejam informados e,
desta forma, possam defender o regime e quiçá ter “orgulho” do seu líder e das
tentativas nucleares do país.
Visto
através do resto do mundo e do Conselho de Segurança da ONU, Kim Jong Un
tornou-se noutro líder totalitário que desafia as regras internacionais. A sua
tentativa de modernizar o país assenta no plano nuclear e nas ameaças vãs a
países como a Coreia do Sul ou os Estados Unidos da América, a Coreia do Norte
tenta modernizar-se através da força militar, considerando o grande pilar do
país o poder de ameaçar o mundo, afastando assim a possibilidade de serem
invadidos, porém, a cada vez que realiza novos testes militares ou nucleares,
ou que tenta por em órbita algum satélite, a Coreia depara-se com novas sanções
da ONU. O regime fragiliza-se quando pensa que se torna mais forte. Além desta
tentativa de se tornar uma potência importante no mundo, Kim Jong Un depara-se
com a instabilidade interna norte-coreana: dentro do partido, Kim Jong Un é
descredibilizado, deparando-se com muita oposição que se apresenta de forma
clara e menos clara. Assim, além de não ter o apoio total do partido, o líder
norte-coreano também não tem o apoio da população, que além de passar fome,
começa a conscientizar-se da primazia dada à questão militar, especialmente
através de alguns meios-de-informação norte-coreanos que dão conta dos
falhanços militares do regime. Algo inédito, num país que tenta controlar as
informações disponibilizadas à população.
Desta
forma, a Coreia do Norte parece caminhar para uma nova fase da sua história:
cairá o regime fruto das ameaças nucleares vãs a Estados militarmente
superiores? Ou a mudança virá de dentro, da população faminta que já não revê o
mítico líder norte-coreano Kim Il-Sung, no seu neto Kim Jong Un? Não é fácil
prever, pois esta população faminta nunca viveu em abundância, continua sem
acesso a meios-de-informação exteriores, porém os idos da mudança parecem ter
atingido a Coreia do Norte e esta população saturada parece acordada e em
movimento.
Joana
Bandeira dos Santos
Fontes:
https://www.publico.pt/mundo/noticia/coreia-do-norte-ignora-avisos-do-conselho-de-seguranca-e-realiza-teste-nuclear-1584221
(consultado a 27/03/2016).
https://nacoesunidas.org/estrutura-totalitaria-da-coreia-do-norte-nega-direitos-em-absoluto-alerta-especialista-da-onu/
(consultado a 27/03/2016).
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