Em primeiro lugar, recorde-se que a relação entre
os dois países caracteriza-se por inúmeros conflitos, como por exemplo a Crise
dos Mísseis que começou quando os soviéticos, em resposta à instalação dos mísseis
nucleares na Turquia, Inglaterra e Itália e à invasão de Cuba pelos Estados
Unidos, instalaram mísseis nucleares em Cuba. O Governo de Kennedy encarou esta
situação como um ato de guerra contra os Estados Unidos. Em resposta, o
Primeiro-ministro da URSS, Nikita Kruschev, declarou que os mísseis eram apenas
defensivos e que a sua instalação tinha como objetivo dissuadir outra tentativa
de invasão da ilha (em 1961 deu-se a invasão da Baía dos Porcos). A situação
rapidamente evoluiu para um confronto aberto entre as duas potências.
Em segundo lugar, relembre-se a Revolução Cubana que acabou com a ditadura de Fulgencio
Batista e instaurou um regime comunista unipartidário que mantém
os irmãos Castro no poder desde então. Cuba foi expulsa da Organização dos
Estados Americanos graças à influência dos Estados Unidos, sendo
readmitida 47 anos depois. Em 1961, o governo norte-americano impôs um embargo
económico que perdura até os dias de hoje. Destaque-se
que por influência dos Estados Unidos, Cuba aderiu ao sistema capitalista, o
qual gerou “brutas” desigualdades sociais.
Em terceiro lugar, saliente-se que a política internacional cubana deixou de ser ambiciosa
e passou a ter baixo porte como consequência das dificuldades económicas
enfrentadas após a queda do bloco soviético. Deste modo, Cuba ficou
isolada na década de 90, mas desde então entrou num processo de cooperação
bilateral com vários países sul-americanos, essencialmente com a Venezuela e Bolívia.
Os Estados Unidos continuam com o embargo, afirmando que enquanto Cuba
continuar a recusar em se democratizar e a respeitar os direitos humanos.
A União Europeia acusa Cuba de contínua violação dos direitos humanos e
das liberdades fundamentais.
Em quarto
lugar, Cuba é membro fundador da organização antiamericana conhecida como a
Aliança Bolivariana para as Américas, membro da Associação
Latino-Americana de Integração, da Organização das Nações Unidas, do Movimento
dos Países Não-Alinhados e da Associação dos Estados do Caribe. Desde
2004, vários líderes da América do Sul têm tornar Cuba membro pleno ou
associado do bloco comercial sul-americano, conhecido como Mercosul.
Feito este pequeno apanhado sobre
Cuba vejamos com atenção um dos momentos históricos dos nossos tempos, ou seja,
após os tempos hostis entre Cuba e Estados Unidos, o Presidente Barack Obama visitou
Cuba, abrindo assim um novo capítulo entre estes países. Esta viagem resulta de
uma abertura diplomática anunciada por Obama e Raúl Castro em 2014. Saliente-se o efeito da diplomacia religiosa, mais concretamente o papel do Papa Francisco na mediação entre estes dois países. Desde então
vários progressos foram registados: embaixadas reabertas, alguns acordos comerciais
celebrados, ficando por resolver a questão do embargo. Assim,
Cuba e os Estados Unidos deram um passo
importante em relação à reaproximação e normalização das relações bilaterais. Na rede
social Twitter, Barack Obama escreveu
em espanhol e usando uma expressão popular perguntou como estão os cubanos (“Que bolá Cuba?”) e mostrou-se ansioso em
conhecer e ouvir o povo cubano. Em resposta, Donald Trump twittou que a visita de Obama foi um
grande negócio, mas que este não tem respeito nenhum.
Pouco antes da chegada de Obama a
Havana, 50 membros do movimento Damas de Branco foram detidas num protesto,
exigindo a libertação dos presos políticos. Numa carta enviada ao movimento
cubano, Barack Obama garantira que abordara a questão dos Direitos Humanos,
nomeadamente a liberdade de expressão. Em
Miami várias organizações manifestarem-se contra as concessões de Obama ao
regime de Raul Castro. O protesto concentrou os ataques no que os participantes
qualificaram de traição e de medidas nefastas de Obama, que acusam de ter
claudicado (vacilar) perante o poder de Cuba.
