A
actualidade é dura. O assunto refugiados é tão falado que as pessoas começam a
tornar-se um pouco insensíveis ao que se está a passar na Europa e no Mundo, no
entanto os refugiados entram na Europa a um ritmo alucinante e as soluções não
têm sido as melhores e as mais rápidas. De facto, a Europa não estava preparada
para o que se está a passar e não se esperava um novo surgimento da
extrema-direita na Europa depois de tudo o que se viveu no século passado, mas
a verdade é que isso está a acontecer.
No ano de 2015 “chegaram por mar 351
314 migrantes à Europa, 234 778 ilegais entraram na Grécia desde o início do
ano. Em Itália foram 114 276. Ocorreram 2643 mortes no Mediterrâneo desde o
início do ano. Em 2014 foram 2223 mortes. 800 foram o número de mortos a 19 de
abril de 2015 ao largo da Líbia naquele que é considerado o pior naufrágio com
migrantes do ano passado.” A resposta a estes números não tem sido suficiente
tendo em conta a dimensão do problema. Alguns países europeus dispuseram-se a
alojar refugiados mas a verdade é que estes têm chegado a um ritmo tão
alucinante que os países não têm conseguido controlar a sua entrada. Todos os
dias chegam notícias de mais mortes no mediterrâneo e todos os dias mais
refugiados são barrados à entrada da Europa. O grande fluxo de refugiados vem
da Síria e entra na Turquia atravessando depois o mar Egeu para entrar na
Grécia. A partir daí seguem até à Hungria com o grande objectivo de conseguir
chegar à Alemanha.
Foi a partir do dia 9 deste mês que
a Eslovénia passou a barrar a entrada a refugiados e a migrantes, “sendo por
isso o primeiro país do Espaço Schengen a aplicar tal medida. A entrada na
Eslovénia vai, a partir de agora, ser concedida a "estrangeiros que
cumpram os requisitos para entrar no país", aqueles que desejam pedir
asilo e a migrantes selecionados "caso a caso por razões humanitárias e de
acordo com as regras do espaço Schengen", informou o Ministério do
Interior esloveno, em comunicado.”
A Hungria
declarou estado de crise devido à imigração e o governo pretende mesmo reforçar
as suas fronteiras a sul como forma de combater a entrada de refugiados. Esta é
a segunda vez que o estado Húngaro declara o estado de crise depois de ter
encerrado as fronteiras com a Sérvia e a Croácia com vedações. Também no início
do mês chegou a notícia que trinta mil refugiados estão retidos na Grécia
devido ao encerramento de fronteiras. As pessoas encontram-se num campo que tem
apenas capacidade para duas mil e quinhentas pessoas.
A própria
Alemanha também já agravou a sua lei de asilo devido ao número de refugiados
que chegam ao seu território. Neste dia 13 de Março, “o partido anti-imigração
Alternativa para a Alemanha (AfD), que nasceu há três anos, obteve resultados
inéditos nas eleições regionais deste domingo na Alemanha. Sondagens à boca das
urnas apontam para uma derrota do partido conservador de Angela Merkel em dois
dos três estados federais que foram a votos. A chanceler alemã, que nos últimos
meses foi várias vezes encostada à parede por causa das suas políticas de
acolhimento de refugiados, tem agora a confirmação de que lhe espera um longo e
difícil trabalho até às eleições federais de 2017.” Foram também registadas
manifestações onde se ouviram gritos “Heil Hitler”.
Esta situação poderá vir a trazer
problemas para a Europa e para o Espaço Schengen. “A história do Espaço
Schengen começou em 1985, quando cinco Estados‑Membros
da União Europeia decidiram suprimir os controlos nas suas fronteiras internas
— assim nasceu o Espaço Schengen. Num continente onde anteriormente as nações
derramavam sangue para defender os seus territórios, hoje as fronteiras só
existem nos mapas. Actualmente, o Espaço Schengen engloba 26 países (22 dos
quais são Estados‑Membros da União Europeia): Bélgica, República Checa,
Dinamarca, Alemanha, Estónia, Grécia, Espanha, França, Itália, Letónia,
Lituânia, Luxemburgo, Hungria, Malta, Países Baixos, Áustria, Polónia,
Portugal, Eslovénia, Eslováquia, Finlândia e Suécia, assim como a Islândia, o
Listenstaine, a Noruega e a Suíça, o que significa mais de 400 milhões de
cidadãos.Por isso fazer parte do espaço sem controlos nas fronteiras internas significa
que estes países: não efetuam controlos nas suas fronteiras internas (ou seja, nas
fronteiras entre dois Estados Schengen), efetuam controlos harmonizados, com
base em critérios claramente definidos, nas suas fronteiras externas (ou seja, nas
fronteiras entre um Estado Schengen e um Estado não Schengen).”
A actualidade é de facto muito dura. A Europa, e neste
caso o Espaço Schengen, enfrentam uma crise de refugiados e uma perigosa
ascensão da extrema-direita que não irá pactuar com a abertura das fronteiras
europeias e com a vinda de mais refugiados. O surgimento de partidos
anti-imigração e eurocéticos podem vir a pôr fim a tudo o que foi construído
desde o século passado, com o principal objectivo de manter a paz no Velho
Continente.
Tanto a UE como o Espaço Schengen têm de se manter
fortes e unidos nas suas políticas externas porque toda esta crise pode correr
muito mal para os refugiados, para os europeus e para a Europa tal como a
conhecemos hoje.
Beatriz
Estêvão Silva
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