Panamá e Offshore, as duas palavras em voga
nestes últimos dias. O primeiro é um país situado na América Central, no
chamado istmo que liga a América do Norte e a América do Sul. É um país
conhecido pelo seu célebre canal que liga o Oceano Atlântico e o Oceano
Pacífico facilitando a navegação entre as costa este e oeste da América do
Norte, o canal representa ainda uma das principais fontes de riqueza do PIB
nacional.
O segundo, bem o segundo é
um termo em Inglês que surge como um verdadeiro escape para as grandes
empresas. Um offshore pode ser
definido como uma empresa, banco ou investimento que está sediado em outro
país, sem ser o país onde exerce funções ou desenvolve as suas actividades,
estando assim sujeito às políticas financeiras desse país. Alguns países, de
forma a garantirem investimentos estrangeiros decidiram aplicar políticas de
isenção fiscal, sigilo e privacidade nos negócios, liberdade cambial, tornando-se
verdadeiramente atractivos para certas empresas ou bancos. Estes países
receberam o nome de “paraísos fiscais”.
A imagem de paraíso é a
mesma que o ministério do turismo do Panamá procurou promover nos últimos anos.
Tirando proveito da sua posição geográfica, da riqueza do seu território e da
riqueza cultural que preserva, O turismo é uma das actividades mais impulsionadas
pelo governo do país. Existem mesmo medidas adoptadas por este para atrair os
reformados americanos, e europeus, entre estas medidas esta a flexibilização de
impostos e preços aos reformados que queiram se fixar no seu território. Segundo
o índice de globalização das Nações Unidas, o Panamá é hoje um dos países mais
internacionalizados da américa latina, tendo como língua oficial o espanhol,
mas toda a sua população utiliza o inglês fluentemente, e ainda adopta o dólar
como moeda corrente.
O turismo é acompanhado por
toda a actividade a volta do canal, que é uma das principais bases de
crescimento económico do país. O sector dos serviços do país é um dos mais
desenvolvidos, sendo a sua economia também beneficiada pela zona de livre
comércio de Colon, contudo o desenvolvimento da banca, mais precisamente de
inúmeras companhias offshore, também
tem contribuído para o crescimento e desenvolvimento do país. Em tudo o
contínuo desenvolvimento do país estaria garantido.
No entanto, em recentes
acontecimentos foi trazida à tona o que acontece a nível de evasão fiscal
dentro seu território. Os chamados Panamá
Papers, tem origem numa investigação jornalística, empreendida através da
maior fuga de informação da história de uma empresa radicalizada no Panamá, Mossack Fonseca. Apesar de ser uma
empresa de advogados pouco conhecida, é uma das maiores criadoras de empresas
de fachada, usadas para esconder a riqueza dos seus clientes. O leak de ficheiros da empresa revelou
inúmeras informações sobre contas offshore
em paraísos fiscais de nomes conhecidos por todo o mundo. Entre estes contamos
líderes mundiais, atletas, celebridades e bilionários. A empresa rapidamente
procurou esclarecer a fuga de informação, reclamando que esta se tratava de um
ataque cibernético aos seus servidores. E evidencia ainda que na sua
actividade, a empresa “nunca foi acusada
de cometer nenhum delito criminal.” Acrescenta ainda que apenas “ajuda os seus clientes a incorporar
empresas.” E isto não equivale a “estabelecer
uma relação de negócio ou dirigir de forma alguma as empresas formadas”, conclui
Carlos Sousa, o porta-voz da empresa
Mossack Fonseca.
A divulgação dos resultados
desta investigação traz ao debate a evasão fiscal, daqueles que conseguem pagar
a empresas como a Mossack Fonseca,
para esconder as suas riquezas em contas offshore,
espoliando assim as receitas fiscais dos seus próprios Estados. A discussão
refere o papel ilícito que estas empresas tem dentro do sistema financeiro
global, e evidencia ainda que os Estados, não tem tomado medidas
suficientemente para assegurar a transparência, e combater a corrupção das
elites financeiras.
Quanto ao Panamá, a muito
reconhecido como um paraíso, não só para fins turísticos, mas também para fins
fiscais recebe esta herança que o leva à boca do mundo. Contudo, e como afirma
o próprio Presidente da República do Panamá, Juan Carlos Varela, num artigo
publicado no New York Times: “São
injustamente chamados de “Panamá Papers” porque este grupo particular de
documentos provêm de uma empresa de advogados, com sede no Panamá. Mas o
problema de evasão fiscal, como muitos líderes mundiais indicaram, é global.” E
de forma a atenuar a imagem do próprio país enfatiza: “O Panamá não merece ser identificado por um problema que afecta o
mundo em diversos níveis.” Mais, assume que “Estamos dispostos a assumir a responsabilidade de corrigi-lo, em parte
porque a busca por uma maior transparência é a continuação de muitas reformas
que temos empreendido nos últimos anos.” O Presidente vai mais longe e
completa com “O mundo deve atacar este
problema colectivamente e com urgência. O Panamá esta preparado para liderar
este caminho.”
O Panamá terá de superar
esta investigação e dar cartas dentro da regulação financeira de forma a
conseguir sobreviver como o verdadeiro paraíso que tem vindo a construir nos
últimos anos. O Panamá terá de continuar a negar a caricata desambiguação ao
vocábulo “panamá” que compõe o seu nome, ou seja do chapéu de panamá, à muito
atribuído o sinónimo de corrupção política e escândalo financeiro.
Karen Ferreira
Fontes:
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/pm.html
[Visualizado em: 12/04/16]
http://www.investopedia.com/terms/o/offshore.asp
[Visualizado em: 12/04/16]
https://www.lonelyplanet.com/panama
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https://internationalliving.com/countries/panama/
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http://unctadstat.unctad.org/wds/ReportFolders/reportFolders.aspx
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http://web.archive.org/web/20070224151555/http://www.ipat.gob.pa/ipat/page.php
[Visualizado em: 12/04/16]
http://www.economist.com/blogs/economist-explains/2016/04/economist-explains-1?fsrc=scn/fb/te/bl/ed/whatarethepanamapapersandwhydotheymatter
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https://panamapapers.icij.org/20160403-mossack-fonseca-offshore-secrets.html
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http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/country_profiles/1229332.stm#facts
[Visualizado em: 17/04/16]
http://expresso.sapo.pt/internacional/2016-04-03-Fuga-de-informacao-gigante-revela-esquemas-de-crime-e-corrupcao-no-mundo-inteiro-1
[Visualizado em: 17/04/16]
https://www.presidencia.gob.pa/Noticias/No-culpen-a-Panama-La-evasion-fiscal-es-un-problema-global
[Visualizado em: 17/04/16]
Fonte imagem:
http://brasildiario.com/wp-content/uploads/2014/04/canal-do-panam.jpg
[Visualizado em: 17/04/16]
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