A Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), foi oficialmente criada a 17 de julho de 1996 através da
Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, sendo que tem como Estados-Membros
fundadores, Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e
São Tomé e Príncipe. Mais tarde em 2002 juntou-se Timor-Leste e mais
recentemente, em 2014 a Guiné Equatorial. Esta comunidade, para melhor
entendimento de que tipo de comunidade se trata, é regida pelos seguintes princípios:
- A concertação político-diplomática entre os seus
estados-membros, nomeadamente para o reforço da sua presença no cenário
internacional;
- A cooperação em todos os domínios, incluindo
áreas sensíveis como a educação, a saúde, a ciência, a tecnologia, a
defesa, a justiça, a administração pública, entre outros;
- A materialização de projetos quer de
promoção quer de difusão da língua portuguesa.[1]
Pelo exposto, a CPLP, é por razões
óbvias, um importante marco na política externa portuguesa. Quer seja pelo
impacto que as relações com os restantes Estados-Membros, pode ter na política
interna portuguesa, quer seja pelo impacto também, nos restantes focos da
política externa portuguesa.
Essa relevância e prioridade dada à
CPLP ficou claramente evidenciada, com as tomadas de posse quer de António
Costa, quer de Marcelo Rebelo de Sousa, que afirmaram que o estreitar de
relações NATO, a UE e a CPLP, têm e irão ser focos principais e fundamentais de
aposta no que à política externa portuguesa, diz respeito. É desejo do executivo
português ir "mais longe" na ação externa portuguesa, de forma a
adquirir cada vez mais credibilidade externa, atraindo não só investimentos
económicos e financeiros, como também influência na arena internacional, com o
objetivo de credibilizar e melhorar a imagem de Portugal na Sociedade
Internacional.
Contudo, em ano de eleger novo
Secretário Executivo da CPLP, o ambiente nos últimos tempos, entre Portugal e
os restantes Estados-Membros tem andado um pouco conturbado, pois Portugal,
seguindo o que está assegurado nos estatutos, referente à rotatividade por uma
ordem alfabética da liderança da CPLP, decidiu (sendo este o seu suposto ano)
apresentar candidatura ao cargo. Contudo esta candidatura, não foi de todo, bem
recebida, por grande parte dos Estados-Membros, que afirmava afincadamente,
haver um "acordo de cavalheiros" remontado à altura da criação da
Comunidade, que defendia que o país onde se situa a sede da Comunidade não
poderia nunca liderar o executivo. Este acordo não foi reconhecido por
Portugal, criando um ambiente tenso no seio da CPLP.
Esta
candidatura, foi ainda vista por alguns, como uma imposição que Portugal
estaria a fazer, e que devia voluntariamente abdicar do cargo, a favor de São
Tomé e Príncipe, sendo que este era supostamente o legitimo seguidor, para
Secretário Executivo. No entanto, Portugal continuava a afirmar que
desconhecia tal “acordo de cavalheiros”, e alguns dos membros que pertenciam ao
executivo na altura da criação, como é o caso de Marcolino Moco, quando
confrontados acerca do assunto em questão, afirmaram desconhecer tal facto, o
que deixou ainda a polémica dentro da CPLP mais acesa. Portugal, na reunião
ocorrida entre os Ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-Membros, no passado
dia 17 de março, apresentou à mesma a sua candidatura, ao cargo. Tal como São
Tomé e Príncipe. Ficando então decidido na reunião que Portugal iria dividir
com São Tomé e Príncipe o mandato. Mais especificamente e sendo cada mandato de
dois anos, irá cada um ocupar um mandato, começando por São Tomé e Príncipe e
seguindo-se Portugal, ficando desta forma, já decidido os próximos dois
mandatos.
Não se sabe
ao certo, o que levou a esta tomada de decisão. Contudo, depreende-se que esta
decisão, prende-se com a expressa e rápida necessidade de terminar com toda a
polémica envolvente e credibilizar novamente quer perante a imprensa
internacional, quer perante a própria Sociedade Internacional, a Comunidade de
Países de Língua Oficial Portuguesa, mostrando que o ambiente e relações
internas da Comunidade é e está ameno, conseguindo-se resolver cada contratempo
rápida e eficazmente.
Esta extrema
necessidade de credibilizar e fortificar a imagem da CPLP, tem a ver com o
facto desta comunidade ser ainda olhada enquanto comunidade falhada por parte
da Sociedade Internacional, chegando até alguns autores a considerar que a CPLP
torna-se um pouco como neocolonialismo, por parte de Portugal perante os
restantes países (à exceção do Brasil), pelo simples facto de ser uma
comunidade cuja larga maioria dos Estados-Membros (com exceção de Portugal),
serem países que estão ainda longe de se considerar minimamente desenvolvidos
em diversas vertentes, mas principalmente, longe de serem desenvolvidos
humanamente e nas condições que proporcionam à sua população.
No entanto,
os objetivos, que se avizinham a ser discutidos na próxima cimeira que se irá
realizar em julho em Brasília, favorecem a prosperidade, crescimento e
visibilidade da CPLP, pelo mundo. Contrariando assim, o que muitos defendem, e
mostrando que a CPLP é e pode ser cada vez mais um “mar de oportunidades”,
nomeadamente em matéria de concertação política e diplomática, pois todos os
países da CPLP estão integrados nos seus respetivos grupos regionais,
garantindo assim a vitalidade da CPLP, pela adoção de posições comuns nas
organizações internacionais, reforçando desta forma as relações, quer estas
sejam ao nível bilateral e multilateral, garantindo assim a projeção no mundo
cada vez mais globalizado.[2]
Pelo
exposto, Portugal deve sem dúvida, manter como prioridade este “mar de
oportunidades” de é a CPLP, pois a nível de posicionamento de política externa,
só nos irá favorecer.
[1] - Retirado de: Site Oficial da
Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa – objetivos. Disponível em : http://www.cplp.org/id-2763.aspx - consulado dia 22 de março de
2015
[2] - Baseado em: http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/cplp-e-um-mar-de-opotunidades-2968368.html - consultado dia 23 de março de
2016
Carolina
Mendes
Fontes:
http://www.dn.pt/portugal/interior/marcelo-vai-a-mocambique-e-afina-politica-externa-com-costa-5071476.html -
consultado dia 24 de março de 2016
http://observador.pt/2016/03/08/braco-ferro-na-cplp-portugal-nao-abdica-nomear-lider/ -
consultado dia 22 de março de 2016
http://observador.pt/2016/03/07/cplp-ha-acordo-cavalheiros-portugal-nao-assumir-cargo/
- consultado dia 23 de março de 2016
http://www.dn.pt/portugal/interior/afinal-o-proximo-lider-da-cplp-sera-de-sao-tome-5082707.html -
consultado dia 23 de março de 2016
http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/cplp-e-um-mar-de-oportunidades-2968368.html -
consultado dia 23 de março de 2016
http://www.dn.pt/mundo/interior/sao-tome-e-principe-vai-apresentar-candidato-a-secretario-da-cplp-5066513.html - consultado dia 22 de março de 2016
http://www.cplp.org/id-2763.aspx - consultado dia 23 de março de 2016
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