terça-feira, 15 de março de 2016

Donald Trump, o “Contestável”

Em diversos momentos da história, os povos de diversos países submeteram-se a líderes extremistas. A liderança de muitos desses governantes era alimentada por crenças presentes nas populações, das quais os respectivos governantes conseguiam retirar o devido proveito.
Donald Trump, um dos candidatos republicanos a disputar as eleições primárias para a Casa Branca, está a ganhar protagonismo, às custas de ideias e medidas controversas que promete realizar caso seja eleito. Entre estas ideias que revelam muito dos seus ideais conservadores, nacionalistas e extremistas está o muro a separar os Estados Unidos da América, do México, para que não entrem ilegalmente em território americano, mexicanos apelidados pelo próprio, de muitos serem violadores e traficantes de droga. Contudo, Donald Trump consegue ir ainda mais longe, dizendo que os muçulmanos devem ser expulsos e proibidos de entrar nos Estados Unidos, dado o risco de serem terroristas.
Pior do que o facto de um candidato à presidência dos Estados Unidos defender tais ideias, será mesmo o facto de estar a encontrar na população americana apoio para levar estas propostas avante. Donald Trump tem sabido gerir bem os seus apoiantes, que estão a crescer, sendo que as manifestações de apoio são cada vez maiores. Transparece para fora, que este, apenas diz aquilo que as pessoas querem ouvir, principalmente no que toca à defesa dos interesses dos americanos.
Este sensacionalismo tem marcado a campanha do candidato, sendo contestado por todos os seus opositores, dentro e fora do partido republicano. O facto destas ideias de Donald Trump serem tão polémicas, leva a que pessoas que apoiam outros candidatos e que não se revêm na candidatura do republicano, tentem boicotar os seus comícios e impedir que este discurse. Nas diversas invasões aos seus comícios, já se registaram incidentes violentos e desacatos. Com a sua postura própria, o candidato acaba por incitar a violência, como meio de resolução de problemas, como o fez em pleno discurso numa das ocasiões. Apesar de ter sido contra a invasão que os EUA fizeram no Iraque, mostra hoje uma postura muito mais agressiva e conflituosa em relação a outros países, e por sua vez a outras religiões e culturas.
No meu ponto de vista, se Donald Trump não mostrar capacidades de resolver pequenos conflitos nos seus comícios, apelando à calma e à liberdade de expressão, entre outros valores básicos de uma democracia, então, não demonstra capacidades para numa situação de tensão internacional (enquanto possível Presidente Americano), aliviar esse clima através de medidas diplomáticas. Ao invés, demonstra que seria impulsivo, e funcionaria como um catalisador de um clima de tensão e de atritos dentro da comunidade internacional.
Por essa razão, uma possível eleição de Donald Trump como Presidente dos EUA seria, a meu ver, um perigo para a estabilidade das relações entre as grandes potências. É preciso não esquecer que os EUA são um dos maiores poderios militares do mundo, inclusivamente com armas nucleares. As ideias que Trump já revela na campanha, são inspiradoras (de forma negativa) do ambiente que este pretende criar. Num momento que as nações apelam a campanhas de desarmamento, de pacificação, em que se trava uma luta contra o Estado Islâmico, será dispensável a criação de outros conflitos, principalmente entre grandes actores internacionais.
Apesar desta minha opinião, Donald Trump parece estar a conquistar votos, tendo alguns americanos do seu lado. No entanto, ideais tão nacionalistas e talvez xenófobos, não serão certamente bem acolhidos numa sociedade tão multicultural, como é a americana, onde são muitas as comunidades de vários pontos do globo. Donald Trump parece alimentar-se de crenças e ideias presentes na sociedade e não manifestadas pelos americanos, como se estivessem “adormecidas”. Do outro lado os americanos suportam estas ideias. Cada vez mais a política é a arte de dizer às pessoas aquilo que elas querem ouvir.
Uma coisa é certa, se ganhar, Donald Trump não será certamente o presidente de todos os americanos.

João Cunha

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