sábado, 30 de abril de 2016

O Acordo de Paris: um verdadeiro sucesso da diplomacia multilateral

        Quatro meses depois do acordo climático alcançado em Paris (COP21), na passada sexta-feira, os dirigentes de 171 países vão assinar o Acordo de Paris sobre o clima, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, anunciou na abertura da cerimónia o Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. No entanto, a sua entrada em vigor não é imediata.
            "Este é um momento histórico", afirmou Ban no início da cerimónia, que marca a maior assinatura conjunta de um tratado internacional num dia.
            "Hoje assinamos uma nova aliança com o futuro", disse.
            Realizada no Dia da Terra, a cerimónia realiza-se quatro meses depois da conclusão do acordo de Paris e marca o primeiro passo no processo de vinculação dos países às promessas que fizeram para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. É expectável que estejam representados na cerimónia de assinatura do Acordo de Paris para a Alterações climáticas 170 países e 60 chefes de Estado, escreve o The Guardian, numa demonstração poderosa sobre os esforços globais para proteger o planeta. Segundo a BBC, 155 países deverão assinar formalmente o documento. O Financial Times fala de mais de 165 assinantes. De fora estão os EUA e a China, que planeiam aderir este ano, mas que sozinhos representam 40% das emissões globais, escreve o jornal. Portugal, por exemplo, enviou o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes.
            O acordo entra em vigor quando for ratificado por pelo menos 55 países, responsáveis por pelo menos 55% das emissões globais de gases com efeito de estufa. Isto significa que, em alguns casos, o documento terá de ser votado nos parlamentos nacionais. A União Europeia não é excepção, com a implementação do documento dependente da sua ratificação pelos 28 Estados-membros.
            A data prevista para a entrada em vigor é 2020, mas diversos dirigentes manifestaram a intenção de ratificar o acordo rapidamente para que possa vigorar antes disso.
            O Presidente francês, François Hollande, dirigiu-se aos participantes para apelar para a rápida ratificação e destacou a responsabilidade da União Europeia (UE), afirmando que os Estados-membros devem "dar o exemplo" e ratificar o texto até ao final deste ano. O Vice-presidente da Comissão Europeia, Maroš Šefcovic, e o ministro holandês do Ambiente, Sharon Dijksma, vão assinar o acordo em representação da União Europeia. A declaração oficial estará a cargo do comissário para a Energia e Acção Climática Miguel Arias Cañete. O actor Leonardo di Caprio também deverá marcar presença no evento.
            A China e os Estados Unidos afirmaram que vão ratificá-lo em 2016 e instaram os outros países a fazê-lo em tempo útil, para que possa entrar em vigor em 2016 ou 2017.
            Portugal, disse o ministro à agência Lusa, vai iniciar rapidamente o processo de ratificação para que possa ser concretizado dentro de um ano. A ratificação é "um processo complexo que demora cerca de seis a nove meses e Portugal dará muito depressa início" aos procedimentos necessários para "garantir que no dia 23 de abril de 2017 está tudo em condições para que o acordo possa ser ratificado", disse João Matos Fernandes.
            Acordado por 195 países, o acordo de Paris prevê que se encetem esforços para limitar o aumento da temperatura abaixo dos 2ºC e incentiva os países a continuar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC relativamente à era pré-industrial. Neste âmbito, os países são convidados a apresentar novas metas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa a cada cinco anos. Está igualmente prevista a criação de um mecanismo de supervisão comum. Por fim, o acordo formaliza os parâmetros de financiamento aos países em desenvolvimento para auxiliar nos esforços para combater as alterações climáticas.
            Apesar destes compromissos, líderes e cientistas alertam para as suas previsões de cheias, secas e tempestades cada vez mais graves, bem como a subida do nível das águas do mar, que seria catastrófica para zonas costeiras onde vivem milhões de pessoas.
            E há urgência em agir, nota o The Guardian. O ano passado foi o mais quente desde, pelo menos, 1880. As altas temperaturas registadas nos primeiros três meses deste ano bateram recordes e confundiram a comunidade científica sobre o ritmo a que a temperatura no planeta está de facto a aumentar. No Árctico, por exemplo, quase não houve inverno este ano, com os níveis de derretimento do gelo a alarmar também os cientistas. 

Bernardo Gonçalves

Fontes:
- http://www.rtp.pt/noticias/mundo/acordo-de-paris-175-paises-unidos-numa-corrida-contra-o-tempo_n913427 (acedido a 26/04/2016);
- http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2016-04/acordo-de-paris-contra-alteracoes-climaticas-sera-assinado-hoje-em (acedido a 26/04/2016);

- http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/acordo-de-paris-um-desafio-coletivo-5137952.html (acedido a 26/04/2016).

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