segunda-feira, 28 de março de 2016

O triângulo das circunstâncias

          A Hungria está na mira em relação ao seu papel nas relações entre a Rússia e a União Europeia, sendo que o mesmo foi reforçado após a visita do Primeiro-Ministro húngaro, Viktor Orban, a Vladimir Putin. Este precisa de se aproximar dos seus aliados europeus para conseguir que as relações entre o seu país e a União Europeia voltem aos tempos anteriores às sanções impostas por Bruxelas.
            Orban poderá ser criticado em relação ao acordo sobre a extensão da central nuclear de Paks, o qual foi maioritariamente financiado por Moscovo. Bruxelas dita que a central não compre os requisitos da União e já fez inúmeras investigações acerca do projeto. Também pelo facto de prejudicar os interesses dos Estados Unidos, uma vez que a Hungria, apesar de ser membro da NATO, poderá vir a comprar helicópteros à Rússia. Espera-se que Orban e Putin venham a debater as sanções europeias impostas aos russos e as sanções russas contra a Hungria.
            Apesar de alguns Estados-membros expressarem vontade em suavizar as sanções contra a Rússia, estes acabaram por concordar na extensão das sanções durante mais seis meses. As relações entre Bruxelas e Moscovo poderiam ser reatadas se os preços do crude provocarem uma forte quebra no crescimento económico russo. Contudo, a Rússia não apela diretamente à União Europeia para acabar com as sanções, preferindo utilizar intermediários. Assim, o Primeiro-Ministro russo, Dimitri Medvedev, afirmou que não foram os russos que começaram com tudo isto e que não lhes cabia acabar com a situação.
            Indiscretamente a Rússia vai fazendo pressão sobre alguns Estados-membros para que estes apoiem os seus interesses dentro da organização. Moscovo tem vindo a tentar negociar o levantamento de algumas sanções oferecendo em troca o levantamento de outras sanções contra os Estados-membros, sendo que os países mais afetados pelas sanções russas (Grécia, Chipre, Hungria e Itália), podem tomar decisões no sentido de uma reaproximação com a Rússia no quadro do Conselho da Europa para aliviar as tensões.
            Apesar de a Hungria apoiar as sanções europeias e pelo facto de ter uma economia orientada para as exportações, esta influencia a necessidade da resolução do conflito com a Rússia, e assim relança as suas exportações para aquele país. Para Bruxelas, a Hungria poderá ter indo longe demais, essencialmente, em relação ao aumento da dependência energética para com Moscovo. Balázs, antigo Comissário Europeu para a Política Regional, acredita que a Hungria tem procurado aliados no lado errado e afirma que a Rússia apenas vê na Hungria uma ótima ferramenta para desestabilizar a estabilidade da União Europeia dentro das suas fronteiras.

Sara Correia, n.º 216287

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