Obama
deixou de parte a antiga política de tentar isolar Cuba. Contudo, grandes
obstáculos surgirão para a normalização das relações e os críticos ditam que a
visita é prematura. Os norte-americanos admitem que a viagem pode não produzir
concessões imediatas sobre direitos e liberdade económica. Porém, será uma
oportunidade para analisar os progressos realizados na normalização das
relações, para tratar de áreas onde os governos têm sido capazes de iniciar uma
cooperação bilateral e sobre as áreas de desacordo, incluindo as práticas de
Direitos Humanos. O chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodriguez, declarou que
Cuba não irá negociar qualquer mudança interna com os Estados Unidos.
Os dois lados têm restaurado
laços diplomáticos e assinaram acordos sobre as telecomunicações e o serviço de
companhia aérea regular. Obama usou a sua autoridade executiva para reduzir as
restrições comerciais e de viagens. Cuba ainda se queixa do controlo da base
naval de Guantánamo sob um contrato de arrendamento de 1934, em que Havana diz
que não é válido. Cuba não aprova o apoio dos EUA para os dissidentes e
programas de rádio e TV anticomunistas.
Raul Castro advertiu que apesar do restabelecimento de relações diplomáticas
com os Estados Unidos, Cuba não renunciará ao sistema político socialista.
Barack Obama fez questão de
sublinhar que Cuba é soberana, mas que os Estados Unidos não deixarão de falar
em nome da democracia, da liberdade de expressão e dos direitos humanos, sendo
que não cabe aos Estados Unidos dizer a Cuba como é que eles se devem governar.
Obama elogiou o espírito de abertura de Raúl Castro, mas que a relação entre os
dois governos não se vai transformar de um dia para o outro, lembrando que os
dois países têm dois sistemas diferentes de governo e de economia. Quanto ao
embargo, o Presidente dos Estados Unidos afirmou que este iria acabar e que o
objetivo é criar várias parcerias entre os dois países, incluindo o nível
comercial e até a troca de estudantes.
Castro respondeu que nenhum país cumpre todos os direitos internacionais, relembrando que Cuba tem um forte histórico em direitos como saúde, acesso à educação e à igualdade das mulheres. Criticou os Estados Unidos acerca do racismo, violência policial e uso da tortura na base naval de Guantánamo. Castro levantou o braço de Obama como símbolo de uma saudação de vitória.
Castro respondeu que nenhum país cumpre todos os direitos internacionais, relembrando que Cuba tem um forte histórico em direitos como saúde, acesso à educação e à igualdade das mulheres. Criticou os Estados Unidos acerca do racismo, violência policial e uso da tortura na base naval de Guantánamo. Castro levantou o braço de Obama como símbolo de uma saudação de vitória.
Fidel
Castrou não foi um grande apologista do discurso de Obama, sendo que para este
as palavras melosas, nomeadamente para que ambos os povos
esqueçam o passado, deixando para trás os vestígios da Guerra Fria e para que
juntos olhem com esperança para o futuro, são impróprias
para cardíacos e que os cubanos correram riscos ao ouvir o Presidente dos
Estados Unidos. Fidel considera que Cuba não necessita dos presentes do Império
e que a paz e a fraternidade é o único compromisso.
Para terminar,
os Rolling Stones realizaram um concerto no estádio Ciudad Deportiva de la
Habana. Foi um evento marcante, visto que o governo comunista chegou a proibir
a música do grupo por a considerar um desvio ideológico.
A banda de Mick Jagger está na frente da iniciativa músico a músico, que tem
como objetivo levar até aos músicos cubanos instrumentos e equipamentos doados
por grandes empresas do setor.
Sara Correia, n.º 216287
Fontes:
http://pt.euronews.com/2016/03/28/fidel-diz-que-palavras-de-obama-sao-improprias-para-cardiacos/,
consultado a 28 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2014/12/21/cubaeua-e-agora/,
consultado a 28 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2016/03/01/rolling-stones-vao-dar-concerto-gratuito-em-cuba/,
consultado a 28 de março de 2016
http://pt.euronews.com/2015/12/12/eua-e-cuba-uma-nova-reconciliacao-por-correio/,
consultado a 28 de março de 2016
http://www.euractiv.com/section/global-europe/news/obama-in-cuba-on-historic-visit/,
consultado a 28 de março de 2016
http://www.euractiv.com/section/global-europe/news/obama-pushes-cuba-to-improve-human-rights/,
consultado a 28 de março de 2016
http://www.politico.eu/article/fidel-castro-lectures-barack-obama-after-cuba-trip/,
consultado a 28 de março de 2016
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-03-21-Obama-vai-ser-muito-sincero-com-Castro-sobre-os-Direitos-Humanos-em-Cuba,
consultado a 28 de março de 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário