O
tema é batido e rebatido, mas continua dramaticamente actual e relevante. O
terrorismo é um dos maiores flagelos do século XXI e, por isso mesmo, não
poderia deixar de lado este assunto. Qualquer contributo no sentido de
estimular o pensamento por meio a se valorizar a urgência em se encontrar
soluções que efectivamente contribuam para a pacificação e para a minimização
do sofrimento das populações sujeitas, directa e indirectamente, a estas
situações dramáticas, é muitíssimo importante.
2015
conta com danos psicológicos, humanos e materiais ainda muito frescos nas
nossas memórias. Locais tão distantes e tão próximos como a Tunísia, Mali,
Turquia, Quénia, França, Dinamarca, Estados Unidos, Kuwait, Líbano e Nigéria,
foram alguns dos palcos da barbárie de ataques contra Humanidade, já para não
falar na Síria, Paquistão, entre tantos outros.
De
modo ainda mais actual salienta-se que, 2016 ainda ia no começo, quando já se
contava com o agravamento desta realidade que num curtíssimo espaço temporal
(se contarmos desde 2001, aquando dos atentados à torres gémeas, fenómeno
embora não novo, torna-se “novidade” em solo ocidental) se transforma, ano após
ano, numa constante, mais frequente e agravada, consolidando uma verdadeira
cultura do medo, de desconfiança e de consequências conservadoras e restritivas
a todos os incluídos no instituído espaço de comuns “valores ocidentais”.
Desta
vez, regista-se o ataque à bomba à capital belga. Esta remete-nos para uma
mensagem clara por parte dos seus perpetradores sendo que, está invariavelmente
associada à simbologia do local geográfico escolhido - o coração político da
Europa e a sede da NATO, Bruxelas.
O
ataque registado a 22 de Março do presente ano teve como foco as principais
artérias de comunicação física de qualquer grande capital europeia – neste caso
específico, o metro na estação metropolitana de Maelbeek (centro do “bairro
europeu”) e o aeroporto de Zaventem.
Os ataques reivindicados pelo auto-proclamado
Estado Islâmico, foram efectuados pelos irmãos el-Bakraoui, ambos de
nacionalidade de belga, por Najim Laachraoui e, embora não se tenha feito
explodir, por um outro radical islâmico, que se pôs em fuga. Ou seja,
participou deixando apenas no local uma mala cheia de explosivos.
Contudo
regista-se que, o “homem do chapéu”, tal como registaram as câmaras de
segurança do aeroporto, foi efectivamente apanhado. O seu nome, Fayçal Cheffou.
Nisto,
salienta-se ainda que esta foi, tanto para a polícia belga como para a polícia
francesa, uma semana muito produtiva no que toca a operações anti-terroristas,
sendo que uns outros tantos indivíduos, pertencentes à rede jihadista, foram
capturados. Nesta sequência, conforme nos informam os meios de comunicação,
estes ataques contam, até agora, 31 vítimas fatais e cerca de 300 feridos no
total.
Já
há muito que a Europa, enquanto orquestra de Estados que cooperam entre si, não
só a nível económico como também no sentido de uma segurança e defesa comum,
ensaiam a música contra o terrorismo. São acordadas linhas de orientação e
medidas, mas ainda não se verificou acções concretas e efectivas. Acções
propriamente ditas, apenas podemos contar com as realizadas individualmente por
cada Estado, que diga-se apresentam também significativas nuances de terrorista
já que, maioritariamente atingem, tal como se verifica sempre, as populações
inocentes residentes nos territórios do médio oriente. Como lembra o ditado, “
amor com amor se paga” e como sabemos, por uns pagam todos. Afinal de contas,
estas manobras de “defesa” apenas zelam pela paz, ou pelo menos assim o advogam
os ocidentais.
Verdade
é que, depreende-se que a situação delicada carece de soluções muitíssimo
complexas. Por exemplo, o controlo da entrada e saída das fronteiras europeias,
de acordo com o acordado em Shengen, torna-se difícil. Muitos dos indivíduos
radicalizados são até mesmo cidadãos europeus.
