quarta-feira, 13 de abril de 2016

Todos querem o paraíso mas só alguns podem

Paraíso: lugar onde permanecem as almas dos bem-aventurados. Lugar de recompensa das almas dos homens, após sua morte, em muitas religiões. Lugar de delícias, lugar onde as pessoas se sentem bem, em paz e sossego.” Tendo em conta a História, este paraíso só poderia ser alcançado por quem fizesse o bem neste mundo terreno e só depois da sua morte. No entanto, fartos de esperar os humanos decidiram criar o seu próprio paraíso. Foi assim que surgiram os paraísos fiscais. “Em termos simples, são sociedades em paraísos fiscais, países que decidiram atrair investimento através da atribuição de benefícios às empresas que queiram ter a sua sede nesses territórios.”
            Tal como o verdadeiro paraíso que distingue os bons dos maus, o paraíso fiscal distingue os ricos dos pobres. Considerando que o dinheiro que têm não é suficiente (ganância - pecado mortal que impede a entrada no “verdadeiro paraíso”), as pessoas mais ricas deste mundo depositam o seu dinheiro em paraísos fiscais com o intuito de pagar menos impostos sobre o seu dinheiro. Paraíso fiscal é assim “um estado nacional ou região autónoma onde a lei facilita a aplicação de capitais estrangeiros. São territórios marcados por grandes facilidades na atribuição de licenças para a abertura de empresas, além de os impostos serem baixos ou inexistentes”. Os paraísos fiscais são nada mais, nada menos que “uma técnica de marketing legítima, já que cada território soberano pode estabelecer os seus impostos”. O grande problema é que em muitos destes paraísos fiscais ocorrem “lavagens de dinheiro”, ou seja, transacções de dinheiro sem qualquer documento legal que as comprovem.
            O capitalismo provoca nas pessoas um grande sentimento de ganância e como consequência, estes paraísos fiscais tornam-se num verdadeiro inferno porque neles estão escondidas quantias de dinheiro que ninguém consegue calcular, porque por detrás deles estão escondidas pessoas bastantes influentes, como por exemplo primeiros-ministros. “Estas praças offshores têm mais que se lhe diga. Tem anonimato e regalias. Tem contas em nome de sociedades, detidas por outras sociedades, com ainda outras pessoas autorizadas a movimentar os saldos das contas, que assim nos fazem perder o rasto aos verdadeiros beneficiários.”
            De facto, os paraísos fiscais são legais apesar de muitos considerarem na mesma imoral. Isto porque quem cria empresas offshores está a retirar dinheiro do seu país, dinheiro que poderia permitir o desenvolvimento da economia, dinheiro que seria tributado como é tributado às pessoas que têm menos posses. No entanto, para além da sua legalidade, existe uma coisa que muitos conhecem como “lavagem de dinheiro”. Na verdade, a “lavagem de dinheiro” pode acontecer no mais pequeno dos casos. Por exemplo, uma pessoa compra-me uma máquina fotográfica, eu recebo o dinheiro dessa pessoa mas não existem nenhuns documentos legais que comprovem essa venda. Consequentemente, o dinheiro que eu recebi é considerado “dinheiro lavado”. A grande questão é que nas offshores as quantias de “dinheiro lavado” não se comparam de todo ao meu dinheiro da máquina fotográfica. Isto cria uma bolha onde estão protegidas quantias enormes de dinheiro e mais do que isso onde estão protegidas pessoas bastante influentes no mundo.        
            Vários são os países que são paraísos fiscais, como as Bahamas, Ilhas Caimão, Honduras, Bolívia, Emirados Árabes Unidos, no entanto o mais falado na actualidade é o Panamá devido ao escândalo dos “Panama Papers”.
            Os chamados “Panama Papers” provaram que aqueles que lutam contra a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro têm segredos financeiros. Os dados foram revelados a partir de 11 milhões de ficheiros das bases de dados de uma das maiores sociedades de advogados “offshore”, a Monssack Fonseca. O escândalo dos “Panama Papers” está a abalar o mundo político, o mundo artístico, o mundo desportivo e o mundo em geral, isto porque foram revelados nomes de pessoas bastante influentes no mundo que possuem contas offshore. Desde primeiros-ministros, a artistas ou a futebolistas ninguém escapou a este escândalo que é capa de jornais e notícia de abertura em vários canais de televisão.
            O assunto dos paraísos fiscais há muito que é falado e debatido mas parece que consegue permanecer no seu paraíso sem que nada aconteça. Mas neste momento a questão é outra, porque neste momento existem nomes demasiado importantes para que o assunto volte a ser esquecido pela sociedade. De facto, é preciso que se tome consciência deste paraíso na terra que inclui pessoas com bastantes posses financeiras, com muito poder e que vivem “num mundo” que a maior parte da sociedade desconhece por completo.

Beatriz Estêvão Silva

Fontes:
http://www.dicio.com.br/paraiso/ (consultado a 11/04/2016)


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