A
política externa portuguesa apresenta como principais directrizes a sua vocação
universalista e humanista, baseada numa aposta forte no multilateralismo nas
relações internacionais. Esta estratégia passa também por valorizar a promoção
da língua portuguesa no mundo, assumindo relações privilegiadas bilaterais com
várias regiões do mundo, assentes na cooperação económica e social que
possibilite uma difusão de conhecimentos e culturas.
Esta
linha de acção tem sido bastante privilegiada nas relações de Portugal com
Angola, verificando-se um crescente incremento do comércio e encontros
diplomáticos nos últimos anos, sendo que, desde 2013 ao volume de trocas
comerciais entre os dois países atingiu os cinco mil milhões de euros, sendo de
referir que a maior fatia de exportações portuguesas incidiu no campo da
maquinaria e dos aparelhos industriais.
Assim,
podemos afirmar que surgem novas oportunidades de negócio para as empresas
portuguesas, particularmente no campo das infra-estruturas, tecnologias de
informação educação. No que toca ao último sector referido, e tendo em conta
que é uma das prerrogativas do governo português a definição das grandes linhas
orientadores e prioridades da política externa portuguesa, a aposta na
facilitação de transferências de capitais e de equipamentos tecnológicos,
aliada á situação de crise económica que se verifica em Angola que obriga o
país a uma reforma institucional profunda que facilite a instalação de
empresários portugueses, pode constituir um importante marco de afirmação dos
interesses portugueses na região.
Neste
sentido, a capacidade de reforçar a presença cultural portuguesa em Angola
poderá ser garantida com a formação de quadros angolanos nos mais diversos
sectores de actividade como a agricultura, o comércio ou a saúde, num país que
se confronta com enormes desafios que colocam sérios entraves ao seu progresso
económico e social, tais como a falta de mão-de-obra qualificada,
infra-estruturas tecnológicas degradadas, escassez de bens alimentares e fala
de condições para atrair economias externas.
No
que toca ao ensino da língua portuguesa nas escolas deste país, trata-se de
afirmar a cultura portuguesa e os seus respectivos valores na comunidade dos
PALOP, um objectivo central da nossa política externa.
Os
constrangimentos impostos pela participação de Portugal na EU, associados ao
cumprimento de regras económicas que decorrem da integração no Mercado Único
não prevêem quaisquer obstáculos à cooperação empresarial entre os dois país no
que diz respeito à diversificação das relações económicas e ao investimento
estrangeiro com o objectivo de recuperar os sectores produtivos Angolanos, o
que traria vantagens evidentes no que toca ao apoio da internacionalização da
economia portuguesa.
O
reforço dos laços de cooperação entre os dois países implica um esforço
colectivo que deve envolver todos os agentes sociais, como as universidades, as
empresas, os hospitais, institutos, as autarquias e outros órgãos da
administração pública. Desta forma, abre-se o caminho para a construção de uma
relação diplomática fraterna e douradora, que passa também pela promoção da
defesa da democracia e do respeito pelos direitos humanos com o recurso ao
reforço das instituições políticas que deve contar com o apoio de toda a
comunidade internacional, tendo em vista a reconstrução da estabilidade
política e social depois de um período conturbado do pós-guerra que se vive
desde o início do século e que conheceu uma das suas situações mais visíveis
com o recente caso de Luaty Beirão.
Chegou
o tempo de por termo á ingerência política que se tem verificado em alguns
momentos na política externa portuguesa, na qual os responsáveis políticos
tecem considerações sobre a forma como se deve organizar o poder político
angolano e também sobre o funcionamento da justiça neste país, o que só
contribui para manchar a imagem externa e a honra das nossas instituições e do
nosso país. Assim, os responsáveis diplomáticos deverão focar-se no que
realmente é importante, a construção de uma relação diplomática sólida e madura
entre as duas partes, que contribua para a afirmação da lusofonia e dos
interesses de Portugal na região e que esqueça definitivamente as querelas
ideológicas que estão por detrás de conspirações que apenas servem para
aumentar a crispação entre os responsáveis políticos de cada um dos países.
Tomás
Simão
Fontes:
http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/a-politica-externa-portuguesa-e-angola-3478880.html
http://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/1725/1/NeD64_RuiAlbertoVDRodriguesMingas.pdf
http://www.pmeportugal.pt/PME-NA-HORA/Conhecimento/Internacionaliza%C3%A7%C3%A3o/ANGOLA-%E2%80%93-Um-mercado-de-Oportunidades.aspx
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