terça-feira, 8 de março de 2016

Crise dos refugiados

Como sabemos, os conflitos no Médio Oriente fizeram com que a maioria dos pedidos fosse feita por sírios, afegãos e iraquianos, sendo que estas nacionalidades representam mais de metade do total de primeiros pedidos de asilo apresentados em 2015.
Após vários falhanços na gestão da crise migratória e face a milhares de novas chegadas à Europa, a UE quer convencer a Turquia a aceitar migrantes de volta (Plano de Ação UE-Turquia), usando o governo do Presidente Erdogan como “cão de guarda” das suas fronteiras. Ahmet Davutoglu, Primeiro-ministro turco, afirmou que iria aceitar de volta os não-sírios que cheguem à Grécia. Contudo, Gauri Van Gulik, vice-diretor da Amnistia Internacional para a Europa e Ásia Central, dita que “usar a Turquia como um país terceiro seguro é absurdo” e alerta para o facto de a Turquia ser o guarda-costas da UE ser um risco. Isto tudo se passou depois de Bruxelas ter oferecido três mil milhões de euros à Turquia e de ter prometido facilitar a atribuição de vistos a cidadãos turcos, em troca de ser o país com menos números de pessoas refugiadas. David Cameron, Primeiro-ministro britânico, anunciou que irá reforçar a missão no mar Egeu, cujo objetivo é enviar refugiados e migrantes de volta para a Turquia, impedindo-os de alcançar território europeu. Esta operação contará com a ajuda da NATO.  
O governo francês ameaçou dar ordens às autoridades em Calais para que parem com os controlos fronteiriços e que deixem passar os refugiados e migrantes pelo eurotúnel até território britânico, se o Reino Unido decidir abandonar a UE. Emmanuel Macron, Ministro das Finanças francês, afirmou que poderá limitar o acesso do Reino Unido ao mercado comum e tentar atrair para França os banqueiros londrinos. Boris Johnson, defensor da Brexit, reagiu e pediu que "ignorem os que querem incutir o medo".
O Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, declarou que a redução do número de migrantes que viajam da Turquia para as ilhas gregas é categórico para que não haja um desastre humanitário. Tusk tem viajado até às capitais do centro e do sudeste europeu com a intenção de aliviar as tensões provocadas pelas decisões da Áustria e de vários países dos Balcãs em restringirem as passagens de requerentes de asilo nos seus territórios. “Nem por um momento podemos parar os nossos esforços para melhorar a cooperação com os nossos vizinhos, a começar pela Turquia", declarou Tusk, acrescentando que a Europa está preparada para dar apoio financeiro a países em guerra como a Síria e o Iraque.
Esta segunda-feira, o Primeiro-ministro turco juntamente com os líderes dos 28 Estados-membros discutiram a crise no Espaço Schengen. Está em questão a rota dos Balcãs que, em 2015, possibilitou a travessia de 880 mil pessoas da Grécia em direção à Alemanha e Suécia. Os líderes europeus querem pôr fim a esta rota, sendo que dos 26 países do Espaço Schengen, oito o suspenderam e reintroduziram o controlo de pessoas nas fronteiras internas: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslovénia, Hungria, Noruega e Suécia. Os países da rota dos Balcãs Ocidentais, incluindo os que não fazem parte da UE, estão prontos para aplicar as regras e decisões comuns, incluindo o Código de Fronteiras Schengen. A Comissão Europeia defende a aceleração dos prazos para a entrada em funcionamento de uma Guarda Costeira e de Fronteiras Comum. Apesar do apoio do bloco de Leste e Áustria, Angela Merkel demonstrou a sua oposição. David Cameron garantiu que o seu país não participará em nenhuma agência comum para o processamento de pedidos de asilo e redistribuição de refugiados, se Bruxelas avançar para essa solução. Portugal e França mostraram-se solidários em dizer não ao fecho de fronteiras e dizer sim à cooperação europeia e apoiar quem foge da guerra e de situações de dificuldade.
A cimeira serviu ainda para acalmar Alexis Tsipras. O mesmo afirmou que a Grécia não pode transformar-se num depósito de almas e ordena mais apoio dos parceiros europeus. A Troika não quer misturar a crise de refugiados com o Programa de Assistência Financeira, nem aliviar as exigências da primeira avaliação por causa dos milhares de migrantes e requerentes de asilo que chegam à Grécia. Porém, os líderes europeus deverão dispensar mais assistência humanitária, o que inclui a proposta da Comissão Europeia para o novo instrumento de Emergência. A recolocação de refugiados da Grécia e Itália para outros Estados-membros deverá ser mais incentivada.
O Primeiro-ministro português, António Costa, considerou que o entendimento entre a UE e a Turquia dará uma resposta mais efetiva à crise migratória e de refugiados. Costa sublinhou que o acordo garante que a Grécia não fica isolada e que há uma resposta humanitária ao nível dos valores europeus para todos os que carecem de proteção internacional. Quanto a Portugal, irá manter a sua posição. Por um lado, assumirá o dever de partilhar com os Estados-membros a responsabilidade de gestão da fronteira externa, de assegurar a proteção internacional aos refugiados que procuram na Europa segurança e oportunidade de reconstruir a sua vida. Por outro lado, a defesa dos valores da liberdade, de circulação e de liberdades fundamentais.

Sara Correia, N.º 216287

Sem comentários:

Enviar um comentário