O
terrorismo actua principalmente contra inocentes de, e em qualquer parte do
mundo, tocando todas as diferentes culturas e religiões. A resposta
individualizada dos Estados do bloco ocidental têm, sem dúvida, seguido na
íntegra a premissa “olho por olho, dente por dente”. Verifica assim que o
terrorismo é efectivamente um instrumento importante na política internacional,
que passou dos objectivos locais e regionais para os mundiais, embora
condenável.
A conquista de poder económico que, depende
fundamentalmente do controlo da produção e comercialização de petróleo
extraído, principalmente, do médio oriente explica de forma pouco ou nada
conspiratória, na minha opinião, a formulação das políticas externas dos vários
actores internacionais, explicando neste caso específico, as políticas externas
adoptadas pelos Estados do Hemisfério-Norte face ao Médio Oriente.
Por
outras palavras, actos terroristas são efectuados de ambas as partes e para
ambas as partes. O único objectivo é ver na sua política externa mascarada, de
um lado, da promoção de valores de liberdade e democracia e, de outro, de
valores religiosos, os vários objectivos das suas políticas internas que
assentam fundamentalmente na conquista e manutenção do seu próprio poder.
Refere-se
ainda que, nesta dialéctica entre escolha das prioridades da política externa
mediante os interesses económicos da política interna, a posse ilegal de armas
é outra questão pertinente. Nota-se que, por interesse ou por descuido
propositado, a posse e venda de armas, mesmo que feita de maneira legal, não
tem de todo em vista os propósitos anti-terroristas advogados pelo ocidente,
tornando esta questão, numa de primeiríssima importância no combate ao crime
dos radicalizados. Porém, por poder deixar os bolsos dos grandes capitalistas
produtores de armamento mais vazios, talvez não seja assim tão importante…
Estando
então cientes de tudo o citado, é marcada uma reunião extraordinária a 24 de
Março, a pedido da Bélgica, com ministros da Justiça e da Administração Interna
da UE. Parece que, o meio-termo na actuação, não é suficiente e o não saber,
torna-se a esta altura do campeonato, inadmissível, já que a europa tem sido
constantemente acordada por este gigante que põe em risco o seu poder económico
e os seus cidadãos, que vão sendo, uma e outra vez, fatalmente penalizados por
actuações carente de compaixão. Decidem por em prática, de uma vez por todas,
dois elementos - as boas práticas de troca de informação, de forma a que esta
flua de maneira mais eficiente (já que, alegadamente, os ataques a Bruxelas
teriam sido avisados pela Turquia) e, em segundo lugar, pôr de facto em prática
o que já foi politicamente acordado aquando de outros ataques. Consideram por
isso urgente a votação, por parte do parlamento europeu, de modo a que a acção
seja executada a uma única voz que espelhe a cooperação numa estratégia
anti-terrorista coerente por parte da União Europeia.
Em
suma, acrescento que, há quem afirme que esta necessária passagem das palavras
à acção do já acordado no combate ao terrorismo, deverá ser implacável.
Compreendo portanto que, as medidas a ser tomadas deverão partir, como sempre
partiram, de uma perspectiva realista onde a guerra, utilizando todos e
quaisquer meios que estiverem ao seu dispor, é rainha. Mais uma vez, parece-me
que UE se apoia na ideia de que o sucesso de uma qualquer medida não passa pela
sua qualidade, mas sim pela sua eficácia, mesmo que, a curto prazo.
Posto
isto, termino apenas dizendo que, esta não será nem de perto nem de longe uma
solução verdadeiramente imbuída de eficácia e eficiência. O problema irá
agravar-se e fazer ressurgir muitos outros que lhe estão inerentes. Temo que
este seja apenas o começo de uma humanidade condenada e de uma realidade
assobrada pelo vermelho que corre das nossas veias, perdurando este momento na
história, como um dos mais negros deste novo século.
Daniela Luís
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