“A Europa é qualquer coisa que é
preciso unir”
Denis de Rougemont, Carta aberta aos
europeus
Em
praticamente 60 anos de história, a União Europeia enfrenta a pior crise de
sempre. Não uma crise de um sector em especial, mas sim, uma crise generalizada
e que se apresenta como um grande desafio aos pilares que sustentam a União
Europeia, por se tratar de uma crise que embarga em si, um conjunto de outras
diversas crises, cujas respostas da UE não têm sido suficientes ou eficazes
para as, pelo menos, atenuarem, de forma a não causar danos.
A
pergunta, que agora mais se entoa, junto de quem analisa todos os contextos
envolventes nesta crise da UE assim como, as repercussões que esta pode ter
quer a nível interno, quer a nível externo, é se irá ou não a UE, mantendo os
mesmos pilares, sobreviver? Se conseguirá sobreviver ao iminente perigo do
BREXIT? Se conseguirá sobreviver à crise de migrantes e terrorismo que assombra
neste momento a Europa, e que abala uma das maiores conquistas da UE, como é o
caso do Espaço Schengen? As respostas as estas questões dividem-se, entre as
positivistas e pessimistas, cada lado com os seus argumentos. No entanto, a
única coisa que se pode afirmar com certeza, é que que todas estas crises,
ampliaram em larga escala as divergências na forma como cada um encara a
instituição europeia, assim como, os diferentes valores europeus, acentuando
desta forma a heterogeneidade, assim como, a generalização da descrença da UE,
enquanto instituição capaz de salvaguardar a paz, e os interesses e bem-estar
dos cidadãos dos variados Estados-Membros, levando à formação dos mais diversos
movimentos populares.
A
ideia europeia em termos gerais, resulta de um esforço de cooperação,
traduzindo-se num projeto de união, entre países que outrora eram inimigos,
tendo como objetivo a manutenção da paz, através da convergência de objetivos
comuns, quer a nível económico, quer a nível político, quer a nível social. Foi
resultado de um processo contínuo de constante evolução de cooperação e
integração. Contudo, os sucessivos alargamentos e as sucessivas crises a que
temos vindo a assistir nos últimos anos, no seio na UE tornou a convergência de
objetivos bem mais difícil. A soberania de cada país começou a falar mais alto,
sendo que grande parte dos Estados-membros começou a preferir salvaguardar os
seus próprios interesses, mais especificamente neste tempo de sucessivas crises
a todos os níveis que a UE enfrenta, garantindo assim a sua estabilidade e
segurança, do que lutar em torno de objetivos comuns, que muitas das vezes
podem não os beneficiar tanto, quanto o que desejariam.
Contudo,
e pelo exposto, apesar de os tempos serem de crise e o ceticismo europeu, ter
aumentado, são muitos aqueles que ainda são a favor de que uma Europa
coordenada, é a melhor forma de dar respostas eficazes nesta “aldeia global”
que é este nosso mundo. Atualmente os Estados precisam uns dos outros, há
sempre, por maior ou menor grau de desenvolvimento de um país, uma relação de
dependência entre Estados, que é inerente ao crescente e inegável elevado grau
de globalização. Assim sendo, e em opinião muito pessoal, as ações dos diversos
Estados-membros, se não forem coordenadas, em torno de objetivos comuns, de
forma a dar resposta às crises que assombram a UE, podem levar não só ao
colapso dos pilares da UE, como também afetar criticamente os Estados-Membros,
quer seja ao nível da sua própria política interna, quer seja ao nível da sua
política externa e consequentes relações externas.
Principalmente
no que diz respeito à crise migratória, os Estados-membros têm que aceitar este
enorme desafio, e coordenar as suas ações e objetivos em torno de preocupações
comuns, e que vão de encontro, à salvaguarda das necessidades dos Estados
pertencentes à UE, tendo sempre em conta que UE é uma questão de democracia e
por essa mesma razão nem sempre se consegue o que se quer, mas que é esse mesmo
o desafio desta instituição. A crise migratória, ou neste caso, as respostas
que se estão ou irão dar a esta crise, podem ser decisivas quanto ao colapso ou
não da UE, uma vez que pode (e já se fala bastante nisso), em primeiro plano
abalar uma das maiores conquistas e pilares, tal como já referido
anteriormente, da UE, isto é, o Espaço Schengen, e mais tarde e adotando uma
visão mais pessimista, minar até o mercado comum.
Os
tempos não estão fáceis e a fragilidade económica e o clima de insegurança,
originam posições cada vez mais extremistas pondo em causa, os valores
fundamentais europeus, e da democracia europeia que se foi, e se está a
construir.
Será
isto o início do fim da União Europeia, ou será apenas mais um enorme obstáculo
que os Estados-membros conseguirão ultrapassar, através de soluções comuns?
Esperemos bem, que não passe tudo de uma enorme tempestade e que a bonança
esteja a caminho e que traga tempos prósperos e cheios de esperanças, para que
seja possível a continuação da construção deste projeto de paz.
Ana
Carolina Mendes, nº216299
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