terça-feira, 12 de abril de 2016

Portugal – Grécia, viram-se gregos para agradar.

O actual primeiro-ministro português, António Costa, está de visita à Grécia, governada por Alexis Tsipras. Neste encontro, um dos temas fortes foi a relação dos dois países com a chamada austeridade imposta pela União Europeia e a questão dos refugiados.
No encontro entre os dois primeiros-ministros a troca de elogios não faltou, sendo que a Grécia aplaudia a virada à esquerda portuguesa enquanto António Costa aplaudia o esforço grego quanto aos refugiados. Enquanto Tsipras acusava as políticas de austeridade de piorar a situação dos dois países, tentava também comprometer Portugal a assumir uma posição de aliado da Grécia contra a União Europeia, a qual situação António Costa reforçou que “é neste quadro que Portugal e a Grécia podem e devem trabalhar em conjunto, fazendo-o não numa lógica de confrontação com a União Europeia, mas numa lógica construtiva”. Ou seja, este encontro fica marcado pela tentativa de marcar uma posição grega à União Europeia, tentado afirmar Portugal como um país de esquerda aliado à Grécia na questão da luta contra a austeridade e às imposições de Norte, sempre com o primeiro-ministro português a esclarecer que, embora aliados, essa aliança era exclusiva de uma política de construção dentro das bases definidas pela União Europeia. No entanto, algo em que ambos os primeiros-ministros concordaram foi na questão do ressurgimento dos populismos e radicalismos pelos países da UE e na necessidade de criar medidas no espaço europeu que possam combater esses ressurgimentos, através do crescimento da economia e do fim das políticas de austeridade.
Deixando a linha anti-europeia, concentrar-me-ei na questão dos refugiados, tema muito debatido nesta visita à Grécia. O primeiro-ministro português foi convidado pelo homólogo grego a visitar um campo de refugiados, uma tentativa grega de mostrar o seu empenho em cuidar humanamente os refugiados que recebe em seu solo. Porém, depois de uma semana inundados com imagens das deportações de refugiados, seguindo o acordo entre a União Europeia e a Turquia, com manifestações contra esta decisão onde os manifestantes foram fortemente agredidos pela polícia grega, aliado ao facto de a polícia grega atingir refugiados, que se deslocavam pelas suas fronteiras, com gás lacrimogénio, é de desconfiar esta mostra de boa fé do governo grego em relação ao tratamento dado aos refugiados. E assim se confirmou, o campo de refugiados que António Costa visitou, o campo de Eleonas, é o único campo grego de refugiados que garante a mínima segurança a quem lá se encontra: está separado por zonas para famílias e zonas para homens solteiros, além de ter zonas de entretenimento e de atendimento médico, no entanto, este campo é um oásis dos campos de refugiados. A maioria dos campos de refugiados continua a não ter condições básicas para receber tantas pessoas vindas das rotas de refugiados, e, é nesta linha que o governo grego se deveria concentrar, invés de tentar agitar as hostes contra a União Europeia, conseguir chegar a uma resolução franca que permitisse organizar melhor esta calamidade, porque além de ser benéfico para estas pessoas que fogem de uma guerra sangrenta, seria benéfica para o povo grego que continua a sofrer num país consumido pela corrupção, pelo desemprego e pelas falsas promessas políticas de mudança.

Joana Bandeira dos Santos.

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