Quando
Francis Fukuyama defendeu que o final da Guerra Fria representaria o Fim da
História, surgiram momentos como o 11 de Setembro de 2001 e a Guerra do Iraque
em 2003 que vieram provar o contrário. Na verdade, podemos hoje afirmar, que os
recentes atentados dos grupos terroristas islâmicos à Síria, Camarões, França e
Bélgica (por exemplo) são a prova de que a história está longe de ter um fim.
No
passado dia 22 de Março a cidade de Bruxelas, coração da União Europeia, foi vítima
de mais um atentado dos terroristas islâmicos. Causando cerca de trinta e cinco
mortos, três bombistas suicidas atacaram o aeroporto de Bruxelas, bem como o metro
da cidade, onde instalaram o pânico e vitimaram centenas de pessoas inocentes.
De facto, este constitui um tema que tem gerado debate na óptica das discussões
sobre o Terrorismo, graças aos métodos utilizados por estes grupos, à sua
génese e às suas estratégias.
Surgiu
um novo cenário à comunidade internacional, graças aos grandes movimentos de
globalização, aos novos actores e às novas dinâmicas que a caracterizam. Este
cenário, como se tem visto, muito além de todas as suas vantagens, tem posto em
jogo a necessária segurança mundial.
Este
tema interessa-nos pois, de facto, uma das premissas fundamentais para entender
o fenómeno do terrorismo passa por aprendermos que todo o terrorismo é acto
político. Em segundo lugar, que o terrorismo é instrumental, ou seja, é um meio
e não um objectivo final. Constituindo então um acto político e visto que
influencia a condição de diversos actores internacionais, ele insere-se na
esfera da política externa.
Os
mais recentes acontecimentos em Bruxelas trouxeram o pânico e o terror à União
Europeia. A justiça belga acusa mais de três homens por actividades
terroristas, e “ (…) em comunicado, os procuradores federais identificaram os
três acusados como Yassine A., Mohamed B. e Aboubaker O., acrescentando que,
nesta fase da investigação, não podem divulgar mais informações. (…) ”.
O
duplo atentado terrorista de que a cidade de Bruxelas foi vítima foi já
reivindicado pelo auto-denominado Estado Islâmico, que ameaçou ainda a chegada
de “dias sombrios” para a União Europeia. A única certeza que nos pode surgir é
de que se vivem momentos de insegurança e de terror. A União Europeia tem sido
um dos alvos do Estado Islâmico, mas não tem obviamente sido o único. Este
duplo atentado foi o primeiro ao coração da União Europeia, que estava em
alerta desde os ataques do Daesh em Paris, no dia 13 de Novembro de 2015.
A
reacção da União Europeia a estes acontecimentos tem-se baseado numa junção de
esforços em torno do sistema de controlo de passageiros que circulam dentro da
União Europeia, com vista a assegurar a estabilidade no seio da U.E. Os
ministros dos estados-membros da União Europeia discutiram no dia 24 de Março
em Bruxelas a resposta a dar aos ataques preponderados pelo Estado Islâmico.
Nesta
discussão esteve em causa, principalmente, a questão do controlo das fronteiras
externas da União Europeia, tema já muito debatido graças à Crise dos Refugiados.
Para além destas, foram também debatidas medidas como: “ (…) a partilha de
informações entre os Estados membros e a adoção de um sistema de controlo de
dados dos utilizadores dos transportes aéreos, conhecido como PNR (Passenger Name Record), que permitiria a
recolha de dados de viajantes de fora da UE para a UE e vice-versa, assim como
dos passageiros de voos no espaço europeu, ainda que, neste último aspeto, sem
caráter obrigatório (…) ”, de acordo com o Diário de Notícias.
A
União Europeia é uma das maiores potências mundiais, tem interesses a defender
e objectivos a atingir. No entanto, constitui actualmente um dos principais
alvos daquele que se auto-denomina de Estado Islâmico.
Numa
era de globalização, onde toda a informação corre tão rápido, onde todos os
processos são tão acelerados, todo o cuidado é pouco. E aqui prevalece, ou
devia prevalecer, o interesse comum da segurança mundial.
Mariana
Dinis
Fontes:
Lara,
António de Sousa (2013) – Ciência Política: Estudo da Ordem e da Subversão.
Lisboa: ISCSP-UTL.
Balão,
Sandra Maria Rodrigues (2014) – A Matriz do Poder. Lisboa: Edições MGI.
Moreira,
Adriano (2015) – Entrevista “Ataque Terrorista”. Disponível em http://www.ionline.pt/274178 - Data de
Acesso: 27 de Março de 2016
Diário
de Noticias, “O que sabemos até agora sobre os atentados de Bruxelas” (2016).
Disponível em: http://www.dn.pt/mundo/interior/o-que-se-sabe-sobre-os-atentados-de-bruxelas-5090248.html
- Data de Acesso: 27 de Março de 2016
Diário
de Notícias, “UE decide hoje resposta a ataques terroristas”(2016). Disponível
em: http://www.dn.pt/mundo/interior/ue-decide-hoje-resposta-a-ataques-terroristas-5092687.html
- Data de Acesso: 27 de Março de 2016
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