O
dia 22 de Março nasceu cinzento no centro da Europa, não devido ao tempo, mas
por culpa dos atentados que tiveram lugar em Bruxelas. Três bombas, duas no
aeroporto e uma numa estação de metro, abalaram a capital da Bélgica. Apesar de
os números oficiais mostrarem que os atentados causaram 34 mortes e duas
centenas de feridos, o balanço deve incluir muito mais que estes números.
Depois dos ataques de Paris, mais um ataque terrorista tem lugar numa grande
capital europeia, marcando uma onda de violência reclamada pelo autoproclamado
Estado Islâmico.
O
combate ao Estado Islâmico está declarado, mas é cada vez mais óbvio que o
mesmo está de armas em punho, apontadas para a Europa e para todos os que façam
frente à sua expansão. As baixas deste atentado em Bruxelas não foram só as
vítimas directas, todos os habitantes da Europa e um pouco por todo o mundo são
eles também vítimas. Vítimas do medo, vítimas da insegurança e da fuga à
tranquilidade do quotidiano.
O
Estado Islâmico já avisou que estes ataques vão continuar, que a luta pela
conquista do Ocidente está longe de estar terminada, e que estes episódios a
que vamos assistindo são meras batalhas de uma guerra, que parece estar longe
do seu ponto mais alto.
É
necessário, no meu ponto de vista, um aumento da aplicação de políticas de
segurança. As fronteiras da Europa necessitam de estar mais protegidas,
necessitam de estar alerta para a entrada de terroristas e é necessário
delinear planos de intersecção e eliminação de células terroristas, que se
inserem nas sociedades das grandes cidades europeias e que acabam por recrutar
residentes dessas mesmas cidades. O aumento do investimento nos serviços
secretos pode ser fundamental, no trabalho de prevenção destes ataques
terroristas, servindo também como factor de afastamento do aparecimento de
grupos terroristas.
Nas
muitas reacções e comentários aos ataques em Bruxelas, foi sempre referido que
a cooperação e partilha de informação entre os vários serviços secretos,
nomeadamente entre países da União Europeia, deveriam ser muito maiores e mais
recorrentes. A verdade é que esta ideia parece-me ainda um pouco longe de poder
ser uma realidade, ou pelo menos exequível, dado que essa matéria poderá ter
influência na sua própria soberania. A este facto juntam-se muitas outras
variáveis que poderão restringir a aplicação destas medidas.
O
futuro mostra-se incerto, quer em relação às medidas que serão tomadas, quer
aos alvos que o Estado Islâmico pode atacar. Um clima de maior tensão e
possíveis confrontos militares poderão vir a fazer parte da nossa realidade.
Para já o cenário mais caótico ainda se encontra longe da Europa e das grandes
capitais europeias, apesar destes eventos esporádicos de terrorismo.
Resta
preparamo-nos, e arranjarmos mecanismos de prevenção e eliminação destas
ameaças terroristas e dos extremismos que o Estado Islâmico apregoa, que estão
mais fortes, violentos e letais do que alguma vez estiveram. A pergunta que
fica é: será isto uma questão religiosa ou se calhar a culpa até é do Ocidente?
Naquele dia perdeu-se uma batalha, não a guerra.
João
Cunha
Fontes:
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-03-22-Daesh-promete-voltar-a-atacar-O-que-vos-espera-sera-amargo
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