No
passado dia 16 de Abril, Federica Mogherini, a Alta Representante da União para
os Negócios Estrangeiros e para a Política de Segurança, e outros Comissários
Europeus iniciaram uma visita à República Islâmica do Irão, num contexto de
levantamento das sanções à economia Iraniana em Janeiro de 2016, após a Agência
Internacional para a Energia Atómica ter dado luz verde nas disposições
relativas ao Irão presentes no histórico Acordo Nuclear E3+3. Assim, a potência
regional que é o Irão, o mercado com mais de 70 milhões de consumidores e das
maiores reservas de petróleo e gás do mundo, está aberto à UE.
O
isolamento internacional do Irão (pelo menos, parcial, o era) terminou. E a UE
tem aqui uma grande oportunidade, em especial na área económica e na área de
política externa.
Na
área económica, a UE tem uma oportunidade muito grande: Em 2011 (numa altura em
que a UE já tinha sanções aplicadas ao Irão há alguns anos) as trocas
comerciais entre ambas as partes eram muito significativas. Hoje, o Irão tem
vários desequilíbrios na economia que tem de corrigir, como por exemplo, a
infraestrutura antiquada e decadente. Para isso, o Irão precisará de
competências técnicas que a UE pode oferecer, por exemplo, para a
infraestrutura da rede eléctrica. Além desses desequilíbrios, construtores
europeus de carros e aviões (apenas para dar o exemplo), podem aqui ter um
destino para a exportação uma vez que as frotas aéreas e rodoviárias Iranianas
estão muito velhas em necessitam de renovação: algumas construtoras europeias
de carros já anunciaram o seu regresso ao Irão e o Governo Iraniano anunciou a
compra de 114 aviões da Airbus e 40 da ATR (ambos fabricantes europeus) -
estima-se que o Irão vá gastar 50 mil milhões de dólares na compra de aviões –
é uma oportunidade que não se pode deixar passar. Além dos benefícios
económicos mais “óbvios”, há o da questão do petróleo e do gás. A UE tem todo o
interesse em importar mais gás e mais petróleo do Irão. E isto não é uma
questão apenas económica mas sim uma questão de geopolítica. Com o Irão, a UE
pode libertar-se da dependência energética que tem face à Rússia e que tantos
problemas já criou e que tantos condicionalismos ainda impõe. Isto é
extremamente importante.
Já
no campo da política externa, o Irão é crítico para que se possa resolver o
conflito na Síria, devido ao seu apoio incondicional a Bashar al-Assad, algo
que nem a Rússia dá (aliás, a Rússia e o Irão estão separados no que toca à
resolução da guerra na Síria, com a Rússia a preferir uma solução política e o
Irão a preferir uma solução militar que mantenha Assad no poder). E quem fala
na Síria, fala nos outros conflitos, como o do Iémene, em que a guerra por
procuração Arábia Saudita contra Irão se verifica. A UE pode aqui ter um papel
essencial na resolução desses conflitos, tal como o teve no Acordo E3+3.
Uma
nova etapa nas relações entre a União Europeia e o Irão começa a ganhar forma.
Ambas as partes têm muito a ganhar, seja no plano económico e externo como
vimos, seja noutros como o humanitário, o de desenvolvimento humano (aqui mais
o Irão) ou cultural. UE e Irão já tiveram boas relações até azedarem devido ao
nuclear. Com esse assunto resolvido, a UE consegue dizer “We’ll always have
Tehran”.
Gustavo
Gomes Nº 216302
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