segunda-feira, 28 de março de 2016

Perdeu-se uma batalha, não a guerra

O dia 22 de Março nasceu cinzento no centro da Europa, não devido ao tempo, mas por culpa dos atentados que tiveram lugar em Bruxelas. Três bombas, duas no aeroporto e uma numa estação de metro, abalaram a capital da Bélgica. Apesar de os números oficiais mostrarem que os atentados causaram 34 mortes e duas centenas de feridos, o balanço deve incluir muito mais que estes números. Depois dos ataques de Paris, mais um ataque terrorista tem lugar numa grande capital europeia, marcando uma onda de violência reclamada pelo autoproclamado Estado Islâmico.
O combate ao Estado Islâmico está declarado, mas é cada vez mais óbvio que o mesmo está de armas em punho, apontadas para a Europa e para todos os que façam frente à sua expansão. As baixas deste atentado em Bruxelas não foram só as vítimas directas, todos os habitantes da Europa e um pouco por todo o mundo são eles também vítimas. Vítimas do medo, vítimas da insegurança e da fuga à tranquilidade do quotidiano.
O Estado Islâmico já avisou que estes ataques vão continuar, que a luta pela conquista do Ocidente está longe de estar terminada, e que estes episódios a que vamos assistindo são meras batalhas de uma guerra, que parece estar longe do seu ponto mais alto.
É necessário, no meu ponto de vista, um aumento da aplicação de políticas de segurança. As fronteiras da Europa necessitam de estar mais protegidas, necessitam de estar alerta para a entrada de terroristas e é necessário delinear planos de intersecção e eliminação de células terroristas, que se inserem nas sociedades das grandes cidades europeias e que acabam por recrutar residentes dessas mesmas cidades. O aumento do investimento nos serviços secretos pode ser fundamental, no trabalho de prevenção destes ataques terroristas, servindo também como factor de afastamento do aparecimento de grupos terroristas.
Nas muitas reacções e comentários aos ataques em Bruxelas, foi sempre referido que a cooperação e partilha de informação entre os vários serviços secretos, nomeadamente entre países da União Europeia, deveriam ser muito maiores e mais recorrentes. A verdade é que esta ideia parece-me ainda um pouco longe de poder ser uma realidade, ou pelo menos exequível, dado que essa matéria poderá ter influência na sua própria soberania. A este facto juntam-se muitas outras variáveis que poderão restringir a aplicação destas medidas.
O futuro mostra-se incerto, quer em relação às medidas que serão tomadas, quer aos alvos que o Estado Islâmico pode atacar. Um clima de maior tensão e possíveis confrontos militares poderão vir a fazer parte da nossa realidade. Para já o cenário mais caótico ainda se encontra longe da Europa e das grandes capitais europeias, apesar destes eventos esporádicos de terrorismo.
Resta preparamo-nos, e arranjarmos mecanismos de prevenção e eliminação destas ameaças terroristas e dos extremismos que o Estado Islâmico apregoa, que estão mais fortes, violentos e letais do que alguma vez estiveram. A pergunta que fica é: será isto uma questão religiosa ou se calhar a culpa até é do Ocidente? Naquele dia perdeu-se uma batalha, não a guerra.
João Cunha

Fontes:
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-03-22-Daesh-promete-voltar-a-atacar-O-que-vos-espera-sera-amargo

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