O
actual primeiro-ministro português, António Costa, está de visita à Grécia,
governada por Alexis Tsipras. Neste encontro, um dos temas fortes foi a relação
dos dois países com a chamada austeridade imposta pela União Europeia e a
questão dos refugiados.
No
encontro entre os dois primeiros-ministros a troca de elogios não faltou, sendo
que a Grécia aplaudia a virada à esquerda portuguesa enquanto António Costa
aplaudia o esforço grego quanto aos refugiados. Enquanto Tsipras acusava as
políticas de austeridade de piorar a situação dos dois países, tentava também
comprometer Portugal a assumir uma posição de aliado da Grécia contra a União
Europeia, a qual situação António Costa reforçou que “é neste quadro que
Portugal e a Grécia podem e devem trabalhar em conjunto, fazendo-o não numa
lógica de confrontação com a União Europeia, mas numa lógica construtiva”. Ou
seja, este encontro fica marcado pela tentativa de marcar uma posição grega à
União Europeia, tentado afirmar Portugal como um país de esquerda aliado à
Grécia na questão da luta contra a austeridade e às imposições de Norte, sempre
com o primeiro-ministro português a esclarecer que, embora aliados, essa
aliança era exclusiva de uma política de construção dentro das bases definidas
pela União Europeia. No entanto, algo em que ambos os primeiros-ministros
concordaram foi na questão do ressurgimento dos populismos e radicalismos pelos
países da UE e na necessidade de criar medidas no espaço europeu que possam
combater esses ressurgimentos, através do crescimento da economia e do fim das
políticas de austeridade.
Deixando
a linha anti-europeia, concentrar-me-ei na questão dos refugiados, tema muito
debatido nesta visita à Grécia. O primeiro-ministro português foi convidado
pelo homólogo grego a visitar um campo de refugiados, uma tentativa grega de
mostrar o seu empenho em cuidar humanamente os refugiados que recebe em seu
solo. Porém, depois de uma semana inundados com imagens das deportações de
refugiados, seguindo o acordo entre a União Europeia e a Turquia, com
manifestações contra esta decisão onde os manifestantes foram fortemente
agredidos pela polícia grega, aliado ao facto de a polícia grega atingir
refugiados, que se deslocavam pelas suas fronteiras, com gás lacrimogénio, é de
desconfiar esta mostra de boa fé do governo grego em relação ao tratamento dado
aos refugiados. E assim se confirmou, o campo de refugiados que António Costa
visitou, o campo de Eleonas, é o único campo grego de refugiados que garante a
mínima segurança a quem lá se encontra: está separado por zonas para famílias e
zonas para homens solteiros, além de ter zonas de entretenimento e de
atendimento médico, no entanto, este campo é um oásis dos campos de refugiados.
A maioria dos campos de refugiados continua a não ter condições básicas para
receber tantas pessoas vindas das rotas de refugiados, e, é nesta linha que o
governo grego se deveria concentrar, invés de tentar agitar as hostes contra a
União Europeia, conseguir chegar a uma resolução franca que permitisse
organizar melhor esta calamidade, porque além de ser benéfico para estas
pessoas que fogem de uma guerra sangrenta, seria benéfica para o povo grego que
continua a sofrer num país consumido pela corrupção, pelo desemprego e pelas
falsas promessas políticas de mudança.
Joana
Bandeira dos Santos.
Fontes:
http://observador.pt/2016/04/11/costa-tsipras-juntos-austeridade-cautelas-do-pm-portugues/
(Consultado a 11/04/2016)
http://observador.pt/2016/04/11/portugal-disponibilidade-imediata-acolher-1250-refugiados/
(Consultado a 11/04/2016)
http://pt.euronews.com/2016/04/08/crise-dos-refugiados-deportados-da-grecia-chegam-a-turquia/
(Consultado a 11/04/2016)
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